Giovanna
Seguro a mão dele no caminho até minha casa. Não conseguia parar de falar sobre o show, sobre a experiência. Fico olhando nossas fotos com carinho, selfies tremidas, vídeos com nossas vozes desafinadas. Apoio minha cabeça no ombro dele. Ele beija o topo de minha cabeça.
— Gostou? — ele pergunta pela milésima vez.
Olho para ela e sorrio.
— Muito. — o beijo porque estou completamente viciada no gosto dele.
Nele.
Nem uma semana e eu já estava assim.
Chegamos na porta da minha casa, ele me olha com cuidado. Sei que ele espera uma resposta minha, algo que o deixe confortável.
Pego um dinheiro na pochete e entrego para o taxista.
— Obrigada, moço. — seguro Alexandre pela mão e o puxo para fora.
Ele me segue calado como um bom menino, acho que também por medo de me fazer mudar de ideia. No elevador apertado, Alexandre sorri, eu retribuo sem controle, mas já alerto.
— Só quero que você conheça minha casa.
— Para quem queria ir devagar... está com pressa de viver.
A afirmação dele me pega de surpresa. Acho que ainda sob efeito do show, me pego querendo viver tudo com ele. Bons momentos, maus momentos, misturar minhas memórias com as dele, fazer uma grande salada disso que somos.
— Belchior tem uma música assim. — eu falo quando a porta do elevador se abre.
— Coração Selvagem, 77.
Abro minha vida pra Alexandre entrar. Meu apartamento é sagrado, é um refúgio, e eu espero que ele entenda que deixar ele aqui é um sinal de que confio nele.
Porque, por Deus, eu era refém desse homem há dois anos...
Fecho a porta e vejo ele olhar tudo. Minha sala, meus quadros, meus álbuns e discos. Ele veria como sou eclética indo do básico Folklore de Taylor ao próprio complexo Coração Selvagem de Belchior.
— Sua casa é linda. — ele fala finalmente.
— Eu reformei recentemente.
— Ficou ótimo, lindo mesmo.
Nos olhamos por um tempo, eu sei o que nós dois queremos, mas de repente o medo de estragar tudo com uma transa toma conta de mim. Existia mais no sexo do que só sexo, e estávamos tão envolvidos que jamais seria uma coisa simples.
— Vou pedir uma pizza para nós, quer vinho?
— Aceito, o que você tem de bom?
Sorrio quando chego perto dos pequenos espaços de vinho que tinha na minha casa. Retiro um com certa vergonha. Tinha escutado Alexandre falar sobre esse vinho antes de uma reunião de equipe no passado. Ninguém nunca tinha gostado de tomar ele comigo, por ter um sabor único, intenso. Entrego a garrafa para ele.
— Não acredito! Você tem esse vinho?
— Ouvi você falar dele um dia, fiquei curiosa.
Ele me olhou com carinho e tremi.
— Ninguém nunca gostou desse vinho.
— Gostei de primeira, mas concordo que é único mesmo.
Alexandre se aproximou de mim, colocando o vinho na bancada. Segura minha cintura, me aproxima dele, seu cheiro me invade deliciosamente.