Nenhum dos irmãos acreditava em lendas até que eles mesmo se tornaram uma delas: criaturas da noite amaldiçoadas à escuridão eterna na qual vagavam sedentas, alimentando-se da vida humana para evitar a punição que os aguardava no inferno. Decididos...
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Nunca pensou em como morreria.
Durante toda sua vida, foi acompanhada pelo conceito da eternidade sem de fato entender o que aquilo realmente significava, sendo algo que sua alma sabia antes mesmo que ela tivesse consciência.
Até seus treze anos, seu amado nunca sequer mencionou aquela palavra ou explicou o verdadeiro motivo de só aparecer durante as noites, para ela, a definição de eternidade eram os momentos que passavam juntos e a forma que ele a aninhava para dormir.
Depois de saber a verdade, não teve medo porque no fundo Beatrycze sempre soube ao que estava destinada. Estava disposta a viver mil vidas ao seu lado sem nunca ficar doente ou envelhecer e, quando se cansassem da monotonia provocada pelos anos, começariam tudo novamente em outro lugar.
Só que nunca pensou em como chegaria lá.
— Como é? — Indagou.
— Quando chegar a hora, você beberá o meu sangue e estará pronta para ser transformada.
— É preciso beber muito? — Um tremelique percorreu seu corpo.
— Uma boa porção. — Ele riu.
— Se eu quiser que me transforme agora, você faria?
— Não, não, você é muito nova. — Repreendeu. — Com o passar dos anos você amadurecerá mentalmente, mas continuará nesse corpo. Você não quer ser tratada como uma criança para sempre, não é?
Balançou a cabeça negativamente.
— Não precisa ter pressa, eu esperei por você muito tempo antes de saber o que o destino significava e vou esperar até você decidir que está pronta. — Ele deu tapinhas na cabeça da garota. — Até lá prometo visitá-la sempre que possível.
— Todas as noites?
— Todas as noites.
— Depois de beber seu sangue, o que acontece?
— Você precisa morrer.
— Morrer? — Exclamou assustada.
— É o único caminho para renascermos, mas vai ficar tudo bem caso você não deseje isso.
No fundo, ele a amava o suficiente para desejar que ela não optasse pela escuridão, mas os olhos violetas sempre entregavam a verdade: Beatrycze sentia nojo dos humanos.
— Doí? — Ela indagou.
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