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— QUE DROGA, FAZIM. — Eu o empurrei para longe. Pelo visto ele tinha escapado com vida da arena. E tinha me chamado de Bandido, então sabia de tudo. — O que você pensa que está fazendo?

Fazim me largou, enfiando as mãos nos bolsos. Ele se afastou dois passos de mim, até o limite das sombras entre as duas casas. Não precisava ficar tão perto para me vigiar. Ambos sabíamos que eu não tinha para onde correr.

— Você sempre arrasta pessoas para trás da sua casa para se vingar por terem dado uma joelhada na barriga da sua namoradinha? –  Me inclinei para trás, encostando na fraca estrutura de madeira.

— Casa comigo. —  Fazim disse isso tão de repente que por um momento apenas o encarei de boca aberta.

E então caí na risada.

Não havia como evitar. Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo. Como se realmente esperasse que eu dissesse sim.

— Que me pintem de roxo e me chamem de djinni se isso não for a coisa mais idiota que ouvi hoje.

Tirei uma mecha de cabelo ensanguentado do rosto.

Ele ainda estava sorrindo.

— Você tem olhos bonitos, sabia? Tinha alguém com olhos iguais aos seus em Tiroteio ontem à noite. O Bandido de Olhos Azuis, foi como o chamaram. Então pensei... poucas pessoas no deserto têm olhos assim.

Péssima hora para ele começar a usar o cérebro.

— Está dizendo que eu tenho algum irmão perdido por aí?

— Você sabe o que estou dizendo, taehyung. Fazim deu um passo na minha direção, e eu lutei contra tudo em mim que dizia para recuar. A apenas alguns metros de distância, o tumulto em torno do buraqi concentrava a atenção, mas naquele momento parecia que o mundo se resumia a Fazim e eu. – E vai se casar comigo para que ninguém mais descubra.

— E qual é o próximo passo? – Olhei de relance para a abertura entre as duas casas. Vi de relance um Hanbok colorido quando alguém passou correndo. Torci para que a próxima pessoa olhasse na nossa direção. — Você vai me contar que está apaixonado por mim e que todos esses meses com a Jisoo foram uma grande armação enquanto esperava pelo aniversário da morte da minha mãe?

Fazim deu um sorrisinho. Como se estivesse esperando que eu fizesse essa pergunta.

— Bem, até você capturar aquele buraqi, Jisoo era minha melhor chance na cidade de enriquecer.

— E ela vai te ajudar ainda mais nisso quando meu tio fizer a venda. – Então era por isso que Jisoo tinha se atirado na disputa? Para forçar um idiota a se casar com ela, por amor ou dinheiro?

— Veja bem, eu já pensei em tudo. – Fazim bateu com o dedo na cabeça. Ele era muito burro se estava se achando o cara mais inteligente do mundo. – Claro, se eu me casasse com Jisoo, conseguiria um pouquinho desse dinheiro. Mas, como foi você que o capturou, se você se casasse, o buraqi não pertenceria mais ao seu tio.

Ele pertenceria ao meu companheiro.

Maldito. Ele não era dos mais espertos, mas estava certo. E o pior de tudo: estava falando sério. Agora eu me encontrava na mesma situação da qual estava tentando escapar, só que desta vez a culpa não era do meu tio.

A raiva expulsou o medo de mim.

— Eu preferiria atirar em mim mesmo.

Eu preferiria atirar em você.

— Não precisa se dar ao trabalho. – Fazim ainda estava sorrindo, os dentes parecendo grandes demais para seu rosto bonito, – O Exército provavelmente vai se encarregar disso quando eu contar que você estava com aquele forasteiro que estão procurando.– Ele me despiu com o olhar, dos meus olhos azuis às minhas botas. – É claro que provavelmente vão te torturar primeiro.

O REBELDE DO DESERTO(Taekook💜)Onde histórias criam vida. Descubra agora