Meu acaso - Thiago Silva

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PIETRA

— Achei que não viesse trabalhar hoje.

As primeiras palavras que o Thiago disse ao me ver no quarto dos meninos foram essas.

Hoje é sexta-feira, amanhã de manhã viajo pro Brasil para aproveitar o dia das mães com a minha, vai ser bom pra esfriar a cabeça.

— Tenho obrigações a cumprir. — cruzo minhas pernas e continuo dobrando os uniformes dos menino e os separando.

— Pietra... — disse encostando a porta atrás de si.

— Thiago eu já deixei claro que não quero conversar. — o interrompo seguido de um longo suspiro — E quero que você respeite isso.

— Eu não consigo, desculpa. — se sentou na cama e pegou na minha mão. — Não consigo ficar de boa sabendo que você está assim, não quero te ver triste com raiva de mim. Pietra eu sei que eu errei mas eu juro por tudo que é mais sagrado que não te trai.

— Eu não quero ouvir suas explicações, devo te lembrar que durante meu horário de serviço você é meu chefe e eu sou sua funcionária? — tento me afastar do seu toque mas ele segura firme em minhas mãos. — Thiago por favor..

— Thiago o caralho. — se aproximou colocando minha mão no peito dele. — Olha como eu fico quando tô perto de tu. — pude sentir as batidas aceleradas do seu coração.  — Eu já fui muito sem caráter eu me frustrava por não ter felicidade e acabava buscando felicidade momentânea fora de casa, porém eu mudei. Eu caí na real e me arrependo muito disso, mas você não pode estar magoada comigo por algo que eu fiz no passado, se você for viver das coisas que eu fiz não tem sentido ficarmos juntos.

— Quer terminar? — pergunto sarcástica.

— Eu não falei isso.

— Mas é oque está me parecendo. — me levanto da cama me afastando dele. — Viu ela, lembrou dos velhos tempos e agora quer me deixar, é isso? — me altero.

— Você está se ouvindo? — apontou para o ouvido. — Caralho parece que você só escuta oque você quer! — esbravejou.

Parei alguns segundos raciocinando, em partes ele estava certo. Eu não podia julga-lo por algo que ele fez quando eu nem sonhava em conhecê-lo, mas isso acabou entrando na minha mente de uma certa forma.

Thiago se aproximou de mim apreensivo e me envolveu em um abraço, eu não retribui mas deixei as lágrimas rolarem. Ele fungou o nariz algumas vezes e eu deduzi que ele também estava chorando.

— Os cara da balada me liberou a câmera de segurança, sem corte e nem nada, e nela da pra ver que não rolou nada entre a gente e que eu apenas fui chamar o Uber para ela. — engulo seco. — Só preciso que você me desbloqueie que eu te mando pra você ver.

— Não quero ver nada.. — murmuro e ele se afasta de mim, sorri fraco e sai do quarto me deixando sozinha novamente.

Limpo meu rosto com a mão e guardo a roupas dos meninos. Me pego pensando que talvez não seja para eu e o Thiago ficarmos juntos, parece que sempre tem algo para atrapalhar a nossa paz. Eu tento ser compreensível e estou me tratando pra isso mas tem certas coisas que conseguem me atingir e muito.

Nunca imaginei que eu pudesse ser tão insegura na questão de relacionamento, deve ser por isso que sempre fui uma mulher mais focada nas conquistas profissionais e pessoais.

Me assustei ao sentir uma mão rodear a minha cintura e alisar minha barriga, me surpreendi ainda mais quando vi que se trava do Iago.

— Oque foi? — pergunto sem entender. Ele estava de olhos fechados e com um sorriso no rosto. — Iago? — cutuco ele que abre os olhos e se afasta de mim.