04/08/2020 (Terça-feira)
Doyoung estava prestes a arrancar seus cabelos de tanto nervosismo.
Até o final de sua vida escolar seria assim? Viveria com medo de encontrar Jung Jaehyun pelos corredores?
O coreano preferiu abrir novamente as últimas folhas de seu caderno e passou a escrever mais uma série de palavras soltas, mas que conseguiam passar o sentimento sufocante que sentia.
Ando sem querer te encontrar
Medo de não saber o que falar
Quando decidi em ti confiar
Você não hesitou em me machucar
Terminando de organizar suas palavras, agora em frases estruturadas, Doyoung vê suas lágrimas pingarem na folha que obviamente mancha a tinta no caderno.
Por que aquilo doía tanto?
O garoto desperta de seu pensamento quando escuta o sinal tocar e vê em seus horários que sua próxima aula seria no ginásio. O coreano sempre odiou com todas as suas forças a ideia de dividir banheiro com vários garotos que sempre faziam piadas sem graças e competições pra ver quem tinha o maior pau dentre eles. Kim apenas sentia repulsa de todos.
Mas agora sua preocupação era outra. Como ele vestiria seu uniforme sem deixar que ninguém percebesse os hematomas em seu corpo? Aquela dúvida estava corroendo o cérebro do asiático que a cada passo que dava se aproximando do espaço, sentia seu estômago embrulhar.
Doyoung demorou tanto lutando contra seus próprios pensamentos, que estranhou quando adentrou o lugar e não havia ninguém, quer dizer, só havia uma pessoa tomando banho na última cabine... justo a que Doyoung geralmente usava.
— Doyoung? — O coreano congelou ao ouvir seu nome ser proferido.
Aquela era a voz do Jung. Infelizmente, Jung Jaehyun o encontrou.
Kim não responde, e agindo impulsivamente, ele se prepara para correr e fugir dali, porém Jaehyun é mais ágil e consegue segurá-lo em seus braços a tempo. Droga! Ele sempre esquecia que o reflexo do garoto era de se invejar.
— Doyoung, pare de fugir! Por favor, só me diga o que eu fiz de errado. — Yoonoh ainda o mantinha grudado em seu corpo, o impedindo de sair dali sem ao menos lhe dar uma explicação.
— Você não é nenhuma criança, se pensar mais um pouco vai saber o que fez de tão errado. — O mais novo fala virando-se e encarando o rosto do acastanhado que somente expressava confusão.
— Como? — O garoto soca com força a parede mais próxima, deixando o outro com medo, principalmente quando vê o sangue escorrer livremente entre seus dedos. — Me diz como...? Eu sei que errei em te bater naquela noite, eu sei disso. Eu me arrependo amargamente.
— Porém mesmo assim você me deixou jogado lá, todo machucado.
— Na hora eu só pensei que seria melhor sair dali. Me perdoe... eu precisava pensar.
— Saiu pra pensar e ainda assim não chegou à conclusão que sexo sem consentimento é crime? — Jaehyun o encara calado por longos segundos. — Viu? Não há o mínimo de arrependimento em sua face. — Ele fala com a voz embargada, dando sinais que iria chorar.
— Você está delirando, Kim Doyoung. Como ousa falar um absurdo desse?! — Inconformado com o que ouviu, Yoonoh grita o mais novo.
— Por que eu sou sempre o louco? — Doyoung o empurra com força. — Porque eu sou sempre o errado da situação? — Mais um empurrão lhe é dado.
— Pare de falar como se a culpa fosse só minha! Você pediu por aquilo! — Jaehyun grita perdendo a pouca paciência que tinha e começou a andar em círculos. — Eu sei que errei e quero pedir o seu perdão, mas tudo se torna difícil quando você fica agindo igual a uma crian... — A frase do garoto foi interrompida por um forte soco que foi acertado em seu rosto.
— Pare de falar besteiras! — Kim cospe suas palavras em Jaehyun. — Agir como uma criança? — Ele pergunta debochado. — Antes agir como uma criança do que abusar sexualmente de alguém.
Em uma rápida ação, Yoonoh o põe contra a parede, mas não coloca tanta força em seus braços como costumava fazer com as pessoas que lhe irritavam, ele apenas queria garantir que o outro iria conversar consigo olhando em seus olhos, sem mais fugas.
— Você sabe muito bem q-que eu nunca te machucaria, Kim Doyoung. — O olhar do asiático era penetrante e parecia ser verdadeiro, mas Doyoung não podia fazer isso consigo mesmo...
— Não me machucaria? O que você fez na noite da festa? — Doyoung rebate olhando fixamente pra ele. — O que você fez na porra daquela noite?!
— E-eu agredi você. — Nesse momento, Yoonoh já havia soltado o menor e baixado sua cabeça.
— Entendeu, agora? Suas promessas são totalmente infindáveis! E eu como vítima de sua manipulação, já deveria esperar algo assim.
— O que eu posso fazer pra que a gente possa conversar civilizadamente? Eu tô cansado disso... — Ele fala baixo, quase como um sussurro.
— Vá à polícia e confesse o crime que cometeu.
— Pra que isso? Ir à polícia pra confessar algo tão bobo? Nós podemos resolver isso como dois adultos!
— Me ensina.
— O quê? — Yoonoh o questiona completamente confuso.
— Me ensine a ser tão sonso a esse ponto.
— Sério que você vai vir com suas brincadeirinhas?
— Eu só esperava uma única coisa... que você se arrependesse do que fez, mas isso tá longe de acontecer.
— Eu tô arrependido, porra! — O garoto se altera e joga um vidro de sabonete líquido na parede. — Você não percebe que está me torturando se afastando de mim e agindo dessa forma? — O garoto fala segurando o rosto do menor, tendo suas respirações próximas um do outro.
— Tortura? Tortura é ter que olhar o meu reflexo e ver meu corpo cheio de hematomas. — Jaehyun desce seu olhar para o pescoço do mais novo que ainda tinha marcas arroxeadas de seus dedos, porém fixou sua visão em uma mancha vermelha em sua clavícula. — Todo dia eu tenho pesadelos... dói l-lembrar de todo o sangue que escorreu de mim. — Doyoung ainda estava com seu rosto colado com a do outro, e enquanto falava da sua triste situação, foi impossível não deixar suas lágrimas caírem.
— Uma última chance, Dodo... somente isso! O tempo que eu passei com você foi como um belo sonho pra mim. Você ilumina o meu caminho. Não podemos acabar desta forma. — Jung fala limpando as lágrimas paradas de seu rosto.
— Sonho? Sabe qual o meu maior sonho? É acordar e descobrir que você morreu! 'Cê já tá fazendo hora extra por aqui. — Doyoung fala e sai do vestiário. Já tinha perdido boa parte de sua aula naquela discussão que apenas lhe deixou cansado.
— M-morto? — Jaehyun sussurra pra si mesmo e deixa uma última lágrima cair. O coreano não conseguia explicar a dor que estava sentindo no momento.
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𝗺𝗲 𝗯𝗲𝗳𝗼𝗿𝗲 𝘆𝗼𝘂 ══ 𝗱𝗼𝗷𝗮𝗲
FanfictionEm um mundo onde máscaras são tecidas com fios de conveniência e reputação, Jung Jaehyun é visto como o garoto exemplar, uma figura admirada pela cidade, a encarnação da bondade e pureza aos olhos da mídia. Porém, por trás dessa fachada, aos olhos d...