| REMINISCÊNCIAS | ▪︎SasuNaru▪︎

CAPÍTULO 07 - CAUSA E EFEITO - Parte 02

          (Ainda há 13 anos.)

— Você está mais calado que o normal. Aconteceu algo?

Sakura cumpriu o combinado; um pouco antes das sete horas da noite, ela apareceu na rua do edifício em que eu morava. Eu a aguardava já do lado de fora, na sacada que dava acesso aos apartamentos. Assim que a vi, desci os dois lances de escada.

Ela sorriu ao me ver, com certeza contente por eu não ter fugido. Possibilidade que passou muitas vezes na minha mente, entre a visita dela, de manhã, e a sua há poucas horas.

Analisei a imagem da moça à minha frente, ao passo que me aproximava. Ela não trajava nada elaborado ou chamativo, mas estava diferente do que eu costumava ver no dia a dia. Vestia uma saia pouco acima do joelho e parecia usar uma camiseta de manga comprida do mesmo tipo de material do que julguei ser uma meia-calça. Deixava um efeito transparente nos braços e nas pernas. Por cima, ela usava um colete vermelho de gola alta com o emblema do clã Haruno, num vermelho um pouco mais escuro que o de costume. Não era uma mudança de vestimentas tão drástica, como disse, mas, além disso, me pareceu faltar algo.

A bandana ninja da vila.

Ela não estava usando hoje. Os fios, cor de algodão-doce, ainda contavam com uma faixa vermelha separando a franja um pouco mais longa do resto do cabelo, mas a plaqueta de metal com o símbolo de Konoha não estava lá.

Vi-a inclinar a cabeça sobre o ombro, como se perguntasse o que eu tanto analisava e como se repetisse seu questionamento anterior.

— Nada. Você está... diferente, só isso.

— Se é seu jeito de dizer que estou bonita, eu agradeço. Você também não está nada mal.

— Não foi...

— Prefiro ficar com o elogio, Uchiha, não estrague isso. Vamos?

Era irremediavelmente irritante.

— E onde vai ser, a coisa?

— Festa, Sasuke. Festa. — Ela corrige, parecendo cansada. — Não é uma palavra amaldiçoada, sabia?

— Está Haruno, onde é a festa?

— Para lá. — Ela aponta para a minha esquerda. Uma vez que estava de frente para mim, era sua direita, às suas costas.

— Suas habilidades de indicar direção eram melhores. — Pontuo, iniciando a caminhada.

— O que você quer, Uchiha, coordenadas?

— Quero saber para onde, exatamente, estamos indo.

— Okay, okay. — Ela suspira e assume uma postura muito mais séria. — Inimigo há dez horas, shinobi. — O tom de chacota veio disfarçado na seriedade da sua fala. Um desavisado ao ouvi-la poderia mesmo achar que estamos no meio de uma missão. — Melhor? — Ela questiona docemente em seguida, mas mantinha um sorriso cínico.

— Exagerado. Por que não diz logo que é na propriedade dos Hyuga?

— Ôh, público difícil. — Reclama, me acompanhando na caminhada. — Não disse, porque não é lá, é no campo de treinamento, atrás do casarão principal deles.

— Vamos logo, então. Quanto antes chegarmos, antes volto para casa.

— A propósito, toma. — Ela me oferece um pequeno embrulho e, quando me atento, percebo se tratar de um Kinpuu Noshibukuro⁵².

— Não é meu aniversário, Haruno.

— Eu sei, baka, é para você entregar a ele. Já coloquei o valor... — Ela diz, procurando algo na bolsa e tira de lá uma caneta. — Só assine.