Capítulo 11- Assistente do professor

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You came and breathed new life into this lonely heart of mine... You threw out the life line just in the nick of time! (Você chegou e trouxe uma vida nova para meu coração solitário... Você me salvou na hora certa!)

Brian McKnight

A felicidade de Gilbert estava no auge aquela manhã em que tudo parecia estar acontecendo como planejara.

Quando fora a última vez que se sentira assim, como se fosse capaz de voar? Fazia tanto tempo que tivera um motivo para sorrir de orelha a orelha, que nem se lembrava mais dessa ocasião, pois desde que seu pai falecera, Gilbert sentia um vazio profundo e uma dor aguda que devorava seu coração. Ele pensara que nunca mais teria uma razão para acordar de manhã de novo, mas apesar de sua atual condição, o rapaz sentia pela primeira vez a tempos, que estava pronto para se abrir para a vida novamente, e uma garota de imensos olhos azuis era sua principal motivação.

Anne parecia odiá-lo no momento, mas isso não era sua principal preocupação. Ela tinha motivos para isso, contudo ele não a culpava, porque sabia de sua responsabilidade na maneira como ela o enxergava, pois dera a ela sua versão canalha e debochada, e ela comprara bem esse personagem.

Gilbert sabia do trabalho que teria fazê-la mudar de opinião, mas estava disposto a isso, e mostraria a ela que ele não era só feito de sarcasmo, malícia e arrogância.

Aprendera a ser assim com o mundo, as circunstâncias e a necessidade de se proteger de futuras decepções, mas nunca pensara que dependeria da opinião de uma garota para tentar resgatar seu antigo eu.

Na verdade, o rapaz pensara que sua velha versão estava morta e enterrada, e que nunca mais voltaria a ser o garoto ingênuo e cheio de sonhos que fora antes de perder seu pai, e as ilusões de uma vida feliz e rica de oportunidades.

A ingenuidade não tinha como ser recuperada, pois a dureza da realidade lhe ensinara que ser inocente em um mundo onde o que imperava era a crueza do dia a dia, seria como cair em um abismo bem fundo e nunca mais sair de lá.

Nem tudo era cor de rosa, alegre ou divertido, mas também não era cinza ou preto o tempo todo. A vida era cheia de momentos, e a relevância deles para cada pessoa dependia muito de como ela estava preparada para absorvê-los em sua mente e em seu coração.

Gilbert podia não estar enxergando muita coisa do ambiente ao seu redor naquele instante, mas as que importavam, ele podia senti-las em seu coração. Ele era um rapaz de vinte anos que podia não ter muita experiência quando o que estava vivendo tinha a ver com a maneira como que se sentia em relação à alguém, mas tinha discernimento o bastante para entender que Anne não era e nunca seria como as outras garotas que conhecia

Ela sempre o colocava em seu devido lugar, e sabia como acabar com qualquer pretensão sua que não fosse muito honrosa na opinião dela, e se a quisesse conquistar ia ter que saber usar mais do que palavras bonitas, porque Anne era inteligente demais para se derreter por um simples elogio, e Gilbert sabia que ia precisar de muita habilidade para amansar aquela ferinha enjaulada, e não é que estava gostando daquele desafio?

O rapaz tomou seu café da manhã rapidamente, pois queria chegar logo na faculdade naquele dia. Ele tinha sugerido Anne como sua assistente, e apesar de o reitor a achar jovem demais para a função, Gilbert tinha feito um ótimo discurso exaltando as qualidades e inteligência de sua aluna, a melhor da classe, na opinião dele.

O reitor por fim se convencera, e prometera a Gilbert que conversaria com Anne antes que ela entrasse para a aula naquele dia. Entretanto, o rapaz temia que ela se recusasse, colocando seu plano em perigo, assim ele perguntou:

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