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PIETRA

Eu não queria ser mãe, e nem quero.

Isso estava fora de cogitação, não sei como seria a reação do Thiago se eu fosse 100% sincera com ele sobre oque eu real estou sentindo.

Ainda mais nesse momento tão frágil do nosso relacionamento.

A primeira pessoa que eu contei sobre a gravidez foi a minha mãe, eu nunca a vi tão feliz e me culpei por não ter sentido a mesma felicidade que ela.

"Você não pode se cobrar por algo que não está no seu controle, Pietra"

Essas foram as palavras que minha terapeuta dirigiu a mim após eu choramingar para ela durante 40m seguidos sem parar. E eu não vou mentir para mim mesma, por 1 segundo passou pela minha cabeça sobre aborto e eu tenho liberdade para decidir isso, mas com certeza não teria coragem e me culparia pra caralho... eu só... não sei se estou pronta pra ser mãe, eu nunca me vi nesse papel sabe?

Mas por outro lado eu me pego pensando no sonho do Iago e se passa pela minha cabeça alguns questionamentos. E for uma menininha? Com certeza seria a menina do papai e dos irmãos, teria três homens super ciumentos dentro de casa com a pequena.

E se vier menino? seria o xodó da mesma forma, os macacões, bodys e chupetas personalizados com a marca do clube, com certeza o Iago e o Isago ensinariam altinha ao bebê assim que saíssem da minha barriga.

Eu tenho certeza que independentes sexo seria muito amado por eles, mas e eu?

Será que eu conseguiria ter um amor materno? Eu teria aquela conexão de mãe e filho enquanto estivesse amamentando? As perguntas rodeiam minha cabeça oque acaba me deixando ansiosa e preocupada com tudo em relação a esse bebê.

— Pietra? — a mão do Thiago para na minha perna, que se mexia sem parar, e eu saio dos meus pensamentos e olho para ele. — Tá tudo bem?

Hoje completa 5 dias exatos em que descobrimos o bebê, desde então eu estou super na minha e com toda certeza do mundo o Thiago percebeu isso e por nossa relação não estar as melhores ele evitou conversar comigo por esses dias também.

Thiago me chamou pra vermos um filme enquanto os meninos estavam no treino, eu não tinha nada pra fazer então aceitei, mas toda vez que minha mente fica "vazia" os pensamentos de preocupação invadem minha cabeça.

— T-ta.. — gaguejo.

— Não parece. — ele para o filme, que eu já não estava prestando atenção há alguns minutos, e cruza as perna virando o corpo para mim. — Eu quero que você seja sincera comigo. — suspirou. — Tá tudo bem mesmo sobre a gravidez? — perguntou. — Porque olha, desde que descobrimos você está na sua, eu respeitei sua decisão de não falar nada com os meninos por agora mas eles já perceberam que tem algo de errado com a gente só pelo jeito que estamos. — engulo seco. — Eu já vi você comendo as unhas, coisa que você não faz, a perna mexe sem parar e vi você arrancando uns 50 fios de cabelo seu de tanto que tá enrolando ele no dedo.Eu quero que você seja sinceiro comigo, eu te amo e te quero bem!

Encarei seus olhos castanhos aguardando a minha resposta enquanto eu procurava coragem para dizer tudo e tirar o peso das minhas costas.

— Não... — murmuro e me sinto aliviada por tal ato. — Eu não quero ser mãe Thiago. — choramingo. — E-eu não sei eu estou preparada, não sei se serei uma boa mãe se vou ter o extinto materno, não sei cara! — passo as costas da mão em meu rosto limpando as lágrimas que começaram a descer.

— Vem aqui. — ele se aproximou de mim com os braços abertos e me envolve em um abraço apertado. — Eu não quero te forçar a nada, ouviu bem? — disse. — Se você não quiser o bebê eu vou entender perfeitamente. — a voz dele saiu embargada. — Eu não queria que você interrompesse a gravidez mas também não tenho que opinar sobre algo que não está no meu local de fala. — engulo o choro.

— Eu já disse que não vou tirar. — me afasto dele e fungo o nariz. — Eu só não estou pronta, entende?

— Entendo amor. — falou. — Eu lembro como eu fiquei quando descobri a gravidez do Isago. — me ajeito no sofá interessada. — Eu tinha quase a sua idade e cara, eu achei que seria um péssimo pai sabe? Eu não tive o meu tão presente na minha vida, na verdade eu até tive mas a atenção que eu tinha era dicas de futebol, sacou? — dou risada. — E mesmo assim eu coloquei na minha cabeça que com os meus filhos eu seria totalmente diferente, e mesmo mentalizando isso eu errei com eles diversas vezes, sou humano pô e isso é normal ninguém é perfeito. — falou. — Com certeza isso não chega perto do que é ser mãe, mas quero que você entenda que não vai estar sozinha. — pegou em mim não. — Vamos passar por isso juntos!

— Acha que eu vou ser uma boa mãe? — murmuro.

— Tenho certeza. — sorriu de lado. — E você não vai ser menos boa se ocorrer algum deslize, você não está sozinha ok? Eu vou te dar todo o suporte do mundo. — disse e eu assinto me sentindo bem melhor.

— Eu fico feliz em ter colocado para fora. — rimos juntos e nos entreolhamos por alguns segundos. — Como vamos contar pros meninos? — pergunto mordendo os lábios.

— Eu nem pensei nisso ainda. — desviou o olhar e fez careta.

— Acredita que o Iago sonhou comigo grávida? — ele me olha surpreso. — Na manhã do dia que o Paquetá e duda foram embora sabe? Que tu foi lá no quarto deles e me viu?   — ele assente. — Falou que era uma menina, nome aurora.

— Aurora? — ele ergue uma sobrancelha.

— É, uma vez eu e ele conversamos sobre os nomes dos meus possíveis filhos caso eu tivesse um dia, e um dos nomes que ele sugeriu foi esse e conhecidamente  no sonho o nome era esse também. 

— Eu sempre quis ter uma menina. — afirmo com a cabeça. — Mas se vir menino é lucro também, já monto meu time de futebol. — nego com a cabeça rindo.

— Acho que... bom... podemos contar pra eles hoje? — o encaro após a minha pergunta, ele me olha surpreso. — Podemos fazer aquelas surpresa clichê sabe? Colocar uma peça de roupa, chupeta em uma caixinha e escrever uma cartinha pra eles ler.

— Claro amor, eu achei uma ótima ideia. — esbravejou e puxou o meu rosto selando nossos lábios e depois se afastou de mim. — Desculpa...

— Tudo bem, dessa vez eu deixo você continuar. — sorrio mostrando os dentes e ele umedece os lábios e me beija novamente.



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Meu acaso - Thiago Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora