Epílogo

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Amanda Jensen não era muito de fazer arrumações.

Bem, não era como se ela detestasse limpeza, ou manter suas coisas em ordem. Na verdade, ela apenas não tinha muito tempo para pensar sobre isso.

Então, foi uma enorme surpresa que, numa manhã durante a primavera, Heidi acordou decidida a arrumar seu quarto.

Levou horas para recolher e organizar todas as pilhas de roupas espalhadas, os inúmeros papéis com suas anotações para conceitos e novas músicas, e todas as coisas bizarras de suas colegas de dormitório perdidas debaixo de todo aquele caos.

E foi assim que Heidi acabou encontrando algo realmente interessante.

– Você só pode estar brincando. – Engfa, Nudee e Charlotte disseram juntas no momento em que a pequena rapper depositou Pato, o flamingo falante, sobre a mesa de centro de sua sala.

As três garotas, que estavam ali para assistir algum novo programa de variedades, apenas encararam a tailandesa indignadas, quando esta abriu um sorrisinho inocente.

– Dizer 'sinto muito' resolve?

Engfa, quem estava sentada no chão entre as pernas de sua namorada, soltou um bufo de escárnio, conforme Nudee se levantava agitada do sofá para ir andar de um lado a outro.

– Ah, Amanda Jensen, você faz ideia das coisas que eu passei por causa desse flamingo?

Engfa bufou pela segunda vez.

– Ah, por favor, você não teve nem metade do que eu tive.

– Ao menos isso te rendeu um romance. – Nudee apontou. – No meu caso, foi um mês lavando as meias sujas da Charlotte.

Arriscando um olhar para a membro tailandesa, Heidi encontrou-a no que parecia ser um profundo estado de contemplação, mas então, como se algo estalasse em sua mente, ela de repente começou a rir. Muito alto, muito assustadoramente.

– Você está dizendo – ela perguntou em meio às risadas histéricas. – que todo esse tempo, Pato esteve soterrado no meio daquele lixo que você mantém em seu quarto?

Heidi estreitou os olhos para a amiga.

– Eu deveria estar ofendida sobre isso, mas sim. – ela disse, dando de ombros. – E não me pergunte como foi parar lá.

– Nudee, você foi ao quarto da Heidi na noite em que saiu com Chompu? – Engfa questionou a membro mais jovem, que havia se afastado até a parede para cruzar os braços e fazer beicinho. Fofa.

– Eu? Pode ter certeza que não. Mas pergunte para Tina, já que ela me pediu para dormir com o bicho de Charlotte e agora, ele apareceu aqui. Magicamente. - naquele momento, Tina apareceu ao ouvir seu nome ser citado.

– V-você acha mesmo que eu teria coragem de entrar naquele antro de pesadelos? – ela gaguejou, as palavras saindo altas demais.

– Não minta. – Heidi provocou, lembrando-se da bagunça bêbada que era Tina naquela noite, e do beijo desajeitado que recebeu quando a garota disse sentir sua falta... Apenas para desmaiar no momento seguinte. Felizmente, as coisas tinham melhorado para elas desde então, e simplesmente não resistindo quando aqueles olhos muito adoráveis vieram fuzilar seu rosto, ela decidiu acrescentar: – Você roncou a noite toda, aliás.

– AH, AMANDA! Você sabe que eu não ronco!

– Eu sei? – Heidi replicou, erguendo uma sobrancelha em desafio.

– Eu... Você... Hmf...

– Será que a gente pode focar aqui por um momento? – Charlotte chamou sua atenção, contornando a cabeça de Engfa e se levantando do sofá para apanhar o flamingo da mesa. – Meu pobre Pato... Deve ter sido tão traumático...

Heidi estreitou os olhos mais uma vez.

– Certo. Agora estou mesmo ofendida. Não é como se fosse tão ruim assim. Ele nem é um ser-vivo, Charlotte. – ela só soube tarde demais que falar aquilo era um erro.

– Mas é como se fosse! – a tailandesa choramingou, e Heidi quase deixou uma risada incrédula escapar. – Pato é como um filho para mim.

Engfa, parecendo se empolgar com aquelas palavras, ergueu-se do chão e foi entrelaçar o braço ao da garota tailandesa.

– Sim, Heidi, é como se fosse nosso filho.

– Exato. – Charlotte acenou prontamente, antes de piscar e se virar para Engfa. – Espere, como assim 'nosso'?

– É, por que não? — a mais velha disse com tranquilidade, sorrindo docemente para a namorada.

Com um movimento, Charlotte se soltou de seu aperto, segurando o brinquedo possessivamente contra o peito conforme uma carranca se formava em seu rosto.

– Não quero dividir a guarda de Pato. Pode esquecer.

– Ah... – Engfa rosnou entredentes. – Por que você está sendo egoísta?

– Por que você sempre quer as minhas coisas? – Charlotte devolveu. – Pato está fora de cogitação.

– Mas eu também o amo como se fosse meu. Foi ele quem nos uniu, lembra?

Heidi não sabia muito bem o que estava acontecendo naquele momento, mas ela decidiu que seria divertido de assistir. Então, aproximando-se silenciosamente de Tina, ela entoou baixinho:

– Quanto tempo você acha que leva até começarem os gritos?

Um sorriso torto surgiu no canto de seus lábios. Heidi se lembrava muito bem da sensação deles...

– Ohhh, uma aposta? Digo que em dois minutos elas já estarão na fase dos palavrões.

Então notando a proximidade entre suas duas membros mais tolas, e toda a tensão que emanava delas, Heidi mordeu o lábio antes de decidir mudar o caminho.

– Eu aposto que elas se beijam antes disso.

– O dobro ou nada?

Heidi não tinha certeza se a tailandesa se lembrava de que elas não haviam estipulado um prêmio para a vencedora. Ainda assim...

– Feito.

No fim, não levou nem um minuto inteiro, e Heidi já havia ganho a aposta.

E imaginando que, em breve, outra coisa totalmente diferente de uma briga acabaria acontecendo naquela sala, a julgar pela... huh, coisa física acontecendo ali, Heidi discretamente puxou Nudee para seu quarto recém-limpo, ansiosa para cobrar da garota seu merecido prêmio.

oi vidas, finalizamos mais uma fic. eu gosto de chamar minhas histórias de filhos, porque sempre tenho uma dor imensa de as terminar, exato como ver um filho sair de casa kkk. obrigada pelo carinho, espero que tenham aproveitado esse tempinho e nos vemos em breve...

Patos e AmassosOnde histórias criam vida. Descubra agora