02 - Um garoto irritante

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Os cabelos brancos lisos, caídos sobre a testa, o sorriso debochado, óculos escuros, alto e tinha pose de quem era o cara mais bonito da terra. Eu fiquei surpresa, por mais óbvio que parecesse. É claro que a gente ia se esbarrar naquela escola, mas não pensei que seria tão rápido e que a gente estaria na mesma sala. Ele inclinou para trás e pôs os pés sobre a mesa com as mãos nos bolsos. Ao lado dele, uma garota de cabelos castanhos curtos e cara de entediada, do outro um rapaz tão alto quanto ele de cabelos pretos presos num coque e roupas largas.

— Satoru o que eu disse sobre colocar os pés sobre a mesa?

— Tá bom.

— Yosano. — O professor se virou para mim — Sou Masamichi Yaga, sou responsável por essa turma. Estes aqui serão seus colegas de classe. Se apresente por favor.

— Sou a Yosano. — Eu disse secamente.

— E...? — Yaga sensei ficou esperando eu completar a frase, mas desistiu quando viu que era só isso mesmo. — Ok, sente— se ali ao lado da Shoko.

Eu caminhei com certa dificuldade como se eu estivesse travada. Morria de vergonha de gente nova. Sentei ao lado da Shoko que me abriu um sorriso doce.

— Bem vinda. Sou Shoko Ieri.

— Obrigada. Muito prazer.

— Eu sou Suguru Geto. — O rapaz de cabelos pretos me disse gentilmente. — O babacão aqui é o Satoru Gojo.

O tal Gojo nem se deu ao trabalho de se apresentar. Tá bom, eu não fui muito amistosa. Mas, mesmo assim, eu achava ele irritante.

As aulas eram como todas as outras na parte da manhã. Eu não era uma aluna ruim, estava mais para esforçada. Tinha que estudar para valer. Meus colegas de classe pareciam estar acima da média.

Suguru Geto era calmo e analisava cada detalhe do que acontecia ao redor. Parecia estar sempre pensativo. Era inteligente, excelente em artes marciais, e tinha uma habilidade única, a manipulação de maldições. Shoko era excelente em reversão de feitiço, além de ter alguns conhecimentos médicos. E tinha o idiota. Que na verdade era um gênio. Não havia nada que ele não pudesse fazer. Inteligente, aprendia qualquer coisa numa velocidade espantosa, era excelente em artes marciais, manuseio de ferramentas amaldiçoadas e além de tudo sua habilidade era única e fazia séculos que não surgia na família dele.

Eu nunca fiz questão de saber sobre os três clãs. Zenin, Gojo e Kamo. Para mim eram todos farinhas do mesmo saco. Assim como o meu próprio clã, um bando de velho feiticeiro vendendo os filhos a fim de purificar técnicas hereditárias. No fim era tudo uma merda.

Eu terminei a aula naquele dia e fui para casa pensando em como seria conviver com pessoas que simplesmente não tinham nada a ver comigo. Sentia falta do Gyu e da Mayu. Eu saí antes de todo mundo enquanto eles conversavam sobre a técnica da Shoko e fui me afastando, eu não queria voltar o caminho todo ouvindo aquele cara.

Eu já estava chegando próximo a estação do metrô, quando vi o irritante se aproximar. Pensei em simplesmente fingir que não vi e continuar meu caminho. Entrei no metrô que estava lotado e fiquei em pé, até porque não tinha opção. Senti alguém encostar em mim e eu fiquei extremamente desconfortável. Ser encoxada no metrô não era muito agradável. Pelo reflexo do espelho eu vi o cara mexendo na calça, fazendo uma expressão que me deu nojo. Eu tentava me afastar, mas ele encostava mais. Eu fiquei me sentindo ainda pior porque estava de saia. Eu as odiava. Eu poderia arrumar uma briga, poderia, mas sabe quando você fica tão desconfortável que não sabe como reagir? Era assim que eu me sentia. Quando eu pensei que o pesadelo não ia ter fim senti alguém segurar firme meu pulso que segurava a alça da mochila e me puxar.

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