No espelho eu encarava as marcas que James tinha deixado em mim, depois de uma semana no hospital, eu ainda tinha hematomas e ferimentos que começavam a se fechar. Como eu pude amar aquele homem um dia?
Deixei o banheiro, vestindo finalmente roupas que me pertenciam e não aquela camisola imensa, que parecia me engolir.
Eu estava de alta e estava feliz por deixar o hospital, mas ao mesmo tempo me sentia preocupada também. Pra onde eu iria? James tinha destruído a mobília do meu apartamento e eu não tinha um emprego, meu agente só me mandou uma mensagem desejando melhoras e afirmando que infelizmente não teria nada pra mim tão cedo, já que eu tinha ficado com uma marca no rosto que provavelmente deixaria uma cicatriz, James havia cortado a minha bochecha com uma faca estragando de vez qualquer chance que eu ainda tivesse no mundo da moda. Eu já não era muito conhecida, mas sempre tinha trabalhos. Agora? O que seria de mim?
Talvez Savannah me conseguisse um emprego como Representante de vendas, ou como vendedora mesmo na sua loja. Eu só precisava garantir o pão e o dinheiro do aluguel.
Me sentei e calcei um par de Crocs que achei aos pés da cama. Eram horríveis, mas nossa como eram confortáveis! Encarei meus pés
- Quem me daria um par de Crocs? - indaguei rindo e ouvi alguém pigarrear as minhas costas, eu nem o tinha notado ali. - Foi você, Pamuk?
- Vai ver que isso é o melhor calçado para quem está convalescendo. - ele se aproximou. - Está pronta?
- É gostosa! - Eu ri e dei de ombros. - Pra onde nós vamos, Pamuk? - eu realmente não sabia o que seria de mim dali pra frente
- Savannah quer que fique com ela até seu apartamento ser liberado. Assim descansa e se alimenta corretamente. temos que lembrar que teve uma hemorragia interna, vai precisar de cuidados. - ele apanhou minha bolsa que estava sobre o sofá. - Vou pegar uma cadeira de rodas para você.
- Eu consigo andar! - protestei.
- Não vão te deixar sair andando Vai por mim. - ele deixou o quarto e voltou com uma cadeira de rodas. - Sta. Courtney! - ele mostrou a cadeira. - Sua carruagem!
- Ah nem vem! Eu vou sair daqui com as minhas pernas.
- Não vão deixar. As normas do hospital e te deixar na saída do hospital com toda a segurança.
- Eles vão ter de me amarrar nessa cadeira, pra me fazerem sair nela.
Baran respirou fundo e deixou a cadeira de lado apanhando novamente minha bolsa com minhas roupas e deixamos o quarto. As enfermeiras acenaram para ela e deixamos o hospital lentamente até o estacionamento. O carro estava a sua espera, abri a porta e a ajudei a entrar no carro.
- Viu? Eles não reclamaram!
- Porque é teimosa. - me sentei ao seu lado e os dois seguranças foram na frente e um deles dirigindo.
- Eu sempre fui teimosa!
- Sei... E fala demais também! - ele me olhou e sorriu. Um dos sorrisos difíceis de ver ele dar.
Dei de ombros e o encarei.
- Eu acho que você nem sempre foi esse senhor rabugento.
- É claro que não. eu sei até contar piadas.
- Hum! Acho difícil acreditar nisso! - o olhei de soslaio e ri.
- é... Você tem sorte por estar de folga hoje. E eu não sei contar piadas. - Ele riu e os rapazes também
- De folga? Eu sequer tenho um trabalho. - Baran me olhou se compadecendo de mim. - Com essa cicatriz daria uma ótima segurança! - brincou ele.
- E não se preocupe... Vamos te ensinar a se defender. Nunca mais um homem vai encostar a mão em você se não for permitido. - ele me olhou e vi em seus olhos o rancor e a determinação de me treinar. - Quero você na academia da mansão as 7h da manhã todos os dias. - ele estendeu a mão para mim para um aperto de mão. - Fechado?
-Fechado! - concordei. - Eu adoraria aprender a atirar.
- Com certeza! - concordou ele.
- Eu nem tive reação quando eu abri a porta e ele estava parado diante dela. Eu só pensei que ia morrer naquele dia
- Viveu momentos de terror. Mas isso acabou, Julie! Vamos te ajudar a ter uma nova vida daqui para frente. - ele fez menção de pegar em minha mão, mas acabou levando aos seus cabelos e voltou a ser o homem sério e profissional.
- Muito obrigada por tudo, Pamuk!
- Guarde esse agradecimento para daqui uma semana. tenho certeza que vai me odiar por um longo tempo quando começar os treinos. Não vou pegar leve.
- Eu não quero que pegue! - aquela foi uma frase bem sugestiva.
- Não vou. Prometo. - ele me encarou por um instante e desviou o olhar.
- Vai me ensinar o que? Box? Karatê? Kravmaga?
- KravMaga. É a melhor técnica para uma mulher. Agilidade, tiro...
- Você manda, professor Pamuk!
Ele riu e voltou a se calar no carro. Bocejei, sentindo meu porco um pouco pesado
- Acho que ainda estou meio dopada dos remédios.
- Vai se sentir assim por um período. depois passa.
- Acho que sim! - bocejei e me recostei a ele. Não importa que ele fosse retrucar. Eu estava com sono e seu ombro parecia confortável
Acho que peguei pesado no sono, pois só acordei com Baran me cutucando no banco
- O que é, Pamuk?- resmunguei
- Chegamos... - ele apontou para a casa. - Vamos descer e depois do almoço você pode descansar.
Bocejei e concordei, deixando o carro ao seu lado. Seguimos para dentro da casa e Savannah nos aguardava.
- Olá gata! - cumprimentei-a.
- Oi! - Savannah veio até mim e me abraçou. - É tão bom te ver de pé! Te ver bem!
- Superamos essa! - concordei
- Você vai ficar aqui com a gente, enquanto arrumam o seu apartamento.
- Como assim... Arrumam o meu apartamento?
- Nós vimos o que o James fez. Eu não sei como tamanha destruição não chamou a atenção de ninguém. Hazel mandou reformar...
- Mas, Savannah aquele apartamento é alugado.
- Eu sei! Agora você é minha inquilina, e não precisa mais se preocupar com aluguel, tá?
- Você sempre sendo o meu anjo.
- Você precisa de um anjo, é muito estabanada, sozinha!
Sorrimos e trocamos outro abraço
- Assim que você estiver reestabelecida, eu tenho um trabalho, aliás melhor... Um emprego pra você! Afinal, minha amiga você precisa comer... Ao menos até que surja algo na sua área.- sorri e concordei a abraçando outra vez. Agora eu via uma esperança!
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BARAN
RomanceBaran e Julie sofrem um acidente e os dois terão que superar suas diferenças e sobreviverem.