Minha cabeça doía e flashes pintavam minha visão de forma estranha. Tudo parecia embaralhado e os barulhos só pioravam a situação.
Onde eu estava?
A imagem de árvores em movimento, o cheiro de terra molhada e o céu azul se transformando em algo escuro era tudo o que me lembrava.
Mas era apenas o que eu precisava.
Eu estava com Louis.
Senti algo restringindo meus movimentos e fiz esforço para abrir meus olhos, na tentativa de me localizar. Porém aquilo foi completamente em vão já que o lugar estava totalmente escuro.
Respirei fundo, sentindo arrepios percorrendo meu corpo e ouvi um som que me fez ficar imóvel.
Alguém respirava pesadamente à minha frente.
Prendi a respiração e cerrei os olhos na tentativa de enxergar além da escuridão.
- Quem está ai? - murmurei após algum tempo e recebi um gemido em resposta.
Seria Louis?
Eu havia chegado tão perto de fugir daquele inferno. Tão perto...
- Quem é? - perguntei mais uma vez, sentindo minha voz embargada. Eu não podia chorar.
Então outro gemido se seguiu e a claridade repentina, da luz sendo acesa, me deixou momentaneamente cega.
Pisquei algumas vezes, na tentativa de me acostumar com a o excesso repentino de luz e então quando minha visão tornou-se nítida desejei não poder ver aquela cena.
Liam.
Senti meu coração se acelerando e um medo, que até aquele momento não havia sentido, se apossando de todo meu ser.
- Liam? - chamei com a voz entrecortada pelas lágrimas que não pude segurar.
O rapaz se moveu, ergueu a cabeça e então abriu lentamente os olhos.
- (s/n) - ele respondeu baixinho e então seus olhos se arregalaram e ele olhou em volta - Onde ele está?
Eu sabia de quem ele estava falando e tinha certeza de que ele estava ali.
- Como chegou aqui? - perguntei confusa, olhando em volta.
- Segui suas instruções - respondeu por fim e analisei a forma com a qual ele estava preso.
Seu corpo parecia machucado e de alguma forma sabia o que havia acontecido. A culpa era minha por Liam estar ali.
A expressão de dor em seu rosto, os machucados em seu corpo, o olhar assustado e ao mesmo tempo preocupado... Era minha culpa.
- Você veio sozinho? - perguntei e ele piscou pesadamente, antes de deixar uma mascara de arrependimento emoldurar suas feições.
- Sim - respondeu por fim e então voltou a me olhar - Mas vou te tirar daqui, (s/n). Eu prometo - disse firme e apenas chorei ainda mais.
- Ora, ora - a voz transbordando sarcasmo cantarolou, quando o som da porta se abrindo nos calou, fazendo com que todos os ossos do meu corpo gelassem - Que casalzinho mais lindo.
- Louis... - arrisquei e ele me olhou de forma dura.
- Ah, (s/n), você me enganou direitinho - disse indo direto ao ponto, enquanto caminhava até mim - Mas infelizmente, para você, e felizmente para mim - riu - Eu te peguei de volta.
- Tomlinson - Liam chamou com raiva e Louis se virou para encará-lo.
- Mas porquê você foi chamar esse babaca, (s/n)?! - ele perguntou com raiva, ignorando Liam e voltando-se para mim.
Suas mãos firmes apertaram meu rosto e não consegui impedir o gemido de dor que escapou por meus lábios.
- Solta ela - Liam gritou e Louis riu.
- Cala a boca, Payne - respondeu se divertindo e apenas fechei os olhos quando sua risada preencheu o ambiente - Você quis vir aqui e dar uma de herói e acabou se ferrando - riu mais uma vez, ainda segurando meu rosto - Que engraçado. Olha lá, (s/n), todo metido pensando que ia te salvar.
- Deixa ele ir embora - pedi e Louis negou ainda sorrindo.
- Mas já? - perguntou fingindo ofensa - Confesso que Liam não estava nos meus planos - acrescentou com a voz afetada - Mas agora que ele está aqui precisamos aproveitar - concluiu.
- Eu juro que te mato, Tomlinson - Liam esbravejou e Louis deu de ombros.
- Não faça promessas que não pode cumprir, Payne - piscou para mim e em seguida me soltou e caminhou até Liam.
Suas roupas estavam sujas e as calças rasgadas, o que indicava que provavelmente eles haviam brigado, mas que no final das contas Louis havia levado a melhor.
- Você é tão babaca, Liam - Louis disse com nojo - Pensa que não sei o quanto ficou feliz quando nós dois terminamos e teve seu caminho livre, não é? Mas veja só: acho que estou ganhando mais uma vez.
Suas palavras não faziam sentido, mas não fiz questão de protestar, já que o medo me impedia.
- Louis, por favor - chamei e ele se virou para me fitar - Deixe o Liam ir embora. É a mim que você quer, não é? Então deixa ele ir embora.
- Como se fosse fácil assim, (s/n) - Louis riu - Liam precisa saber que você é minha e só minha - ele disse sombrio e senti um arrepio percorrendo meu corpo.
Acompanhei os movimentos de Louis e me assustei quando o mesmo caminhou para trás de mim e em seguida colou nossos corpos.
- Está vendo, Liam?! - ele chamou, e a expressão de repulsa no rosto de Liam me deixou tonta - Só eu posso tocá-la assim - o moreno disse em meu ouvido quando suas mãos se posicionaram fortemente em minha cintura.
Seus dedos percorreram minha cintura e então adentraram minha blusa e começaram a traçar cada detalhe do meu corpo de forma possessiva e sem pudor. Sua mão atingiu meus seios e Liam arregalou os olhos.
- Você é nojento, Tomlinson - brandiu fora de si - Tire suas mãos imundas dela.
Louis riu e então o senti se aproximando ainda mais do meu corpo.
- Está vendo como ele fica quando eu te toco? - sussurrou e prendi a respiração - Você já a tocou assim, Liam? - perguntou e em seguida voltou a tocar meus seios por dentro da blusa - Você já a sentiu assim? - ele sussurrou e senti seus dedos brincando com meus mamilos.
Era impossível manter meus olhos abertos e fitar Liam. A humilhação e a dor de ser tratada daquela forma era repulsiva e sentir o toque de Louis daquela forma tão intima, e tão suja, me causava náuseas e uma vontade ainda maior de chorar.
- Por favor - pedi e ele depositou um beijo molhado em meu pescoço.
A sensação era terrível.
- Ora vamos, (s/n) - ele disse me soltado para caminhar até Liam - Vai me dizer que Liam fazia isso.
- Eu vou matar você - Liam brandiu fazendo com o que o outro risse.
- Você está preso e impotente, Liam, então só cala essa boca.
Louis caminhava de um lado para o outro e em nenhum momento deixava de me fitar. Seu olhar me hipnotizava, ao mesmo tempo que me assustava, mas era impossível não sustenta-lo. Apesar das lágrimas e do medo, era como se algo nos conectasse.
- Você gosta dela, não gosta? - ele disse de repente parando atrás de Liam - Olha bem pra ela - forçou a cabeça de Liam para que este me encarasse - Ela é linda, inteligente, gostosa - sussurrou lentamente a última palavra de forma maliciosa - Como você não gostaria? Pode admitir, eu deixo.
- Louis...
- Cala a boca, (s/n) - Louis disse impaciente - Seu amigo idiota está prestes a se declarar pra você - zombou - Vamos lá Liam. Gosta ou não gosta?
- (s/n) - Liam chamou e neguei com a cabeça.
Eu sabia que Liam não faria nada do que Louis pedisse, mas vê-lo me chamando daquela forma, tão vulnerável e assustado, apenas me fez derramar mais lágrimas. Seus olhos sem vida me fitavam e me senti pequena diante da situação. Era eu quem deveria sofrer. Era a mim que Louis queria e era somente a mim que sua insanidade deveria atingir.
Comprimi os lábios e fitei Liam em um pedido mudo de desculpas.
O silencio repentino que se instalou não durou mais do que poucos segundos.
- Não quer falar? - Louis perguntou de repente, aparentemente irritado - Tudo bem! - disse por fim caminhando apressado até mim.
Prendi a respiração quando ele parou a apenas alguns centímetros e involuntariamente me encolhi.
Seus olhos azuis faiscaram e o sorriso diabólico que emoldurou seu rosto foi tão rápido quanto o tapa certeiro que ele depositou em meu rosto.
- Não rela nela - Liam gritou quando o estalo ecoou pelo cômodo.
- A culpa é sua, Liam Payne - ele disse se virando lentamente para Liam e ouvi o sorriso em sua voz.
A ardência do tapa havia se espalhado por meu rosto e me surpreendi quando Louis se virou novamente para mim e depositou outro tapa no mesmo local.
O gosto férrico de sangue inundou minha boca e travei o maxilar quando senti que as lágrimas havia duplicado.
- Você é doente - Liam gritou a plenos pulmões, porém Louis apenas revirou os olhos.
- Por que você está fazendo isso, Louis? - perguntei baixinho - Por quê? Me deixe ir. Nos deixe ir! Por favor.
- Ah, (s/n), nós já não conversamos sobre isso? - perguntou como se falasse com uma criança burra.
- Me solta, por favor - pedi mais uma vez e Louis colocou o indicador sobre os lábios, enquanto falsamente analisava meu pedido.
- Você não tem merecido muito, mas... - deixou a frase no ar.