24 - Melancolia

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Kira

Os cinco estágios do luto.

Negação

A negação é uma resposta instintiva à dor e ao choque da perda. Nesta fase, a pessoa cria uma barreira temporária para proteger a si mesma do impacto emocional avassalador.

Raiva

A raiva surge quando a pessoa começa a aceitar a realidade da perda e se sente injustiçada ou traída. Essa emoção pode ser direcionada a outras pessoas, como familiares, amigos, médicos ou até mesmo quem que partiu.

Barganha

A fase da barganha é marcada por um desejo intenso de reverter ou aliviar a dor da perda. A pessoa pode fazer promessas a si mesma, a Deus ou a outras forças superiores, na esperança de que isso amenize a dor.

Depressão

A é uma resposta natural à perda, e é o momento em que a pessoa realmente sente o peso da ausência. É aquele momento em que a realidade da perda é plenamente sentida, e a pessoa pode experimentar profunda tristeza, desânimo e desinteresse pelas atividades diárias.

Aceitação

Independentemente da ordem anterior, a aceitação é o estágio final do luto, no qual a pessoa começa a se adaptar à nova realidade sem a presença do ente querido. Ela não significa que a pessoa esqueceu ou superou completamente a perda, mas sim que está aprendendo a viver com ela.

Uma explicação resumida que define normalmente os sentimentos de quem está de luto. Só que para mim eu só sentia uma tristeza. Como se minha alma não habitasse mais meu corpo. Era como uma casca vazia que respirava com muito esforço.

Eu nem lembro direito como as coisas aconteceram depois da notícia. Mayu que depois me disse que passei três dias sem comer, sem dormir, chorando deitada no chão abraçada com uma foto dele. Acho que se Mayu e Ren não estivessem ali comigo eu teria definhado imersa no mar mais profundo do desespero.

Sabe quando a vida parece estar se esvaindo de seu corpo? Era o que estava acontecendo comigo. A comida não tinha sabor, na verdade eu mal comia. Os dias eram cinzentos, não havia nada que me divertisse ou me alegrava e me dava qualquer tipo de emoção. Eu parei de ir a terapia, mesmo com a psicóloga ligando sem parar. Eu não abri mais a loja. Com o tempo, acho que entediada, Mayu tocou a loja, cuidou do meu filho. Eu estava morta em vida.

E eles tentaram me ajudar. Ren estava preocupado comigo, levava comida para mim, penteava meu cabelo. Eles se importavam comigo, mas eu não tinha mais forças para mais nada.

— Mãe... você tem que comer...

— Eu... como mais tarde filho.

— Você diz isso toda vez e não come nada. E a tia Mayu falou que você tem que tomar banho, sair desse quarto.

— Eu to bem meu filho. É só uma fase.

Uma fase.

Uma mentira absurda que contava para mim mesma. A dor não passava nunca. Ren se importava, e eu me esforçava, mas eu não conseguia agir de outra forma, meu corpo estava pesado.

— Mãe, eu e a Tia Mayu vamos jogar banco imobiliário, vamos?

— Hoje não meu filho.

Eu às vezes saía de casa em direção à praia e ficava ali de frente para o mar sentindo a brisa tocar meu rosto, olhando para toda aquela água e pensando se seria fácil acabar com a minha vida ali. Será que onde ele estava, nós nos encontraríamos?

— Kira! Vem pra dentro! Tá frio aqui fora e você... tá de pijama. — Mayu disse olhando ao redor, e me guiando para dentro. — Eu enchi a banheira para você tomar um banho.

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