Capítulo 7

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Baran

Voar era a minha paz, decolar com a minha aeronave me deixava mais perto do céu e de Deus. Deixei Nova York e fui para as montanhas de Mount Jo em um chalé de um amigo. Eu tinha o fim de semana para pescar, meditar e descansar.

Ao entrar no chalé e por minha mochila no chão percebi o celular tinha ficado na pick-up, respirei fundo para não me preocupar, pois Hazel sabia onde eu estava e tinha o n. do telefone do chalé, então eu iria curtir meu final de semana em paz. E assim foi. Curti minha pesca e voltei no domingo a noite com alguns peixes congelados.

 A um tempo eu aluguei um apartamento próximo ao de Julie, tinha uma localização muito boa e perto do aeroporto e da Tower Thierry.

Coloquei os peixes no congelador e fui dormir, pois no dia seguinte eu tinha que por Julie para treinar.

Deitei na cama e fiquei pensando nela. E estava ficando cada vez mais difícil em manter as aparências e indiferença perto dela. E o fim de semana me fez pensar que estava na hora de dizer a ela sobre meus sentimentos, assim eu descobriria se eu teria ou não chances. Apaguei a luz e dormi até a manhã seguinte.

As 6h da manhã estava plantado em frente ao seu apartamento, já me alongando e a esperando para a nossa corrida matinal. Ela abriu a porta e me encarou sisuda, estranhei, mas não disse nada.

- Bom dia, Coutney! - disse sério. - Pronta para nossa corrida?

-Bom dia Pamuk! - ela passou por mim, me fuzilando com o olhar e iniciando sua corrida

Respirei fundo olhando ela ir a minha frente e me perguntei o que tinha feito para ela estar tão brava e a segui numa corrida de 40 minutos. Desta vez ela não parou para beber água ou reclamar de alguma coisa.

- Meus parabéns! Você se superou hoje. - dei a toalha para ela secar o suor do rosto.

Desliguei o cronometro peguei o isotônico e lhe entreguei que o pegou num puxão.

- O que deu em você? - estranhei aquela atitude.

-Nada, Pamuk! Onde você se enfiou esse fim de semana?

- Nas montanhas. - a olhei de lado estranhando.

-Que bom que está bem!

- Aconteceu alguma coisa?

- Não! Vamos para o tatame!

Julie foi para o tatame colocando suas luvas e já dando os pulinhos para o aquecimento. Aquele comportamento era muito estranho e comecei a desconfiar que algo tinha acontecido.

Entrei no tatame colocando minhas luvas e nem cheguei a ficar em posição de combate e já levei um chupe no braço, quase perto da cabeça.

- Ei! Calma! eu não me preparei.

- Você está sempre pronto!- ela debochou

Voltei a ficar em posição de combate e ela passou a estudar meus movimentos, até achei graça e quando atacou me deu um soco no peito e outro no queixo.

- Epa! Tem que ser devagar, Courtney! - passei o polegar no canto da boca e ela me derrubou no chão e se levantou rapidamente dando seus pulinhos de aquecimento.

Fiquei no chão observando-a e não entendendo o que estava acontecendo, por que aquela raiva toda. Me levantei e vi alguns alunos cochichando.

- Vai me contar o que aconteceu para estar tão brava a ponto de tentar nocautear seu mestre?

-Só estou colocando em prática o que o mestre ensinou.

- Okay! - Voltamos a posição de combate e Julie veio para cima com uma série de socos e chutes.

E não tive como para-la e a derrubei no chão, imobilizando-a.

- O que está acontecendo com você? - perguntei assustado, sentindo seus golpes, olhando diretamente em seus olhos.

- Você não tem o mínimo de consideração!- ela estava quase chorando- Aquela vaca me ligou, e eu tentei ligar pra você. Saber se você estava bem! Eu achei que ela tinha ido atrás e você...mas você só estava curtindo o seu fim de semana.

Levantei rapidamente e ela se sentou no tatame.

- Hattei? - perguntei temeroso e me abaixei. - Desculpa! eu deixei meu celular no carro e quando percebi eu já estava no chalé. - acariciei seu rosto. - Não tem como ela por as mãos em mim, Julie! Eu fiz o pedido de ordem de restrição. Não vamos mais aturar esse comportamento, entendeu?

- Eu fiquei desesperada quando não consegui falar com você. Eu incomodei o Hazel, eu liguei doze vezes até ele atender... Eu teci os piores cenários na minha cabeça, achando que ela tinha pego todos vocês.- ela me deu um último soco no peito pra aliviar sua raiva- Isso não se faz!

- Concordo. Não vai mais acontecer. - Me levante e dei a mão para ela se levantar. - E para me desculpar... Vou te levar para jantar...

- Atrapalho! - Escutamos uma voz caipira e olhamos em direção. - Oi, Julie!

- Boris! - ela sorriu, encarando o homem a sua frente. - Como me achou aqui?

- Eu... Liguei para sua casa e a moça que faz a limpeza me disse que estava aqui. Espero não estar atrapalhando.

- Não está... Já acabamos. - Me afastei de Julie e fui para o banho.

- Pamuk! - o chamei, mas não soube o que dizer. - Ainda bem que não foi nada!- completei

Apenas acenei para ela e entrei no banheiro masculino.

BARANOnde histórias criam vida. Descubra agora