Capítulo 15 - Uma emoção chamada desejo

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Only you can set my heart on fire"

(Só você pode deixar meu coração em chamas) Ellie Gouding

-Então, como estão as aulas na faculdade? - Diana perguntou, enquanto servia a Anne o chá da tarde em companhia de Cole.

Os três tinham se reunido na casa da morena para colocarem o assunto em dia, mas Anne havia pedido à Diana para ficarem no quarto dela, pois ainda se sentia nervosa com os olhares que Eliza Barry lhe lançava toda vez que ia visitar a amiga.

A ruivinha sempre tinha a sensação de que suas roupas estavam sujas ou amassadas, que seu cabelo estava desarrumado, e que seu andar era desajeitado.

Na verdade, quando viera morar com os Cuthberts, seus modos deixavam muito a desejar.Ela era desbocada, mal sabia usar um garfo e suas roupas eram de segunda mão.

Marilla tivera um trabalho imenso para transformar sua personalidade rebelde e pouco disposta a seguir ordens, em uma mais maleável, que entendesse as regras de uma boa convivência em sociedade e aprendesse a se comportar como uma garota bem educada, suavizando seu linguajar petulante e seu jeito de andar deselegante.

Não era aquela garota há muito tempo, mas ainda assim, toda vez que se via frente a frente com a senhora Barry, Anne se sentia inadequada como se nunca fosse conseguir ganhar um olhar de aprovação daquela mulher tão exigente.

Ela nunca chegara a ser desagradável com Anne, mas apenas a maneira como a encarava com uma sobrancelha erguida, lhe dava a sensação de que Eliza Barry a considerava um patinho feio sem nenhuma classe.

-As aulas estão bem.- Anne disse de maneira sucinta, deixando sua expressão tão neutra, que fez Cole lhe dizer:

-Eu não acredito que trabalhando lado a lado com Gilbert, as aulas estejam apenas bem.

-Não sei do que está falando,Cole. - Anne disse, tentando desconversar, enquanto fingia estar interessada em um desenho da manta que cobria a cama de Diana.

-Você sempre desconversa quando o assunto é ele, não é ? Isso quer dizer que se importa mais do que quer admitir. - o rapaz insistiu, fazendo com que Anne levantasse a cabeça e disse:

-Você pensa que estou interessada nele.

-E não está?- Diana perguntou, olhando para Anne com um meio sorriso nos lábios, que indicava exatamente o que estava pensando.

-Não dá maneira como pensam. Ele está cego, e embora seja um problema temporário, Gilbert precisa de ajuda.- Anne explicou, sem dar detalhes sobre seus sentimentos. Ela também omitiu a parte que já tinham se beijado duas vezes e o convite para jantar, pois tinha medo que se falasse em voz alta tudo o que Gilbert a fazia sentir, aquilo tudo se tornaria maior do que ela mesma. Por isso, era melhor guardar aquele sentimento para si, pois se viesse a se decepcionar, não queria que ninguém soubesse.

-Carente e solitário. - Cole acrescentou com um sorrisinho, e Diana seguindo o pensamento do amigo, continuou:

-Vocês sozinhos, corrigindo provas, declamando poemas um para o outro.

-E outras coisas mais.- Cole conclui, lançando para Anne um olhar malicioso que lhe causou intenso rubor. - Está vendo? Eu sabia. Nossa amiga não é mais tão inocente. Essa faculdade está abrindo os horizontes dela para outros prazeres além da literatura.

-Pare de incomodar Anne com suas frases de duplo sentido, Cole. A está deixando sem graça. - Diana disse, repreendendo o amigo. Ela duvidava que Anne tivesse entendido exatamente o que o rapaz quisera dizer. Pelo jeito, ela continuava tão ingênua quanto no último ano, o que não era nada bom. Graças a tia Josefina, ela descobrira o que acontecia entre um homem e uma mulher na intimidade de um casamento, pois se dependesse de sua mãe, ela se casaria sem receber nenhum tipo de informação.

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