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    Lee Felix

  Ao ver aquela foto, lembrei-me do que aquele monstro me fez a mim e à minha mãe, não só o que fez, mas também o que disse. Porque é que a foto estava aqui?!!

  Quando a minha mãe disse ao meu pai que estava grávida, o meu pai ficou bastante chateado. Começou a dizer que não tinha vida para isso e que queria viver a vida sem preocupações. A minha mãe, irritada, disse que não ia abortar, pois eu era um ser humano, e tinha sido feito para viver. O meu pai ficou ainda mais chateado e saiu de casa. A minha mãe chorou imenso nesse dia. Ficou desiludida pelo facto do meu pai ir embora e por não querer ter um filho, o seu filho.

  Passou-se uma semana, e o meu pai voltou. Disse que tinha pensado nas coisas que a minha mãe tinha dito, e que estava pronto para ter um filho. Ela ficou muito orgulhosa, mas tudo o que o meu pai dissera não passava de uma mentira.

  Quando nasci, a minha mãe ensinou-me a andar, a falar, as coisas que um bebé aprende. Enquanto isso, o meu pai ia trabalhar, e quando voltava, agia como se eu não existisse. Antes isso do que a violência.

  Eu fui para o primeiro ano e a minha mãe também começou a trabalhar, mas trabalhava à noite, para ter sempre alguém em casa a cuidar de mim.

  Quando saía da escola, a minha mãe ia me buscar e deixava-me em casa, com o meu pai, para ir trabalhar. Sempre que chegava a casa, o meu pai estava sentado no sofá, a fumar e a ler o jornal. Mas quando acabava de ler, eu já sabia o que vinha ai. Ele começava-me a bater com o sinto das calças e a dizer que eu deveria morrer, pois ninguém gostava de mim. Ele batia-me sempre em sítios que garantiam que a minha mãe não visse, como nas pernas e no tronco, para ela não desconfiar de nada.

  Numa manhã, enquanto me vestia, a minha mãe obrigou-me a usar uns calções. Eu bem insisti para não os usar, chorei, chorei e chorei, mas ela disse-me que ia estar muito calor, então tinha de os usar. Nesse dia, ela viu todas as nódoas negras e todos os arranhões. Ela perguntou-me o que era aquilo, e eu disse-lhe que tinha caído das escadas. A minha mãe não acreditou e foi perguntar ao meu pai o que se tinha passado. Ele nem respondeu. Olhou para mim com uma raiva e deu um murro na minha mãe. A partir desse dia, começou a bater em mim e na minha mãe todos os dias. A minha mãe bem queria sair dali, mas o salário dela não chegava para pagar a renda de uma casa.

  Passados 8 anos, a minha mãe suicidou-se, por conta da violência doméstica. E em consequência, o meu pai começou a bater-me a dobrar. Sem ela, ficou ainda mais difícil suportar a dor e o sofrimento, mas ao menos ela já não tinha de sofrer.

  Antes de sair de casa, o meu pai trancava a porta para garantir que eu não fugia, mas todas as noites eu ia verificar se estava aberta. E numa noite, 4 anos depois da minha mãe morrer, a porta estava aberta. Fiquei parado, estático, podia ser livre, nem conseguia acreditar. Peguei numa mochila do meu pai, esvaziei-a, pus lá as minhas coisas, e fugi de casa.

  Como o trabalho do meu pai era perto ele ia a pé, então peguei nas chaves do carro e fui para uma discoteca beber, beber e beber. Sinceramente não sei porque escolhi a discoteca, talvez para esquecer ou talvez para me divertir novamente, só sei que foi uma boa escolha, pois foi onde encontrei Hwang Hyunjin, a minha salvação.

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(Palavras: 667)

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