O desaparecimento do pato

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– Engfa Waraha!

Engfa sentiu o forte puxão de sua consciência, forçando-a para fora de um sonho muito agradável... Apenas para jogá-la de volta à realidade não tão agradável, onde, por alguma razão, havia Nudee.

– AH... Acorde de uma vez! – a garota tailandesa rosnou, sacudindo seu corpo impacientemente.

– Umphf... – Engfa resmungou, remexendo-se sob os cobertores.

Quando é que Nudee tinha voltado? Ah, certo, já fazia uma semana... E desde então, não havia mais silêncio suficiente por ali.

Entendendo que aquele era o fim de seu descanso, Engfa afastou os cobertores do rosto, um único olho se abrindo para espiar a garota em sua cama.

– O que você quer?

– Finalmente! – Nudee exclamou, um momento antes de se enfiar ao seu lado sob o calor aconchegante das cobertas grossas.

Pés muito frios entraram em contato com sua pele brevemente, e a mais velha não impediu o gritinho de surpresa que escapou de seus lábios. Então, Nudee enterrou o rosto em seus travesseiros, e iniciou uma série de lamentos dramáticos que deixaram-na sem saber o que fazer.

– P'fa ... eu estou ferrada. – ela murmurou, sua voz soando abafada. – Tipo, muito, muito ferrada. Imagine a pessoa mais ferrada de todos os tempos. Esta sou eu. É o meu fim.

Engfa estreitou os olhos. Nudee tinha acabado de chamá-la de... P'fa?

– O que foi que você fez?

Ela permaneceu em seu momento lamurioso um pouco mais, antes de enfim levantar o olhar e respondê-la.

– O flamingo da Charlotte... Acho que o perdi.

– Você o quê?! – Engfa disse um pouco alto demais. Mas, caramba, ela adorava aquele flamingo. Talvez não tanto quanto Charlotte, claro, e pensar nisso quase a fez se sentir mal pelo destino que aguardava Nudee. – Charlotte vai te matar. Bem, Nesa Mahmoodi, foi ótimo te conhecer. Agora saia e deixe-me voltar a dormir.

Nudee encarou Engfa com olhos de cão abandonado, algo que a irritava muito, porque sempre a fazia se sentir como se devesse fazer todas as suas vontades.

– P'fa, você precisa me ajudar. – ela implorou, o desespero se tornando muito evidente em sua voz. – Eu só o peguei para mostrar a uma amiga. Mas então nós estávamos bebendo em seu dormitório... e agora não consigo encontrá-lo em lugar nenhum.

– Tudo bem. Que amiga? Já verificou com ela?

– Chompu. Não está lá. Mas essa nem é a pior parte. – Por Deus, havia mais? Engfa tentou imaginar o que poderia ser pior que o desaparecimento do flamingo, mas nada veio à sua mente. Até que Nudee continuou: – Charlotte me perguntou esta manhã se eu o tinha visto, e eu meio que entrei em pânico e... huh... dissequeestavacomvocê.

– Você fez o quê? – Engfa se sentou na cama de maneira automática, sem acreditar no que acabara de ouvir.

– Eu sinto muito! – Nudee se apressou em dizer, ficando de joelhos sobre o colchão e juntando as mãos em uma encenação barata de arrependimento. – Juro que não foi a minha intenção usar seu nome para me livrar da punição. Mas P'fa-

– Não. – Engfa cortou de imediato.

– Eu nem disse o que-

– Eu sei o que você quer e não vou fazer.

– Mas...

– Sem 'mas'.

– É só até eu encontrá-lo! Então eu irei desmentir e contar que fui eu quem o perdeu. Prometo limpar seu nome assim que encontrar aquele patife.

Patos e AmassosOnde histórias criam vida. Descubra agora