CAPÍTULO 5 - O PONTO DE ÔNIBUS

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Os dias se passaram e em cada momento James descobria um poder diferente. Ele podia se esticar para ver os passarinhos nas árvores, podia eliminar uma barata com um raio verde que saía das suas mãos, podia pular para o telhado da casa se escondendo de Bob e o mais louco é que ele sabia que outras descobertas ainda estavam por vir.

Brincar agora era uma sessão de novas aventuras.

Certo dia, James estava a caminho do shopping para contar as novidades para Fu, quando passou por um ponto de ônibus e viu um menino de cabelos ruivos.

O menino usava uma blusa de malha azul-marinho, era gordinho, baixinho, aparentava não mais que 12 anos e usava óculos escuros mesmo num dia nublado e sem sol. James achou aquilo curioso e resolveu se aproximar, esquecendo assim do seu objetivo de visitar seu amigo chinês.

- Olá! Gosto mais dos dias ensolarados, pena que hoje está meio nublado, né? - Cutucou James.

- Não sei ao certo, mas percebo que não está tão calor quanto de costume nos dias de sol forte. Essa brisa que está passando por aqui me remete a um dia mais cinzento mesmo. Qual seu nome?

- Eu me chamo James, e você?

- Muito prazer, James. Eu sou o Rony - O garoto de cabelos ruivos estendeu a mão para James, mas na direção errada.

Só aí James percebeu o que estava rolando. Rony era cego!!! Que mancada!!

Os dois papearam o resto da tarde. James às vezes se empolgava tanto que se esticava todo e alcançava o teto do ponto de ônibus, mas Rony nem percebia. Descobriram que tinham várias coisas em comum e riram muito quando James repetiu a história do cachorrinho na caixa de presente com laços vermelhos e gorro de papai Noel. Bob era muito levado e James sabia que Rony iria adorar conhecê-lo.

De cara viraram amigos, mas James não estava acostumado a lidar com pessoas com deficiência, então ficou preocupado em não dar mancadas, não queria magoar seu novo amigo sem querer.

Até que o tema esportes apareceu e James contou dos seus últimos feitos nas aulas de educação física. Afinal de contas agarrar um gol de Guga frente de toda a turma não acontecia todos os dias, mesmo que pra isso ele tenha precisado se esticar uns 5 metros. Se bem que esse detalhe ele achou melhor omitir de Rony.

Rony era apaixonado por judô. Mas como lutar judô sendo cego? James estava curioso, mas achou melhor não perguntar. O medo de magoar o amigo era real. Acontece que Rony não era bobo, ele sabia que James não entenderia ao certo como aquilo era possível e resolveu convidá-lo para assistir uma de suas aulas.

Então no dia seguinte eles se encontraram no mesmo local e foram para a academia de lutas que Rony frequentava. Lá ele pode ver como Rony era realmente bom naquilo.

James ficou encantado. Rony não era só bom no judô, ele era uma pessoa generosa, ajudava as crianças menores, respeitava o seu professor e tratava a todos com muita educação. E ele fazia isso tudo mesmo sendo cego!! Rony era certamente uma pessoa de bom coração, mesmo não dando pra ver isso nos seus olhos.

Óculos Mágicos - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora