O caminho que já havia feito tantas vezes, parecia tortuoso, e a rapidez com que meu coração batia, dificultava ainda mais o movimento. Eu me via em choque, como naqueles sonhos onde corremos e não saímos do lugar e o medo irracional ameaça explodir nosso peito. Mas aquilo não era um sonho e eu precisava correr. Precisava sair dali porque minha vida dependia daquilo. Precisava sair dali para que o pesadelo tivesse fim. Então foi o que eu fiz. Eu corri.
Subi as escadas com ajuda de Liam e fui levada para fora do celeiro também com sua ajuda.
A luz do dia queimava minha pele sutilmente e as folhas secas do chão quebravam-se a medida que nossos passos firmes batiam ao encontro delas.
Eu, assim como Liam, sabia que Louis não ficaria inconsciente para sempre e aquilo era o que mais me aterrorizava. O medo e a certeza de que ele ainda viria atrás de mim.
E então quanto as árvores a minha frente começaram a ficar maiores e percebi que me embrenharia mais uma vez no meio delas me vi em um dejavu.
Mais uma vez eu me via correndo por entre as árvores altas e verdes. Mais uma vez a brisa úmida batia contra meu rosto e a luz do sol incidia sobre minha visão. O ar rompia por meus pulmões e a única coisa que me fazia prosseguir era a mão forte de Liam que me puxava.
- Vamos, (s/n) - ele gritou sem fôlego e me forcei a correr mais.
A cada passo meu era como se algo me puxasse para trás e quando me senti sendo observada tive a certeza de que o moreno já não jazia mais inconsciente naquele comodo. Era evidente que Louis estava atras de nós e algo estranho tomava conta do meu peito. Um medo sem igual. Um medo desumano.
- Não vamos conseguir, Liam - disse finalmente, quando o pânico se apossou de todos os meus sentidos. Ele estava próximo.
- Você não será de mais ninguém se não for minha, (s/n) - a voz ecoou por toda floresta, fazendo com que eu congelasse.
Liam parou e tomou meu rosto entre suas mãos.
- Por favor, (s/n) - ele dizia, mas era como se sua voz viesse de outra dimensão - Precisamos sair daqui!
O ar parecia mais denso e pesado e a pressão que fazia em meus pulmões parecia ter aumentado. Senti Liam me puxando e me forçando a caminhar e obriguei minhas pernas a obedecerem, mas então, em meio ao silencio, um estouro paralisou minha realidade. A risada tão próxima a mim foi maligna e o grito que desejei emitir travou em minha garganta quando a dor da realidade se chocou contra mim.
Senti o aperto em minha mão ficando mais fraco e então desabei, assim como o corpo ao meu lado. O chão duro e coberto por folhas o acolheu no momento exato em que o brilho deixou seus olhos cor de mel. No momento exato em que sua respiração falhou e seu coração parou de bater.
Aquilo era real?
A falta de emoção com a qual seus olhos me encaravam nunca me deixaram mais angustiada quanto naquele momento e então eu gritei.
As lágrimas me cegaram e quando me lancei sobre seu corpo, que já jazia morno no chão duro, e sujei-me com o sangue que escorria por seu peito, me dei conta do que realmente aquilo significava.
Liam estava morto.
Em um momento corria ao meu lado, me dava forças para continuar e então em seguida caia morto ao meu lado, morto pelo tiro de Tomlinson.
O que saía por meus lábios não fazia sentido, mas eu pedia para que aquilo não fosse real. Eu implorava aos céus que nada daquilo fosse real. Eu implorava por mais uma chance. Implorava e chorava. Implorava e gritava. Implorava e era em vão.
O mundo parecia falho ao meu redor e até mesmo aquilo de mais consistente a que eu conseguia me agarrar ao momento ameaçava desabar.
Eu sabia que deveria correr, eu sabia que aquilo tudo era minha culpa e sabia que deveria fujir. Mas como eu poderia deixar Liam ali? Como eu poderia abandona-lo quando nem em seu pior devaneio ele havia cogitado tal ato?
Então as mãos pelas quais eu tanto temia, se chocaram contra meu corpo e me vi sendo arrastada para longe de Liam. Me vi sendo arrastada para longe daquele pelo qual antes eu prosseguia.
Me debati quando percebi o que se passava, mas então a dor realmente me tomou e deixei que me entorpecesse. Sentia meu corpo sendo arrastado para longe e sentia que minhas pernas moviam-se automaticamente enquanto o ser repugnante me guiava, mas nada podia fazer a respeito. Liam havia partido.
- Eu disse que seria apenas minhas, (s/n) - sussurrou por fim, arrepiando-me daquela forma perversa que somente Louis Tomlinson seria capaz - E agora nada vai nos separar, nada.
Eu era sua. Era sua como havia sido desde o primeiro momento em que nossos olhares se cruzaram. Eu era sua da mesma forma que um dia ele havia sido meu. Eu era sua e irrevogavelmente sua desde o dia em que jurara estar ao seu lado para sempre. Eu era sua e nada naquele momento faria com que o contrario se tornasse real.
- Sou sua - sussurrei por fim, o que um dia em uma lembrança remotamente feliz, havia gritado a plenos pulmões - Só sua.
FIM.