no calor da chuva

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Esse capítulo contém cenas +18

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A noite, definitivamente, foi um evento a mais no “Cantinho Gaúcho”. Quando os que iriam embora finalmente se despediram, os que ficaram decidiram mudar de local, indo do barracão para a sala de dentro da casa do gaúcho. E durante boa parte do tempo, eles passaram zoando São Paulo e Rio de Janeiro no cavalo, devido ao vídeo que Paraná compartilhou; bebendo e jogando truco. Em especial, Bahia, Rio de Janeiro, Amazonas e Ceará estavam entretidos com as cartas. 

Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul estavam próximos dos outros, conversando entre si. Ou melhor, ouvindo e rindo das provocações do paulista para com o paranaense. Eram provocações infantis e bestas, porém que demonstravam a felicidade de São Paulo com o recente relacionamento de Paraná e Rio Grande do Sul. Fazia tempo que o sudestino apoiava os dois – secretamente –, antes mesmo de saber sobre a paixonite do paranaense.

Agora que isso tinha se tornando realidade, expressava o apoio por meio de brincadeirinhas. Em especial sobre a declaração pública do gaúcho.

Mas Paraná estava feliz, muito feliz, por Rio Grande do Sul ter anunciado. Ser assumido assim o deixou sem palavras e ainda parecia inacreditável que o gaúcho tivesse orgulho de estar consigo. Não tinha vergonha, nem necessidade de esconder, ele simplesmente foi e disse na frente de seus colegas por pura e espontânea vontade. Talvez o loiro não soubesse, mas significava muito para o paranaense.

Então, as provocações de São Paulo só o faziam rir com carinho.

— Truco! — de repente, Rio de Janeiro berrou. Era um grito que eles já tinham se acostumado com o decorrer da partida, todos os quatro jogadores tinham gritado pelo menos duas vezes.

— Seis!! — respondeu Ceará, sorrindo de forma desafiadora para o carioca.

— Nove!! — Rio de Janeiro aumentou o número, empolgando-se e levantando da cadeira. Ceará repetiu a ação, inclinando-se na direção do carioca.

— Doze, porra! — o cearense bateu a mão na mesa. Ceará e Rio de Janeiro se encararam profundamente, até o carioca jogar as cartas na mesa, com os ombros caídos em derrota. Amazonas, Bahia e Ceará gritaram, animados. Rio de Janeiro começou a xingar alto e rir, um pouco além do volume normal. Não seria um problema se Mato Grosso do Sul não estivesse bem próximo ao carioca.

— Vá gritar na orelha da tua vó, ô desgraça! — reclamou o de cabelo comprido, mostrando os dentes para o loiro.

— Vai chupar o mineiro e ocupa tua boca!

— Arriégua, de graça assim? Eu não deixava — o cearense começou a rir, incitando os dois.

— Como é?!

Antes que Mato Grosso do Sul pudesse levantar, um braço o puxou para trás com força. Em um segundo, ele estava sentado no sofá e com sua cabeça deitada nas coxas de Minas Gerais, que segurava sua cabeça para que ele não levantasse de jeito nenhum. Os mais próximos dos dois conseguiram ouvir Minas Gerais sussurrando “deixa ele Matin, presta atenção em mim” e o outro respondendo, envergonhado, “tô prestando faz tempo”.

— Rio, égua, vai fazer o combinado!! — Bahia exclamou, apontando para São Paulo. Eles tinham decidido que toda vez que alguém fugisse, teria que beijar alguém na sala. Porém, eles não poderiam fugir de propósito só para isso.

— Com prazer! — o carioca imediatamente parou de tentar arrumar confusão com o sul-mato-grossense e virou para São Paulo. O paulista suspirou e cruzou os braços, aceitando seu destino.

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