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Kim taehyung

EU JÁ TINHA PERDIDO A CONTA de quanto tempo fazia desde que começamos a atirar. Tempo suficiente para o suor começar a se acumular no fim das minhas costas. Tempo suficiente para Dahmad, o Campeão, tomar três garrafas inteiras de bebida entre as rodadas. É tempo suficiente para a maior parte dos competidores ser eliminada do jogo. Mas eu seguia em frente.

O alvo me encarava do outro lado da arena: garrafas se movendo sobre uma placa de madeira que girava lentamente conforme um garoto acionava a manivela. Apertei o dedo com força no gatilho seis vezes. Não consegui ouvir o vidro estilhaçar de tanto que a multidão gritava.

Alguém colocou a mão no meu ombro.
- Os finalistas da noite! -- Hasan gritou, perto do meu ouvido.
- O campeão da casa, Dahmad! -- O homem cambaleou por causa da bebida e ergueu os braços.
- A Cobra do Oriente, desafiando-o mais uma vez. -- O forasteiro mal registrou as provocações e os gritos; apenas curvou o canto da boca, sem erguer a cabeça.
- É uma surpreendente revelação. - Ele levantou meu braço com força e a multidão enlouqueceu, gritando, batendo os pés e fazendo o celeiro tremer.
- O Bandido de Olhos Azuis.

O apelido acabou com a minha animação. Senti um arrepio de pânico. Procurei por Fazim na arena. Mesmo que as pessoas acreditassem, eu não tinha como esconder meus olhos. Meus olhos azuis me destacavam. Apesar de burro, se Fazim estivesse ali, talvez fosse esperto o suficiente para somar dois e dois. Mesmo assim, sorri por trás do sheema e deixei o calor do público me tomar. Hasan soltou meu braço.

- Dez minutos para fazer as últimas apostas, pessoal. A rodada final já vai começar.

Todos correram para os coletores de apostas. Sem mais nada para fazer, me agachei em um canto vazio da arena, apoiado contra as grades. Minhas pernas ainda estavam meio bambas por conta do nervosismo, minha camisa colava na barriga de tanto suor, e eu sentia o rosto vermelho por trás do sheema.

Mas eu ainda estava na disputa.

Fechei os olhos. Talvez realmente conseguisse sair dali com o prêmio.

Fiz as contas na cabeça. O prêmio era de mais de mil fouzas. Eu teria que roubar e economizar até morrer para conseguir juntar essa quantia. Especialmente com o desastre nas minas de Sazi algumas semanas antes. Um acidente. Explosivos mal colocados. Essa era a história oficial. Mas eu tinha ouvido rumores de sabotagem. Diziam que alguém havia plantado uma bomba. E o mais estranho: diziam que tinha sido um ser primordial. Um djinni punindo Sazi por seus pecados.

Mas não importava o que tinha acontecido, o fato era que, sem o metal das minas, não seriam produzidas armas, e sem armas não havia dinheiro. Todos estavam apertando o cinto. E eu não tinha nem dinheiro para comprar um cinto.

Mas com mil fouzas poderia fazer muito mais que isso. Escapar daquele deserto sem fim, cheio de fumaça de fábrica. Poderia correr direto para Izman. Tudo o que precisava fazer era chegar a Juniper na próxima caravana. De lá haveria trens para Izman.

Izman.

Eu não conseguia pensar na cidade sem ouvi-la sussurrada como uma prece esperançosa na voz da minha mãe. A promessa de um mundo maior. Uma vida melhor. Que não terminasse em uma queda breve e uma parada abrupta.

- Então, "Bandido de Olhos Azuis". - Abri os olhos e vi o forasteiro agachando perto de mim, apoiando os braços nos joelhos. Ele não me encarou. - É melhor que "Cobra do Oriente", pelo menos. - Ele estava segurando um odre. Até aquele momento eu não tinha me dado conta de como estava com sede. Meus olhos acompanharam enquanto ele tomava um longo gole. - E ainda tem um ar de desonestidade. - Ele olhou para mim com o canto do olho. Havia certo tom na sua voz que faria até a pessoa mais ingênua considerá-lo perigoso. - Você tem um nome de verdade?

O REBELDE DO DESERTO(Taekook💜)Onde histórias criam vida. Descubra agora