VI

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Alexandre

Eu não era infiel. Nunca pensei em trair nenhuma das mulheres com que estive. Trair Mariana então? A mulher que eu tinha escolhido para passar o resto da minha vida? Nunca, nunca, nunca.

Mas aqui na frente de Giovanna, depois de passar a última hora olhando a interação dela com outro homem, um sentimento primitivo tomou conta de mim, uma necessidade de tirar ela de perto de Lucas.

Que direito eu tinha? Estava agindo como um incrível babaca.

Mas não podia evitar, algo em Giovanna me chamava.

Acariciei o rosto macio, meus dedos tocando o cabelo de sua nuca.

— Tão linda, Giovanna. Não deveria estar com ele.

Minha voz nos hipnotizava. Nos envolvia. Ela me olhava, cruzando entre os olhos e a boca e por Deus como eu queria que ela me beijasse agora. Acho que a culpa seria menor se ela fosse a que tomasse o primeiro passo.

Mas Giovanna não me beijou, porque ela é a melhor entre nós dois.

Ela espalmou as mãos em meu peito, me empurrando. Olhou para mim com raiva.

— O que pensa que está fazendo? Quem você acha que eu sou? — vociferou contra mim. — Só porque é rico acha que pode ter tudo, ultrapassando dos limites, eu devia te denunciar!

— Você me entendeu mal!

— Entendi! Um homem praticamente casado dando em cima da funcionária em local público porque nada iria acontecer com você, já comigo!

— Para, não foi assim! Você sabe a reputação do Lucas dentro da empresa? Ele provavelmente já transou com o terceiro andar inteiro!

— E o que isso importa? E se for exatamente o que eu quero? Ser apenas mais uma na lista?

Me aproximei dela novamente, mas não a toquei. Meu olhar sobre ela era o suficiente.

— Você não é dessas. Eu conheço você. — falei com vontade de provar meu ponto.

De provar ela.

— Me conhece? Não sabia que eu existia até o projeto da sua noiva.

— Está enganada, Giovanna. — apoiei meus braços na pia, prendendo-a ali. — Eu sempre olhei você, sempre. Eu conheço você.

— Está sendo um babaca. — ela rebateu. — Volte para sua noiva e me deixe em paz.

Senti ela me empurrando, se afastando de mim de volta para um homem solteiro e amigável que a esperava com um sorriso gentil. Senti o peito apertar, mas não podia fazer nada.

E não devia fazer nada. Eu era noivo.

Merda.

Giovanna

O resto jantar foi tenso para mim. O clima com Lucas esfriou e menti falando que uma enxaqueca estava por vir e por isso deveríamos terminar de comer e ir embora. Ele não viu Alexandre, ficados demais em mim para prestar atenção em qualquer outra coisa. Meu chefe foi embora poucos minutos depois do desastre no banheiro.

Estávamos a centímetros de um grande desastre que nenhum de nós entendia da onde vinha. Eu não sei de onde ele tirou aquelas palavras, aquele certo ciúme, e eu muito menos sei para onde foi meu autocontrole.

Estar perto de Alexandre era realmente perigoso.

Lucas me deixou em casa com uma caixa de remédio. Preocupado como sempre, ele fez questão de me deixar abastecida. Por que eu não conheci Lucas antes dele? Seria tudo tão mais fácil.

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