| REMINISCÊNCIAS | ▪︎SasuNaru▪︎

CAPÍTULO 10 - ESCOLHAS

 As horas iam passando e tudo o que era audível naquela sala era o bater do carimbo na almofada tinteiro. A pressão dele sobre as folhas de papel era seguida de um rabiscar sobre elas.

Raridade te ver tão engajado em algo. Seus olhos corriam sobre as linhas, suas feições torciam vez ou outra e em pouco tempo o papel ganhava uma marca de carimbo e uma assinatura, para só então ser depositado em uma das muitas pilhas do seu lado direito.

— Sasuke, pare de me olhar assim...

— Assim como, dobe?

— Como se eu estivesse desenvolvendo um jutsu novo que você quer dominar. – Arqueei a sobrancelha sugestivamente e você me encarou com uma expressão tediosa. — Está me olhando como se eu fosse a coisa mais interessante do mundo...

— E o que te faz pensar que não é?

— Ora, Teme... Não pode dizer coisas assim. — Você afundou o rosto tingido de vermelho em um dos pergaminhos. Bufando e proferindo insultos baixinho. Era sempre adorável assistir.

— Já deveria ter se acostumado com isso. — Falei, apoiando a cabeça no encosto do sofá em que eu estava sentado, fechando os olhos.

À minha volta, tinham pilhas de caixas com documentos que eu havia separado e lacrado conforme seu pedido mais cedo, quando ofereci minha ajuda. Próximo à porta, havia dois sacos de lixo cheios, com as embalagens do almoço tardio que dividimos e das demais embalagens de Lamen instantâneo, que transbordavam sua lixeira de manhã. Seu escritório parecia ligeiramente mais organizado agora, e estranhamente seu semblante cansado tinha sido atenuado.

— Nunca consegui me acostumar...

— Talvez tivesse, se as coisas fossem diferentes. — Argumentei ainda com os olhos fechados.

— Quer mesmo falar disso?

Senti o peso do seu olhar, mesmo sem o ver. Não era um assunto complicado, mas sabe quando você evita algo por tanto tempo que a coisa passa a ser complexa e delicada de ser citada? Pois é...

— Não...Não precisamos. — Disse quando finalmente criei coragem para te devolver o olhar.

Muitos sentimentos, muitos pensamentos transmitidos num só segundo.

Você conseguia perceber todos eles, só de olhar para mim?

Não... acho que não. Para você, devia só ser mais uma resposta esnobe.

— Não foi o que perguntei, teme. Perguntei se você quer, não se precisamos.

Um clarão de um raio distante seguido de um estrondo roubou minha atenção. O tempo mudou rápido, o céu escureceu como noite; tinha uma tempestade chegando.

Me aproximei da janela, ainda aberta, sentindo o vento que arrastava aquelas nuvens pesadas na nossa direção.

— Não quero... Não quero saber o porquê de ter feito a escolha que fez. — Respondi, te olhando pelo reflexo do vidro. Você soltou um riso nasal ao se levantar e parar ao meu lado.

— Mesmo que quisesse, você não teria essa resposta, teme... Não teve um motivo, porque não teve escolha. Fiz o que era preciso, para proteger a vila...

— Sempre temos uma escolha, Dobe. Você me disse isso...

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Quão mais forte você ainda ficará?

Essa pergunta rodava minha cabeça enquanto eu te observava dormir, afastado do grupo.

Eu não deveria estar aqui. Estou tão perto, tão perto de finalmente concretizar minha vingança.