Abri meus olhos vagarosamente e olhei em volta, tentando identificar onde eu estava. Minha cabeça girou ao me sentar e pude perceber que estava em uma sala mal iluminada e umida onde havia uma cama qualquer com um colchão fino, na qual eu estava deitada, algumas correntes que pendiam do teto, outras presas no chão e uma porta pesada de ferro com apenas uma fechadura.
O desespero começava a tomar conta de mim enquanto eu me lembrava do que havia acontecido e imaginava como eu, provavelmente, havia chegado aquele lugar.
Louis.
Um arrepio frio percorreu minha espinha com o pensamento e estremeci. Onde eu estava?
Respirei fundo e me levantei, ainda com a cabeça girando, e caminhei até a porta. Toquei a mesma e dei leves batidinhas antes de finalmente tentar abri-la.
Trancada.
Eu estava trancada naquele lugar claustrofóbico e a cada segundo meu medo se intensificava. Eu precisava sair dali.
Olhei em volta e caminhei até a cama. Vasculhei todos os cantos daquela cubículo em que eu me encontrava, mas não consegui encontrar nada. Não havia janela e nem outra forma de sair dali, somente aquela porta trancada e que com certeza não se abriria tão facilmente.
Passei as mãos nos cabelos, sentindo que estava próxima de perder o controle, e então ouvi um barulho de chaves.
Me virei para a porta, de onde aquela barulho vinha, e esperei.
Minhas pernas e mãos tremiam, assim como meu interior que se revirava.
- Amorzinho? - ouvi a voz de Louis cantarolando e prendi a respiração.
Eu estava com medo.
Involuntariamente recuei alguns passos até ser barrada pela parede fria e cinzenta do pequeno quarto, onde esperei em silencio com o olhar fixo na maçaneta.
A porta foi aberta e Louis entrou com um sorriso glorioso no rosto enquanto mantinha os olhos fixos em mim.
- Vejo que a Bela Adormecida acordou - ele disse juntando as mãos como se fosse rezar e apenas esperei.
Ele bateu a porta atrás de si, com um chute, e caminhou confiante até mim.
O estrondo fez com que eu voltasse a respirar e agradeci por isso, pois já estava ficando tonta pelo ato involuntário de nervosismo.
- O gato comeu sua língua? - ele perguntou parando após dar uns passos.
- O que estou fazendo aqui? - perguntei tentando parecer confiante mas minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.
- O que está fazendo aqui? Bom, vejamos - ele respondeu alegre e notei como seus movimentos pareciam controlados quando ele começou a caminhar em círculos - Você está aqui para ser minha - ele disse simplesmente.
- Não vou ser sua - respondi sem conseguir me conter e ele riu, um riso psicótico e exagerado, antes de caminhar com passos firmes até mim.
- A escolha não é sua, (S/N) - ele disse entredentes enquanto segurava meu queixo com firmeza - Eu te quero e vou te ter! Ninguém mais vai tocar em você além de mim, ninguém mais vai poder chegar perto de você além de mim...
- Você está louco - respondi assustada e ele sorriu abertamente ao apertar ainda mais meu rosto.
- Você me deixou louco. Tudo se resume a você. Quem mandou me deixar e trocar por aqueles caras que não te merecem? Quem mandou não valorizar o amor que eu te dei?
- Você era insano e possessivo, Louis. Aquilo não era amor, era doença!
- Foda-se - ele sussurrou ainda sorrindo, fazendo com que eu ficasse com mais medo - Sou eu quem te ama e sou eu quem deve ficar com você pra sempre! Você me pertence e não estou disposto abrir mão disso.
- Me deixa ir embora - pedi e ele acariciou meu rosto.
- Nós nem começamos a brincar ainda e você já quer ir? Que feio, (S/N)! - fiquei em silencio apenas observando suas feições e então ele gargalhou fazendo com que um arrepio percorresse meu corpo - Você está com medo - ele afirmou como se aquele fato fosse a melhor coisa do mundo.
- Não - menti e ele negou com a cabeça.
- Eu sei que está e sei quando mente pra mim - ele disse - Você está com medo, (S/N)? - ele perguntou mais uma vez, pausadamente.
- Não - respondi tentando parecer confiante e ele rolou os olhos.
- Então vamos ver se te faço mudar de ideia - ele disse baixinho como se contasse um segredo e então me agarrou pelos cabelos e começou a me arrastar pelo quarto.
- Me solta!
- Cala a boca - ele exigiu puxando ainda mais e gritei de dor - Hm, vejo que fizemos algum progresso - aprovou e senti meus olhos se enchendo de lágrimas.
Eu não podia chorar agora e demonstrar minha fraqueza e meu medo. Eu seria forte, ou tentaria ser.
- Louis...
- Sim? - ele parou para me fitar e engoli em seco.
- Por favor, para com isso!
- Agora é tarde, meu amor. Eu tentei fazer o certo e ser bom, mas veja no que deu: você me chutou e me deixou. Então resolvi mudar - ele observou - Já ouviu aquele ditado que diz: "se não for por amor vai pela dor"?
- Por favor.
- Chega de se lamentar e implorar - ele disse voltando a me arrastar - Já tá ficando chato - ele parou e puxou meu rosto pra bem próximo ao seu enquanto mantinha uma expressão entediada. Ele era louco.
Meus olhos ficaram presos aos seus e só notei o que ele estava fazendo quando ouvi o barulho das correntes. Ele ia me prender naquele lugar.
- Me solta, Louis - gritei e comecei a me debater - Por favor, não faz isso! - pedi enquanto tentava me soltar, mas ele apenas continuou com o que estava fazendo.
Senti o ferro gelado envolvendo meus pulsos e então após um ultimo clique ele se afastou e me observou.
- Vamos ver por onde podemos começar - ele disse com um dedo no queixo e me debati ainda mais, porém meus braços, presos a cima da cabeça, dificultavam qualquer movimento.
Era desconfortável e dolorosa aquela posição na qual eu estava e saber que estava totalmente vulnerável a Louis não ajudava em nada.
- O que você vai fazer? - perguntei assustada e ele caminhou até mim.
- Tudo o que eu quiser - respondeu orgulhoso.
Suas mãos começaram explorar cada pedacinho do meu corpo sem nenhum pudor e a cada momento ele me apertava com mais força e vontade.
- Tira as mãos de mim - cuspi as palavras e ele me olhou com raiva - Eu tenho nojo de você!
Seus olhos queimavam em fúria e quando sua mão forte se chocou contra meu rosto fui incapaz de conter o choque. A dor pulsava por meu corpo e o medo estava quase a me sufocar.
Ele era aquele que dizia me amar! Quem machuca o ser amado?
Fui incapaz de conter as lágrimas grossas de escorrerem por meu rosto e quando o senti mais uma vez explorando meu corpo desejei com todas as forças morrer a ter que passar por aquilo.
- Você tem nojo de mim? - ele perguntou rasgando minha blusa - Você tem nojo do meu toque? - ele apertou meus seios e começou a distribuir mordidas e chupões pela região - Tem nojo? - ele perguntou puxando minha calça e chorei ainda mais.
- Por favor - implorei.
- Vou te fazer sentir nojo de verdade, (S/N) - ele disse abrindo meu sutiã - Vou te fazer sentir cada momento comigo - ele disse sombrio e senti minhas pernas fraquejando.
O Louis que eu amara estava morto e a minha frente apenas um monstro me tocava.
- Por favor...
- Se você não calar essa boca e parar com esse choro você vai se arrepender - ele disse fechando os olhos com força e me encolhi, na medida do possível.
Engoli em seco, sentindo o gosto de sangue e deixei que as lágrimas escorressem em silencio por meu rosto.
- Bem melhor - ele disse voltando a me fitar.
Seus olhos percorreram meu corpo nu de cima a baixo e o desejo que Louis sentia embrulhava meu estomago.
- Senti tanta falta disso - ele sussurrou voltando a me tocar.
Fechei meus olhos quando ele apertou meus seios novamente e quando suas mãos desceram por minha cintura, mas quando o senti puxando minha calcinha voltei a abri-los.
- Vai ser bom, amorzinho - ele disse próximo a mim e senti a temperatura do meu corpo caindo.
Travei minhas pernas e ele me olhou feio antes de puxá-la com força para baixo, me deixando dessa forma completamente exposta a sua frente.
Aquela cena era humilhante e desesperadora, mas nada se comparava ao olhar insano de Louis sobre mim.
- Você finalmente vai ser minha novamente - ele disse bem próximo a mim, de forma que nossos lábios se roçaram quando ele falou.
- Por favor - era só o que eu sabia dizer naquele momento.
Eu não conseguia pensar em mais nada, só no fato de que seria violentada por aquele que um dia já havia amado com todas as forças, por aquele que um dia havia sido meu primeiro, por aquele que um dia havia jurado me proteger de tudo...
Quando finalmente percebi que de nada adiantaria todas as minhas suplicas apenas prendi a respiração e fechei os olhos.
O ouvi desabotoando o cinto e apenas esperei, enquanto as lágrimas escorriam sem cessar por meus olhos.
Suas mãos tocaram novamente meu corpo e o senti roçando contra minha intimidade. As mesmas desceram até minhas coxas e com brutalidade ele abriu minhas pernas no mesmo minuto em que seus lábios tocaram meu pescoço.
Tentei fecha-las novamente, mas suas mãos fortes me impediam.
Então ele me penetrou.
Arfei devido a dor e enrijeci ainda mais meu corpo quando o ouvi gemendo satisfeito em meu ouvido.
Aquilo era o fim. A dor me anestesiava de todo o resto e os sons que ele emitia me quebravam.
Ele sentia prazer em me fazer sofrer, sentia prazer com minha dor. Seu amor não era verdadeiro, não poderia ser...
Tentei mudar o rumo dos meus pensamentos quando ele começou a se movimentar, mas nada e sentia a não ser a dor. Nada mudava o fato de que Louis, meu primeiro amor, agora estava me estuprando em um quarto mofado e pequeno, no qual ele me mantinha como refém.
Voltei a chorar de forma escandalosa e ele acelerou a intensidade e a velocidade de suas penetrações.
- Como esperei por isso - ele sussurrou entre gemidos enquanto suas mãos percorriam meu corpo todo - Só minha - ele murmurou mais uma vez e me apertou contra si.
A tortura se estendeu por tempo indeterminado e tudo o que eu fazia era chorar e implorar, pelo fim daquilo.
Senti que seu ápice estava próximo quando ele mordeu com força meu ombro, me fazendo gritar de dor. Seu corpo finalmente relaxou e senti o liquido quente me preenchendo e em seguida escorrendo por minhas pernas, quando ele saiu bruscamente de dentro de mim.
Cada parte minha doía e pedia por misericórdia, mas nada podia se comparar ao abalo emocional que me destruíra.
Senti Louis próximo a mim mais uma vez e quando o senti chupando com força meu lábio inferior abri os olhos.
Sua expressão era vitoriosa e seus olhos brilhavam mais do que nunca ao fitar os meus.
- Eu disse que seria bom - ele cantarolou e senti vontade de vomitar.
Ele se abaixou para erguer as calças e em seguida voltou a me encarar, antes de recuar alguns passos em direção a porta.
- Ah, e a propósito - ele disse após abrir a porta, ainda de costas - Isso foi só o começo.
Meu grito ficou travado em minha garganta e apenas o som da porta se batendo ecoou por todo o quarto escuro. Aquilo era só o começo...
Continua...