A Primeira Tarefa

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Novembro chega e eu só sei que o tempo está correndo como um leopardo. Tudo o que eu fiz no último mês foi estudar muito e aguentar toda a desgraça do que Nita fez contra mim. Eu não olho mais na cara dela e ela está namorando o Kirk, aquela safada.

Mon tem vindo estudar comigo. Passamos horas e horas estudando. Aprendi a conviver com ela e até gosto que ela fique perto de mim. Às vezes, eu me pego olhando para ela e fico pensando que seria legal conhecer ela melhor. Saber se há alguém além da veela. Sabe? Saber se ela já sentiu algo por alguém. Como foi... Essas coisas...
Estou monitorando o corredor do sétimo andar, pois sou monitora chefe e tenho que fazer meus afazeres. Tenho que ser responsável. Ser bonita e responsável. Os dois eu sou!
Vou passando pelo corredor escuro, sem fazer barulho nenhum. Até que escuto uns barulhos estranhos. É baixinho, mas eu escuto bem.
- Gemm prai min, váidia! - A voz masculina fala e eu arregalo os olhos, enquanto a menina faz uns sons bem...
Eu paro em frente à porta e penso o que eu devo fazer... Eu sou monitora chefe e devo agir como as normas. Tenho que ser responsável. Que Deus me ajude a suportar ver a cena que eu vou ver.
Abro a porta com tudo e aponto a luz da varinha para os dois. Ela está com as mãos na lousa virada de costas pra ele e ele está montado nela como um leão no cio. É Nita e Kirk.
- Se vistam, o lugar de vocês é com o Filch. - Sou fria como gelo.
- Sam, você foi minha namorada. Não dá pra você deixar passar? - Nita corre até mim ainda pelada.
- Vai se vestir, garota! Tenha modos! - Eu viro as costas e espero eles do lado de fora da sala.
Eu fico só pensando na visão do inferno que acabei de ter. Penso se eles não quiseram ser encontrados de propósito, pois tem o abafiato pra não ouvir fora da sala. Eles queriam ser ouvidos e encontrados. Aposto que pra toda escola saber o que eles fizeram e eu ser humilhada mais uma vez. E vai ser isso o que vai acontecer. Ainda mais que fui eu que encontrei os dois.
Levo os dois para o Filch e vou cuidar das minhas coisas. Subo para o quarto e me preparo para dormir. Mon já está dormindo. Deito com todo o cuidado e fecho os olhos.
- Está satisfeita? Ganhei uma detenção de um mês que o professor Flitwick me passou por libertinagem. E ele retirou cem pontos da Corvinal. Você não aguenta me ver feliz com outra pessoa e já quer me destruir? - Nita grita comigo e eu me levanto assustada.
- O que está acontecendo? - Jim olha pra Nita irritada, enquanto as outras meninas olham a cena assustadas.
- Sam me pegou namorando com o Kirk e levou a gente pra detenção. - Nita se faz de vítima.
- Depois do que você fez com ela, eu, no lugar dela, teria até feito pior. Vai deitar e sossega esse cu. A gente tem que dormir. Amanhã é a primeira tarefa. Sam nem deveria estar acordada. Boa noite. - Jim fecha as cortinas e todas fazemos o mesmo.
- Boa sorrti, amanhã. - Mon fala bem perto de mim e eu sinto vontade de beijar ela.
- Boa sorte. - Eu sorrio e nos viramos uma pra cada lado.

=/=

A

cordo cedo e McGonagall está me esperando junto com Flitwick na sala da diretoria. Tem os quadros de todos os diretores. Todos eles parecem estar dormindo. Eu me sento na cadeira e sinto o medo percorrer pelo meu corpo.
- Samanun, você está aqui nessa sala porque a primeira tarefa vai começar em meia hora. Vamos te dar as instruções do que você deverá fazer. Qualquer sinal de perigo de morte, não tenha medo de pedir ajuda. É só fazer as faíscas com a varinha. Não sinta medo, mesmo, de pedir ajuda. Entendeu? - McGonagall me olha muito séria.
- Sim, senhora. - Eu concordo com a cabeça.
- Muito bem. Você vai esperar do lado de dentro da barraca. Vamos chamar um por um. Vamos fazer um sorteio da ordem que os campeões vão entrar na arena. Tudo bem? Então, vamos lá. - Ela sai andando, enquanto Flitwick e eu vamos atrás.
Entramos em uma tenda não muito grande e estão todos os campeões. Kirk me olha com raiva e Mon parece estar muito concentrada. Eles passam com um saquinho com o número pra sortear quem vai primeiro e eu vou por último.
Espero os dois irem e quando escuto a minha vez, me levanto e respiro fundo. Eu estudei bem. Sei todas as possibilidades. Posso me dar bem. Eu posso vencer isso aqui com facilidade. Sou inteligente e capaz. Eu sou mais eu!
Entro na arena e não é uma arena, é um labirinto. Consigo notar bem. Entro no labirinto e começo a andar pelo corredor. O que eu sei sobre labirintos? Eu estudei sobre isso na cultura grega. O minotauro vivia no labirinto e, para não se perder, Teseu foi e usou o novelo de lã. Eu posso fazer isso... Usar o meu novelo de lã que é o feitiço que marca os lugares.
- Aquam marcam. - Vou apontando para alguns pontos onde passo e deixo uma marcação no lugar.
Continuo andando. Minha vontade era a de abrir um buraco nessa cerca viva e e ir reto até o outro lado, mas isso seria roubo. Eu seria desclassificada. E eu não quero trazer desonra pra Hogwarts. Quero sair dando alegria para o meu povo.
Estou andando quando escuto uma voz melodiosa cantando muito belamente. Paro na hora e começo a flutuar. É como se eu começasse a sonhar. De repente, vejo Mon andando em minha direção. Está tão linda vestindo um vestido vermelho da cor de sangue. Ela está vindo até mim e eu estou travada, estática. É a visão mais linda que tive na vida.
- Você me quer? - Ela me olha com seus olhos enormes e sorri.
- Sim. - Eu só penso em como quero beijar ela.
- Venha até mim. Você vai ter tudo o que eu vou poder te dar. Você vai ter até além. Venha aqui, vem? Eu gosto de você e você gosta de mim, bela menina. - A voz melodiosa começa a cantar a minha música favorita em inglês, a Give Me Your Forever.
- Estou indo... - Eu começo a ir até ela.
- Vamos nos beijar de novo como nos beijamos no campo de quadribol. - Ela sorri muito para mim.
- Nunca nos beijamos ali. - Eu travo a dois metros dela e percebo como ela está falsa, nada parecida com a Mon que eu conheço. - Você não é a Mon.
- Claro que sou! Venha aqui pra ver! - Ela sorri ainda mais.
- Nao é! - Eu levanto a varinha.
- Então, eu vou te matar! Ninguém recusa o meu amor! - Ela aparece atrás de mim e crava algo nas minhas costas abaixo das costelas.
- Ai! - Eu grito de dor.
- Você vai virar meu lanche. - A falsa Mon sorri e lambe os lábios. - Nada como carne fresca. Só vou esperar você sangrar até a morte.
Eu preciso pensar em algo. Eu estudei sobre isso. Devo ter estudado. Preciso pensar logo e conseguir chegar até a saída desse lugar. Pensa, Sam! Pensa! Fecho os olhos com força e ouço os passos da falsa Mon.
- Eu vou te dar para minhas filhas comerem. Você vai ser só mais uma janta fácil, menina. O seu sangue está escorrendo. - Ela sorri pra mim e eu continuo pensando.
- Já descobri, você é uma veela! Eu sei como derrotar você, sua mocreia horrorosa! Você é muito feia! O ser mais feio que eu já vi na vida. E eu vou matar você. - Eu me levanto com raiva. - Só uma veela pode me seduzir e não é você!
- Como ousa? - A voz dela se modifica e ela se transforma toda em um ser com bico enorme e asas.
- Encarcerous. - Eu aponto a varinha pra ela e ela desvia o feitiço.
- Eu vou te queimar, sua maldita! - Ela grita e começa a jogar bolas de fogo em cima de mim.
- Protego! - Eu grito e pulo para o lado quando a bola vem mesmo assim. - Que droga!
- Não adianta fugir, sua idiota! Eu vou te achar e vou te queimar inteira. - Ela começa a gargalhar.
- Encarcerous. - Tento amarrar ela, mais uma vez, em cordas, mas ela desvia o feitiço.
- Que tolinha, achando que vai se livrar de mim. - Ela gargalha mais alto ainda.
- Encarcerous! - Tento mais uma vez e falho de novo.
- Já me cansei de você. Vou te matar logo pra acabar com isso. Preciso de carne humana pra me rejuvenescer. - Ela prepara uma bola enorme para jogar em mim e eu percebo que ela não está focada em mim, só está focada na bola.
- Encarcerous! - Falo baixinho pra ela não ouvir.
- Ah! - Ela grita muito alto quando as cordas circundam ela por todos os lados e ela cai como um porco amarrado.
- Você não se parece em nada com a Mon. - Olho pra veela com desprezo, vendo que ela é loira dos olhos azuis, enquanto a Mon é morena dos olhos castanhos.
Saio andando com a coisa que ela cravou nas minhas costas. Choro de dor pedindo para que não haja mais nenhuma prova pra eu passar. Estou muito ferida. Só preciso ver a Madame Pomfrey. Deitar naquela enfermaria e descansar até amanhã.
Vou demarcando os lugares e pedindo aos ceus para descobrir onde é a saída. É quando eu noto que o céu vai me ajudar. A entrada do labirinto fica a oeste. Portanto, a saída ficará para leste. Olho pra onde estou indo e noto que estou indo para o Sul. Volto um pouco e passo pela outra saída.
Vou andando pelos caminho, olhando sempre o céu para ter a certeza. Já estou me sentindo muito tonta, muito cansada e muito desgastada. Acho que não vou aguentar mais.
Vou apoiando na cerca viva. Quase dobro meu joelho de tanta dor e tanto cansado. Eu preciso de ajuda. Fecho os olhos e vejo minha avó.
- Sam, eu te criei pra você se ser forte. A minha neta não é uma perdedora e não desiste nunca. Se levante e busque a taça. Você pode tudo. - Ela fala comigo e eu desperto do nada.
- Não vou te decepcionar, vó. - Murmuro pra mim mesma.
Continuo andando pelas paredes do labirinto. Até que dou de cara com uma mulher zumbi de cor verde. Ela tem os cabelos pretos e uma cara de quem quer matar qualquer pessoa que aparecer na frente dela. Eu sei quem ela é. É uma banshee. Essa vai me dar trabalho se começar a gritar e eu não estiver com os ouvidos protegidos. Vou conjurar um tapa ouvidos que o professor Neville usa quando estudamos mandrágoras. Sei onde ficam, então é fácil conjurar. Vai me ajudar bastante.
Preparo minha varinha e a zumbi vem para cima de mim. Vejo ela abrir a boca enorme e parecer gritar. O tampão faz efeito e o grito não me atinge. Se atingisse, eu estaria morta. Minha cabeça explodiria.
- Petrificus totalus. - Eu aponto a varinha pra cabeça dela e ela é atingida de primeira.
Fico espantada de ver que atingi ela de primeira, pois ela é muito forte e eu estou muito fraca. Passo por ela, ainda com o tampão no ouvido. Ela parece gritar mais uma vez. Se eu tivesse retirado o tampão estaria morta. Vou deixar ele na cabeça caso apareçam outras criaturas estranhas. Pois apareceu uma que seduzia com cantos e outra que matava gritando.
Eu saio andando pra achar a saída, pois preciso sair daqui. Preciso sair logo daqui, mesmo! Não vou aguentar, nem por minha avó.
Saio marcando os lugares e vejo onde já passei. Vou andando em círculos e pensando que vou morrer aqui sem pedir ajuda, pois sou orgulhosa demais pra isso. Está muito difícil.
Até que encontro uma saída nova. Está para onde eu deveria ir desde o princípio. Saio do labirinto e pulo para fora. Caio no chão e fico. Não ouço nada. Não vejo ninguém. Só fecho o olhos e deixo o sono me levar. Dizem que não podemos dormir, mas se eu morrer agora estarei bem. Completei a tarefa e vou ser um orgulho pra minha avó e para a nação.
- Samm, mon amour! - Escuto a voz de Mon bem longe, enquanto sinto braços me pegarem.
Fecho os olhos e só sinto a paz. Se eu morri, estou no céu. Ouvi a Mon me chamar de meu amor. Vou morrer feliz acreditando que ela me ama realmente.

Treacherous (REPOSTAGEM)Onde histórias criam vida. Descubra agora