Kira
Eu não estava tendo dias muito fáceis. Por um lado foi bom ter meu filho de volta. Por outro lado, vi meu pai ser morto e me senti culpada. Como se eu pudesse ter feito alguma coisa diferente. E eu ainda teria que trabalhar de graça por cinco longos anos.
Devolvi a Naku Mibojin, e ainda confessei todos os meus crimes. Mas, nada traria aquelas pessoas de volta. E o rosto delas estava na minha mente todas as noites.
Eu não quis voltar para a residência dos Yosano's mesmo com toda a insistência de Hiei. Aquele lugar só me trazia lembranças ruins. E ainda tinha Haru em algum lugar do país, provavelmente jurando vingança a todos nós.
Claro que havia tido coisas boas. Satoru se mostrou um pai melhor do que imaginei. Ele buscava o Ren pelo menos de uma a duas vezes na semana e passeava com ele. Ren estava encantado com o pai. Mas, as coisas entre nós estavam estranhas. Ele passava mais tempo nas missões e a gente quase não se via. Acho que ficou algo meio subentendido. E eu ainda estava tentando lidar com meus próprios problemas.
Encolhi os ombros e coloquei as mãos nos bolsos do casaco, estava bem frio aquele dia. Ir em cemitérios era sempre algo que me deixava tensa.
— Cadê o Ren? — Gyu perguntou.
— Na escola.
— Se quiser desistir a hora é agora. — Gyu disse andando ao meu lado.
— Não. Eu preciso.
— Estranhei quando me ligou. Achei que seu namorado viria com você.
— Ele não é meu namorado.
— Pensei que tinham se acertado. Afinal, você estava literalmente dando tudo de si para isso.
— Isso é ironia, Gyu? — Perguntei irritada.
— Claro que é. Acha que não vi vocês naquele depósito?
— Que porra! Sabia que a gente tava lá, era só não ir ver!
— Eu lá ia imaginar que vocês estavam transando numa cabana enquanto o filho de vocês estava sequestrado?
— Você me faz parecer uma pessoa péssima.
— E não é? Ele não quis nada sério com você, nunca te chamou de namorada, queria te matar e você ainda foi lá e deu para ele?
— Gyu! Você não entende! Nós somos... muito intensos.
— Faz o seguinte Kira: Tira o sexo da relação de vocês e vê o que sobra.
— Gyu, isso nem importa tá? Ele é o pai do meu filho. Só isso. Até porque você não pode falar nada. A Mayu te ligou? — Eu devolvi na mesma moeda.
— Não... mas, é melhor assim.
— Eu me sinto culpada por não ter dito nada a ela.
— E eu... pelo que fiz.
— Esquece. Não dá para voltar no tempo.
Disso eu entendia bem. De remorso e arrependimento. Principalmente quando parei diante do túmulo da minha família. Era estranho para mim. Eu estava feliz e triste ao mesmo tempo. Eu juntei as mãos em oração e depois acendi um incenso.
— Achei que você estava feliz com a morte dele.
— Não. Tá doendo pra caramba. Mesmo que ele fosse um péssimo pai. E também tinha Kaede. A hipócrita da minha madrasta. Mas, eles foram a família que conheci.
— Eu entendo. De verdade.
— Só você entenderia.
Eu sentia mesmo. Do fundo do meu coração. Não queria nada daquilo tivesse acontecido. Queria que fossemos uma família. Vai ver era tudo isso que eu queria. Caminhamos o trajeto de volta em silêncio. Eu percebi que Gyu queria me dizer alguma coisa desde que chegamos ali.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dragão Fantasma
Fanfic[NÃO RECOMENDADA PARA MENORES DE 18 ANOS] Kira cresceu num lugar ruim e sem expectativas, a mãe fugiu com o amante, o pai a odeia e ela ainda tem lidar com as hostilidades da madrasta. Tudo muda quando o pai a manda para uma missão no Colégio Técnic...