Semanas presa em um estado de sonolência e inquietação, não poderia contar a ninguém o motivo de seu mau humor constante ou explicar o por que de seu corpo se recusar a ter uma boa noite de sono, seria um escândalo por todos os lugares se descobrissem que deitava com o estrangeiro sem possuir laços matrimoniais, pobre de seu pai se sequer sonhasse com tal abuso. Agora os lençóis comprados como os mais macios de toda europa pareciam cobertos de pequenas farpas e causavam incômodo a cada movimento que fazia ao procurar uma nova posição, praguejava aos céus pela solidão que mais parecia um castigo e todos os dias pedia em orações que o trouxesse de volta; seriam só alguns dias, prometeu ao explicar que preferia se alimentar em um lugar distante do que correr qualquer risco que a prejudicasse.
Era meio da noite quando batidas leves soaram na porta fazendo com que os pelinhos de sua nuca se arrepiarem, embora soubesse que era cedo demais para ele voltar não conteve a sensação de euforia momentânea que percorreu seu corpo crendo que em poucos segundos estaria finalmente aninhada em seus braços outra vez. Pediria que, por favor, a levasse junto na próxima vez, a distância gerava uma angústia tão grande em suas tripas que não tinha forças para se levantar, poderiam até mesmo confundir seus sintomas com a peste e se despedirem de uma vez por todas. Ah, meu querido, por você poderia morrer de amor. Imersa em seus devaneios deixou um detalhe passar despercebido e era tarde demais quando sentiu a aura estranha no ar, não era a energia dele que emanava do outro lado da porta, mas a chamava da mesma forma e foi aquilo que atiçou sua curiosidade.
— És mais bela do que eu jamais poderia imaginar.
Se tentasse gritar, acabaria morta muito antes de emitir qualquer som; estava assustada por ter sido pega de surpresa, porém por algum motivo seu corpo não demonstrava sinais de medo real com aquele encontro. Não o respondeu, apenas saiu do caminho, permitindo que entrasse em seus aposentos como se tivesse alguma outra escolha. O homem olhou ao redor do quarto e voltou seus olhos para ela: era uma garota tão bela com seus cabelos negros trançados e jogados por cima do ombros, a pele tão pálida em contraste que se tornava quase translúcida e os olhos... Ah, os olhos! Violetas escuros que refletiam o peso da eternidade, uma vida que ainda não tinha abraçado, mas estava destinada a ter ao seu lado. Como era possível sentir-se assim em relação a um mísero humano? Se ele fosse apenas um deles, ficava claro que o encanto que sentia por ela era apenas consequência do sangue de vila que corria nas veias da menina, mas seres da noite não conseguiam ser enfeitiçados pelas fadas e tudo o que restava era a aceitação de que o seu destino era o responsável.
Beatrycze estava maravilhada com o rapaz a sua frente e como tudo nele a atraía de uma forma que nunca imaginou sentir com outro homem além de seu amado. Ah, meu amor, o que você pensaria de mim ao saber que deixei um desconhecido adentrar em meu quarto? Mas estava tudo bem, desde que ela não sentisse medo, ele não saberia que algo estava errado. Sentou-se na beirada da cama e afastou os fios de cabelo que escapavam da trança, exibindo a visão mais maravilhosa daquele mundo: uma veia pulsando por ele. Logo quando o viu parado em sua porta, sentiu a fome em seu próprio estômago e ela soube que precisava alimentá-lo como uma esposa alimenta seu marido, aquela era sua obrigação e seu propósito no mundo humano. Permitiu que os lábios gelados encostassem em sua pele e se aninhou junto a ele, balançando a cabeça positivamente e esperou; os dentes cravaram em seu pescoço, abrindo caminho até suas veias e artérias, mas tomou cuidado para não machucá-la e nem tomar mais que o necessário. Não havia dor, ao invés disso, havia uma mistura de sensações que só era possível quando estavam conectados de uma forma tão íntima como aquela; sentia a fome sendo saciada, sentia o prazer que ele sentia ao tomá-la e acabou deixando um gemido baixo escapar, ela estava tão excitada quanto ele. Naquele momento, seu amado havia sido apagado completamente de sua memória e nada mais existia além deles dois.
Acordou sozinha e não teve notícias dele até a semana seguinte.
No fim de tudo precisaria escolher, o problema é que ela sempre foi muito egoísta.
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𝑬𝒑𝒉𝒆𝒎𝒆𝒓𝒂𝒍 【Saga Anoitecer】
Про вампировNenhum dos irmãos acreditava em lendas até que eles mesmo se tornaram uma delas: criaturas da noite amaldiçoadas à escuridão eterna na qual vagavam sedentas, alimentando-se da vida humana para evitar a punição que os aguardava no inferno. Decididos...