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— Você disse que se casaria comigo

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— Você disse que se casaria comigo.

Pela primeira vez, sua voz soava humanamente e profundamente magoada enquanto os traiçoeiros olhos violetas derramavam lágrimas salgadas, demorando-se em todos os cantos do quarto para não serem obrigados a encará-lo; Beatrycze carregava a dor de um coração que não era seu sendo partido e seu próprio corpo triplicou aquele sentimento como uma punição.

A mentira perdurou durante o verão onde o sol brilhava com mais intensidade e as noites se tornaram mais curtas aumentando a necessidade de alimentação daqueles seres. Seu amado passou longas semanas vagando cidades distantes enquanto ela passava seus dias observando o horizonte esperando seu retorno, se ele ao menos pudesse enviar uma carta para trazer conforto ao seu coração, mas era uma ação muito arriscada caso seu segredo caísse nas mãos erradas. Apesar de seu esforço para se distanciar, não imaginou que durante aquele período, o terror se espalharia pela cidade e as ruas seriam manchadas de carmim graças a um monstro anônimo guiado por um frenesi sangrento que vagava pelas noites mais escuras.

Com o medo, seu pai reforçou a segurança em sua torre tremendo que a coisa mais preciosa que possuía fosse o próximo alvo, o que o czar não esperava era que sua filha abriria a porta e receberia a criatura de braços abertos todas as noites para alimentá-lo de livre e espontânea vontade.

— O que sinto por você não mudou nem mesmo diminuiu, meine lieber, ainda anseio por passar a eternidade ao seu lado. — Apesar das lágrimas cristalinas escorrendo pelo rosto da fada, sua voz não emitia um único resquício de arrependimento. — Mas também ao lado dele.

Quando retornou, as notícias não demoraram a chegar aos seus ouvidos com os habitantes aconselhando que o forasteiro não andasse durante a noite por aquelas ruas, estavam perigosas demais e ele sabia disso muito bem. Quando a carruagem se aproximava do território ele sentiu a aura mudar, a vibração diferente no ar fez seus sentidos ficarem alertas e só conseguia se preocupar com sua doce Beatrycze.

Um cheiro familiar se espalhava pelo castelo.

Ele se recusava a acreditar.

As batidas na madeira ecoaram pelo quarto.

A porta foi aberta com entusiasmo e ele assistiu o sorriso desvanecer dos lábios rosados enquanto os olhos violetas, surpresos ao vê-lo, se arregalaram em pânico. Foi o primeiro e único momento que desejou ter acesso a sua mente para saber exatamente o que pensou naquele momento em que o viu.

— Por que ele, Tryce?

Balançou a cabeça negativamente fazendo os cabelos negros caírem sobre o rosto e mordeu o lábio inferior, assim como eles, desejava saber a resposta daquela pergunta.

— Todos esses anos você disse que o que temos era único, então me diga você, me diga o porquê de meu coração ansiar por ele da mesma forma que anseia por você.

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𝑬𝒑𝒉𝒆𝒎𝒆𝒓𝒂𝒍 【Saga Anoitecer】Onde histórias criam vida. Descubra agora