Nenhum dos irmãos acreditava em lendas até que eles mesmo se tornaram uma delas: criaturas da noite amaldiçoadas à escuridão eterna na qual vagavam sedentas, alimentando-se da vida humana para evitar a punição que os aguardava no inferno. Decididos...
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Beatrycze assistiu o último raiar de sol pela janela de seus aposentos, a ansiedade em seu interior era tamanha que não conseguiu pregar os olhos naquela noite. Os grandes olhos violetas da bebê em seu colo observavam atentos os pássaros que passavam no céu e fazendo com que emitisse sons animados ao vê-los.
Yelaena sempre foi uma criança alegre e encantadora com seus olhos curiosos, as mãos pequenas seguravam duas mechas de fios negros e o riso alto seria contagiante para qualquer pessoa, menos para a própria mãe. Beatrycze a embalava com o rosto carregado de pesar, estudava a filha em uma tentativa de decorar todos os detalhes de seu ser. O nariz fino, as bochechas rosadas, os cabelos que reluziam o sol transformando-se em brancos, os olhos dela...
Tryce não odiava a criança, não mais, porém todas as circunstâncias que as cercaram impediam de que qualquer tipo de vínculo fosse formado entre elas. Sentia inveja da ama de leite que a amamentou, sentia inveja da criada que viu seu primeiro passo e sentia inveja de qualquer uma que criou sua filha mais que ela, mas isso seria um segredo que levaria para o túmulo.
Era melhor assim, dessa forma não se sentiria tão culpada por abandoná-la quando a hora chegasse e poderia partir sem pensar duas vezes. Laena ficaria bem aos cuidados das outras que sempre a acompanharam. Olhou pela janela, seu quarto localizado na torre mais alta do castelo oferecia uma vista magnífica das montanhas.
Se pulasse, levaria sua filha consigo.
Se pulasse, eles veriam seu cadáver.
Se pulasse, ela renasceria.
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