Capítulo 15

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Julie

Mil coisas passavam pela minha cabeça, e eu só me perguntava: Quando eu tinha me tornado tão repulsiva? Baran já tinha se desviado antes, dado amostras de que não ia rolar nada entre a gente. Mas, caramba! Éramos só nós dois, numa ilha desabitada, e eu tinha certeza de que aquela tensão sexual no ar não tinha partido só de mim.

Me deitei do meu lado na barraca, depois de vestir o meu casaco. Pelo menos eu não teria que dormir abraçada a ele se não quisesse morrer de frio. Apesar de que ainda estava frio,porque a temperatura estava baixando mais a medida que a noite caia.

Ouvi o som de um trovão e não demorou para Baran adentrar a barraca e se deitar quieto no seu lugar.

- Você conseguiu cobrir o fogo?- indaguei, eu queria não falar com ele, mas a nossa sobrevivência dependia de nos mantermos unidos

- Sim... - ele me olhou colocando o braço atrás da cabeça para dar apoio.

Outro trovão ecoou do lado de fora e a chuva começou a cair forte.

-Vai ser uma longa noite!- observei

- Vai sim. - ele se levantou rápido deixando a barraca e voltou com o linguado numa folha e o lagarto. - Vamos comer... Deve estar com fome.

- Eu até esqueci! - sorri amarelo e meu estômago roncou. Como eu podia ter esquecido que estava com fome.

Baran sorriu e estendeu o peixe para mim tirar uma lasca generosa.

Apanhei a cabeça do peixe e ele me encarou, estranhando, só dei de ombros e comecei a comer, devolvendo o peixe pra ele

- Quer um olho?- indaguei

- Não! obrigado. - ele riu achando graça e pegou uma lasca do peixe e comeu. - É um peixe muito saboroso.

-Sim!- me limitei a responder e cuidei pra não engasgar com as espinhas, enquanto comia.- Se continuar chovendo assim, eles não vão mandar uma equipe de busca tão cedo!

- Não... quando recebi o alerta era de furacão. Mas eu acho que já se transformou em tornado ou tempestade. Vamos aguardar

- É nossa única opção! - ele me passou mais uma lasca do peixe, depois que eu acabei a cabeça

- Ao menos temos um ao outro. - comentou ele.

Sorri lateralmente. Apesar de estar brava, ele tinha razão. Seria horrível passar por aquilo sozinha

- Quer deixar o lagarto para mais tarde? - ele mostrou a carne para mim.

- Eu acho melhor, estou satisfeita.

- Tudo bem. - Baran com cuidado embrulhou a carne do lagarto na folha de palmeira e o colocou num canto da barraca. - Quer água?

Dei de ombros e ele me entregou uma garrafa

Enquanto eu bebia ele observava meus movimentos e parecia curioso e envergonhado.

A água estava morninha e ajudou a diminuir o frio.

- Você quer dividir o casaco?- indaguei

- Seria bom, já que minhas roupas estão molhadas novamente. Acabei achando. Pendurei no abrigo para o fogo para ver se seca.

Sorri e tirei o casaco, era grosso e comprido.

- Como vamos fazer?

Deitamos e você troca calor comigo e nos cobrimos com o casaco...

- Isso! - concordei e ele me aninhou ao seu corpo grande. Era tão estranho me sentir tão segura com ele sob aquelas circunstâncias

Baran me abraçou depois de colocar o casaco sobre nós, beijou meus cabelos e disse baixo.

BARANOnde histórias criam vida. Descubra agora