gostar, querer, amar

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Esse capítulo contém cenas +18 explícitas

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Aconteceu que os dois adormeceram no sofá depois de prepararam uma refeição leve juntos. Apesar da chuva caindo, não estava frio e eles sequer precisaram de cobertas, afinal tinham o calor do corpo um do outro. Dormiram sem perceber o horário, fechando os olhos gradativamente, enquanto sentiam-se mutuamente. Foi um sono sem sonhos, para ambos, mas aconchegante e mais revigorante do que nunca.

Pela manhã, perto das dez horas, Paraná acordou com o som de seu telefone tocando. Ele abriu os olhos e tentou se mexer, mas foi impedido pelos braços do gaúcho ao seu redor. Ele piscou algumas vezes, tendo visão de Rio Grande do Sul adormecido em seu peito, a bochecha colada com seu peitoral e uma expressão serena. Seu sono parecia pacífico, como se o gaúcho estivesse nas nuvens, sem um único traço sequer no medo que sentira antes.

Isso encheu o peito do moreno de carinho e satisfação. Não queria nunca mais ver o loiro naquele estado ou, pior, do jeito que estava quando contou-lhe sobre suas questões com raiva, relacionamentos passados e o desgraçado do pai dele. Foi tão ruim, como se estivesse apertando diretamente seu coração, fazendo seu interior borbulhar de ódio. Quando fez com que o gaúcho ficasse em seus braços, foi incrível poder cuidar dele, ser terno e vê-lo se acalmar pouco a pouco.

Agora, ele estava tão tranquilo em seu peito que se mover para pegar o celular não parecia valer a pena. Mas o toque o estava irritando, então, cuidadosamente, ele esticou o braço para pegar o aparelho deixado na mesinha à frente do sofá. O gaúcho não se mexeu, apenas suspirou e esfregou a bochecha contra Paraná.

“Parece um golden retriever preguiçoso…” pensou.

Hm, alô? — disse ao atender sem olhar quem ligava.

— Nainho, bom dia! — a voz animada do mineiro veio do outro lado da linhas, fazendo o paranaense sorrir largamente. Ouvir o mineiro logo de manhã sempre o deixava feliz, se fosse São Paulo ele ficaria radiante também, mas seria mais divertido negar isso ao paulista, que era tão orgulhoso quanto o próprio paranaense nessas questões.

— Minas, bom dia — Paraná respondeu com um bocejo, esfregando os olhos. — Tudo bem? — sua outra mão deslizou para os cabelos loiros do gaúcho, iniciando um cafuné lento. Seus dedos pegavam as madeixas loiras, enrolando e soltando, depois afagando ternamente.

— Claro, sô!  Ocê tá bem? — Paraná murmurou um “sim” em resposta. — Liguei porque tô aqui na frente com o Matin — o mineiro explicou, fazendo os olhos do sulista se arregalaram por um instante. Ele tinha esquecido que os dois vinham.

Ah, sim! — o moreno sentiu as bochechas um pouco quentes. Não seria bom ser pego pelos colegas em sua situação atual. Ele nunca gostou de demonstrar esse tipo de intimidade na frente dos outros, o beijo que deu em Rio Grande do Sul no churrasco foi uma exceção porque estava emocionado. — Eu já vou, acabei de acordar…

— Quer que eu passe um café procês? — Minas Gerais riu baixinho e Paraná conseguiu ver ele colocando a mão na frente da boca, uma pequena mania que tinha com esse tipo de risada terna. — A noite foi boa?

A pergunta soou inocente, mas fez o rosto do sulista esquentar ainda mais. As imagens do que aconteceu no dia anterior, no provador, vieram como uma bomba. Ele precisou parar o carinho nos cabelos de Rio Grande do Sul para não acabar puxando os fios. Sua boca secou e ele ficou em silêncio por alguns segundos, não ouvindo nem a respiração do mineiro do outro lado da linha.

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