O fim

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O ideal para continuar escondida como Abel pediu era ficar no vestiário, ou melhor em qualquer sala do Allianz que seja designada apenas a equipe. Agora que tinha se resolvido com o uruguaio ela precisa fazer outra coisa, consolar um amigo que ela sabia que estava precisando. 

— O que tá fazendo aqui? — perguntou surpreso guardando o celular. 

— Longa história — sentou ao lado dele. 

— Envolve um uruguaio nessa história? 

— Sim envolve — segurou um sorriso. 

— Graças a Deus, ele estava insuportável ultimamente — forçou um sorriso e isso Giovana notou muito bem. 

— Como você está? 

— Bem ué — deu os ombros. 

— Danilo — colocou as mãos sobre os ombros dele. 

Era só um menino de 21 anos, cresceu nesse clube, viu diversas vezes a torcida gritar seu nome. Viu seus amigos subirem para o profissional, depois se despediu de cada um deles. Viu cobrança, viu amigos se perdendo, ouviu críticas e não foram poucas. 

O que o menino mais tranquilo e brincalhão do elenco guardava dentro de si? 

— Chateado, preocupado — suspirou. 

— Você sabe que nada vai apagar o valor que você tem nesse clube, né? — ele concordou mas ela não sabia que realmente tinha entrado isso na cabeça dele — Você é prata da casa Dan, foi essencial em tantos títulos, está tudo bem estar na numa fase ruim, todos os jogadores passaram por isso, não é como se a gente fosse esquecer quem você é. 

— Eu só não sei o que está acontecendo, eu não fui pra seleção e me deslumbrei e deixei de treinar e fazer meu trabalho, eu continuei normalmente mas parece que nada é o bastante — desabafou chateado — É como se eu tivesse desaprendido a fazer o que eu mais amo, e agora eu fui expulso num jogo tão importante como esse. 

— Dan erros acontecem, eu tenho certeza que todo mundo correu o dobro por você em campo, todos somos um, tá bom? 

Ele concordou mas em nada diminuiu o que ele sentia. 

— Não vai querer ver os pênaltis? — puxou assunto porque não queria que ela voltasse a falar sobre ele. 

— Não, acho que eu morreria se tentasse, e você? 

— Mesma coisa — ele riu e ela riu junto. 

Então ficaram os dois sentados na sala do almoxarifado, sem falar nada. Giovana só queria que ele soubesse que ele não estava sozinho, e se ele era a cria favorita dela dentro do campo, fora do campo se tornou mais ainda. Onde estava por mais abafado que fosse dava pra ouvir a torcida, em algum momento Giovana agarrou as mãos de Danilo, em momentos de decisões era comum ela fazer promessas malucas. A única coisa que importava era que realmente a classificação viesse, então só apertava as mãos do amigo orando por dentro. 

— Esse grito foi do Scarpa? — Danilo perguntou assustado enquanto ouvia a torcida gritando sem parar. 

— Com toda certeza — Giovana se levantou com os olhos arregalados. 

— Isso quer dizer que — ele piscou sem acreditar. 

— Conseguimos — se jogou nos braços do amigo abraçando ele com força. 

— Caralho que alívio Giovana — demorou mas abraçou a amiga com muito mais força. 

A torcida tinha razão, graças a Deus quando Danilo errava, erro esse erro não custava tão caro. Era como se Danilo fosse como o Gustavo Gomez, todo erro que o capitão comeria também acabava em final feliz. Como naquela final de campeonato Paulista, por exemplo. 

Daylight | Joaco Piquerez  +18 (REVISANDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora