Fazem dois dias que infelizmente o demônio não apareceu, é irônico querer sua companhia.Deimos sumiu, imaginei que ele possa estar no trabalho ou na igreja. Até pensei em mandar mensagem mas além de não ter o seu número, não quero parecer estar preocupada. E ele deixou um bilhete falando para não se preocupar, se amanhã não vê-lo irei procurar.
Está tarde da noite e decido tomar um banho.
Caminho até a suíte, me deitando na banheira. Talvez assim aquela coisa volte, realmente queria chamá-lo por seu nome.A água está fria, está começando a fazer calor na cidade e nada como um banho gelado para refrescar.
Inclino minha cabeça para trás, olhando para o teto fixamente. Na maioria do tempo acabo viajando em meus pensamentos, esquecendo completamente o mundo.
As luzes começam a piscar, confesso que me assustei com isso. Até olhar para frente e vê-lo, o demônio que com certeza irá me levar para o inferno.
Ele está diferente, diria que está mais humano.
Seu corpo acinzentado continua o mesmo mas coberto de cicatrizes.
Seus cabelos estão brancos e longos, chegando em sua cintura.
Os olhos estão da mesma cor e tem um belo par de chifres em sua cabeça agora, diria que fiquei atraída por uns minutos. Se eu não tivesse sentindo a sua presença teria surtado de medo achando que era outra coisa.O mesmo me olhava fixamente, com sede nos olhos.
Ficamos apenas nos olhando por alguns minutos até que decido quebrar o silêncio.— O que aconteceu com você? — pergunto confusa, ainda coberta pela água da banheira.
Ele solta uma respiração pesada, seu corpo está soltando vapor.
— Tive alguns probleminhas no inferno... — o mesmo ainda me olha fixamente sem expressão.— E qual é dessa aparência?
Ele da um leve sorriso de canto, e me parece extremamente familiar...
— Ah, isso? É a minha forma verdadeira. A aparência medonha que te fez gritar e surtar, da muito trabalho para manter.
— Então você só fez aquilo para me assustar? Como você é mau.— falo incrédula.
— Isso não é nada.Ele sai do banheiro, indo até o meu quarto. Me levanto e me enrolo na toalha. Caminho atrás dele, molhando todo o chão.
Aquele demônio de no mínimo uns três metros de altura está deitado na minha cama, confortavelmente.
— Você ficou sozinha nesses dois dias, aconteceu alguma coisa estranha?
— Além de sentir a falta de um demônio, nada. Fiquei quietinha em casa. — falei sem perceber que senti sua falta, odeio isso em mim.Ele se levanta e se aproxima, e aquele maldito sorriso me deixa com um frio na barriga.
— Então sentiu a minha falta. — o mesmo está próximo demais mas seu rosto está bem longe do meu.
— Quem sabe, talvez. — Algo em mim tomou controle e resolveu começar a jogar de provocar. Solto um leve sorriso de canto.
— Agora que estou aqui, como irá matar a saudade?Seu rosto que estava bem longe, agora está muito, muito próximo, posso sentir sua respiração em minha face.
— Conversando? — Tento passar por cima desse clima.
— Não seja boba. — Seus olhos caminham sobre meu corpo.
— Não seja atirado, uma humana com um demônio? Você iria me matar. — Falo em tom de deboche e me afasto.Caminho até o closet e coloco meu pijama, o demônio está sentado na cama me esperando.
— Você não deveria estar de baixo? Como todos os monstros? — solto um sorriso.
— Prefiro a cama.
— Vai ter que ficar na poltrona afinal você nem cabe aqui.Me deito e o mesmo senta-se ao meu lado, na poltrona. Viro de lado para ficar o olhando.
— Eu queria te chamar pelo seu nome.
— Não posso te dizer isso ainda. — ele diz e parece estar sério.
— Que chato...— suspiro. — Então demônio, que problemas você teve lá embaixo?
— Meu pai é um pé no saco, nada além disso. Você nem precisa saber.— Você pode sair e voltar do inferno a hora que quiser? — pergunto com um sorriso inocente.
— Sim....
Conversamos a noite toda, sobre coisas sobrenaturais. Nunca imaginei que me daria tão bem com alguém.
Adormeci sem perceber e quando acordei o sol batia em minha janela, esqueci as cortinas abertas noite passada.
Me levanto no automático, em busca de Deimos já que o mesmo está quase desaparecido.Caminho pela casa e ainda não o vi em lugar nenhum. Vou até o andar de cima e entro no corredor de seu quarto. Não tinha entrado por conta do bilhete no balcão da cozinha, mas acho melhor começar a procurá-lo.
Escuto baralhos vindo de dentro e imagino que ele possa estar em casa.
— Deimos? — pergunto e espero uma resposta.
O barulho que parecia ser de alguém mexendo em algo parou assim que abri a minha boca. Decidi que seria melhor checar, afinal pode ser um ladrão.Entro em seu quarto, completamente escuro e enorme, assim como o meu. O design é antigo, rústico, encantador. Sua cama está bagunçada assim como o resto, imagino que ele não tenha arrumado antes de sair.
Olhando para sua cama, meus pensamentos projetam Deimos dormindo aqui, sem todas aquelas roupas...
— Cala boca. — Falo para meus pensamentos.Dou uma boa olhada mas saio quando escuto a campainha tocar. Desço as escadas rapidamente e caminho para a porta.
Ao abrir, um homem alto e loiro, está parado na porta. Sua expressão é séria mas assim que nossos olhos se encontraram, mudou de sério para convidativo.
— Olá, estou procurando o Deimos. — o homem diz, com um sorriso simpático no rosto.
— Bom dia, ele não está. Sinto muito. — digo um pouco sem graça, até eu estou procurando ele.— Entendo. Eu sou amigo de trabalho dele. Se importa que eu entre para o esperar. — sinto meu rosto mudar de expressão para desconfiada e imagino que ele tenha percebido. — Ah onde estão meus modos. Muito prazer, me chamo Kallias Denerus.
Seus olhos não desviaram dos meus nem por um segundo.
— Prazer, sou Dalila Kamari. — o mesmo me comprimenta com um leve aperto de mão.
— Deimos ficou de ir me encontrar na empresa mas imaginei que deve ter tido alguns problemas, então como um bom amigo eu vim atrás dele. Não se preocupe eu já vim aqui antes várias vezes.
— Tudo bem mas imagino que ele não venha. Está fora faz dois dias e hoje vai ser provavelmente o terceiro. — digo na tentativa que ele vá embora, não estou confortável.— Ah não se preocupe — ele diz enquanto entra dentro de casa, sem se importar. — Ele vai aparecer.
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Amor diabólico by Cristini
RomanceDalila cresceu numa família muito religiosa, que a privou do mundo. Por anos ela se obrigou a seguir as regras para ser considerada a filha perfeita. Ao atingir a idade adulta, ela sentiu o desejo de descobrir o mundo, mesmo que isso a desvirtuasse...