"Você não se manda sua impura e não serve para nada, morra."
Essas foram as palavras que ouvi dos meus pais quando falei que não iria para a igreja, eu tinha apenas 10 anos...
Acordei assustada e querendo chorar, você ignora o passado, corre dele mas ele sempre te alcança se houver buracos em seu coração.
Duas semanas se passaram e minha vida é ir para o trabalho, ir para igreja 3 vezes por semana, graças a Deus não vejo Deimos pois o mesmo sempre está ocupado eu acho, e faço um curso on-line nas tardes vazias.
Fui para o trabalho e hoje eu não estou para conversas, quero ficar na minha e ir embora depois de terminar. Estou olhando no relógio toda hora, quero ficar depressiva hoje na minha cama.
Por sorte Karina não apareceu hoje de novo, desde o incidente em que Deimos apareceu aqui ela faltou, mas pelo menos não preciso me esforçar a conversar com alguém e ela disse que está bem.
Leonard está estranho, todo mundo que conheci até agora age estranho em algum momento do dia, já até me acostumei.
Solto um suspiro cansada, sinto como se tivesse um peso em minhas costas mas ignoro e continuo a arrumar os livros na estante.Estendo meu braço para tentar pegar um livro no alto e ele acaba caindo mas não me atinge, quando levanto minha cabeça Deimos está parado ao meu lado com o livro nas mãos.
— De nada, com o peso desse livro você teria um galo na cabeça. — Ele diz e deposita o livro no seu devido lugar.
— Veio ler novamente? — Pergunto um pouco melancólica, hoje não estou com vontade de entrar nos jogos de ignorância dele.
— Você não está bem, o que aconteceu? — sua voz é grossa e séria.Como se ele se importasse com o que acontece comigo, acho que ele não é esse tipo e sinceramente prefiro que ninguém em minha volta seja assim. Nunca tive amigos então me acostumei a ser sozinha, me virar com meus sentimentos.
— E você se importa, Deimos? — Pergunto enquanto volto minha atenção para os livros a minha frente.
— Aceita tomar um café? Quero me desculpar pela minha ignorância com você . — Ele diz sério e coloca suas mãos no bolso.
Hoje ele está mais que perfeito, seu cabelo sempre alinhado, ele já chegou perto o suficiente para que eu sentisse o seu cheiro maravilhoso, suas tatuagens o deixam ainda mais atraente e sua altura é a cereja do bolo. Me sinto horrível por vê-lo tão lindo mas ninguém além de mim sabe que acho isso dele.Eu não o odeio e ele parece estar mais amigável hoje. Talvez eu possa aceitar o convite mas não significa que quero conhecer ele.
— Ah sim e só agora resolveu ver que você é um idiota que não tem capacidade de ser amigável com alguém que você acabou de conhecer, e ainda por cima age como se fosse o último homem da terra e todas te querem mas quando está no seu cargo temporário na igreja se faz de bom moço.— Eu não falei nada além da verdade.
— Acho que isso foi um pouco pessoal, Dalila.— ele solta o seu lindo sorriso de canto. — Vou considerar isso como um sim, te espero lá fora.
Ele sai da biblioteca e eu pude soltar minha respiração, ficar perto dele me deixa nervosa.
Após eu terminar tudo, me despeço dos meus colegas e vou para fora, ele está parado na calçada fumando um cigarro.
— Isso não me surpreendeu. — penso comigo.— Demorou.— ele diz.
— Eu tenho obrigações, não posso apenas largar tudo e sair andando. — Digo arrumando meu cabelo que estava bagunçando com o vento.
Ele me olha fixamente e me sinto levemente envergonhada, não gosto que fiquem me olhando.— Entre.— ele abre a porta do seu carro.
— E como vou saber que você não está tentando me sequestrar, me usar, torturar e depois me matar?? Já li isso em casos criminais, estou esperta tá.
— Pode ter certeza que se eu fosse te usar não precisaria te sequestrar e não tenho essa intensão, tem um lugar que serve o único café que consigo tomar e é longe, não vou de a pé. — Sua voz é séria e de certa forma algo dentro de mim diz ok.Eu entro no carro e logo em seguida ele faz o mesmo, seguimos o caminho para essa tal cafeteria.
— Se você tentar fazer qualquer coisa eu te mato, falo sério, autodefesa para mim não é pecado. — o olho séria.
Ele sorri — Eu já disse que não farei nada, eu realmente estou te levando para uma cafeteria.
— Não te vi mais na igreja aí você aparece do nada pedindo desculpas e me convida para um café, isso é muito suspeito sim e eu sou burra por ter aceitado.
— Mas você já me conhece e queria falar com você sobre Karina... — Seu semblante ficou fechado.
Não faço ideia do que ele pode querer falar sobre ela.Chegamos no local e realmente é uma cafeteria, meio suspeita mas é uma. Subimos as escadas e se sentamos em uma mesa afastada, pedi apenas um cappuccino, eu odeio café.
— Esse lugar é bem longe do centro da cidade, queria conversar tão escondido assim?
— Na verdade eu apenas gosto do café daqui.
— Entendi, sou toda ouvidos, me diga o que queria falar...— apoio meus braços sobre a mesa, estou realmente me sentindo muito cansada.— Você precisa se afastar da Karina. — ele diz sério.
— Posso saber o motivo?
— Ela me procurou três dias atrás, na igreja, falando que eu havia corrompido você e por isso era pra você ficar longe. Você não vai entender isso e não precisa, ela é louca e pode te machucar. — Eu estou perplexa apenas escutando, não sei quem deles é mais estranho. — Escuta, ela é viciada em álcool pra ajudar. Karina percebeu que eu já conhecia você no dia da festa e deve ter ficado com ciúmes.
— Vocês já tiveram algo ou ainda tem, para ela ter ciúmes?
— Ela queria mas eu a rejeitei, ai ela ficou assim, toda estranha e infernizando a vida das pessoas que falam comigo. Infelizmente não posso acabar com isso. Ela pode ter sido amigável com você só até o momento da festa, depois disso conhecendo ela, se eu fosse você ficaria longe daquela louca. E sem contar que ela...Eu escuto tudo com atenção mas minha cabeça começa a girar, minha visão fica escura e sinto meu rosto colidir com a mesa, depois só vejo a escuridão.
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Amor diabólico by Cristini
RomansaDalila cresceu numa família muito religiosa, que a privou do mundo. Por anos ela se obrigou a seguir as regras para ser considerada a filha perfeita. Ao atingir a idade adulta, ela sentiu o desejo de descobrir o mundo, mesmo que isso a desvirtuasse...