XVIII

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Alexandre

25 dias.

Virando 26.

Os médicos não sabiam o que havia de errado, porque ela não acordava, o que acontecia com seu cérebro que não parecia sair desse estado de sonolência. Os exames estavam normais, sem sangramento, pressão intracraniana adequada.

Ela só estava dormindo.

Arrumo o cabelo dela de novo, ajeito a coberta.

— Jacó trabalhou sete anos por Raquel, sua mãe me disse... eu trabalharia mil anos para ter você de volta.

Vejo um espasmo na perna dela. Me afasto para avaliar como um todo. Os médicos tinham dito que poderiam haver alguns espasmos, mas fui percebendo que ela estava tendo mais vezes.

— Giovanna? — chamo calmamente. — Me escuta?

Seguro sua mão e espero.

— Aperta minha mão... — paro e penso. — Estou ficando louco, achando que é filme... você daria risada.

Giovanna

Minha cabeça dói, meus olhos estão secos, eu sinto isso e não consigo abrir. Tento mexer algum músculo, mas estou mole, como se não tivesse força alguma. Minha garganta está doendo também.

Escuto uma voz que não reconheço.

Eu estou em um hospital, eu sei disso pelos barulhos que me cercam. Alertas, alarmes, batimentos.

Eu sei que bati o carro.

Mas a minha cabeça dói e eu não consigo pensar em mais nada, nem lembrar de mais nada.

Sinto uma mão na minha, dessa voz que eu não conheço, e sinto que nem consigo entender o que ele fala.

— Giovanna? — ele me chama.

Tento abrir os olhos de novo, sinto a claridade invadir. Percebo a agitação do homem, não entendo. Ele chama alguém quando percebe meu esforço por acordar. Logo escuto outras vozes, pessoas mexendo ao meu redor. Por que não vieram antes? Estou há tempos tentando me mexer, tentando acordar.

Quando abro os olhos, doloridos, confirmo minhas hipóteses. Realmente hospital, realmente cheia de monitor ao meu redor. Tento mexer minha mão esquerda e não sinto a mesma coisa que a direita. Como se um lado meu tivesse quebrado.

Logo o rosto de um homem aparece em meu campo de visão. Ele tem lágrimas no olhar, certo desespero da voz.

— Eu não acredito! Ela está acordando, não está?

— Senhor Nero, saia para que possamos examinar com cuidado.

— Sair? Mas ela está bem?

Logo meus olhos eram voltados para o médico, que jogou luz em minhas pupilas, me fazendo fechar o olho rapidamente.

— Ela está respondendo, chama a equipe da neuro, Cecília.

O homem volta para o meu lado, toca minha mão de novo. Eu o olho confusa.

Eu não faço ideia de quem ele seja.

— Senhor Nero, o senhor precisa sair agora, quando terminamos, falamos com a família. — o médico fala novamente e ele é afastado de mim.

Eu não sei quem ele é, e de repente me pergunto se eu sou eu mesma. Continuo olhando para onde ele saiu, mas o médico volta a me chamar.

— Giovanna, consegue falar?

Eu tento soltar alguma coisa, mas não sai, o que sai parece um som gutural, sinto sede.

— Pode ser no seu tempo, mas consegue me compreender, não é?

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