16 - Ren

31 2 1
                                    

CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA 


Kira

Eu senti meu peito queimar. Eu só pensava no meu filho a todo momento. A barreira ainda permanecia sólida, eu sabia que em algum momento Satoru iria quebrá-la. Mas, até lá eu teria que ser forte. A casa ficava no alto em meio às árvores praticamente escondida. A escadaria gigante tinha no mínimo uns 300 degraus e era totalmente irregular. Quando começamos a avistar a casa Hiei me puxou pelo braço.

— Vamos pela floresta. — Hiei disse sussurrando.

— Por quê?

— Avistei pelo menos três escondidos. Vão pela floresta. A subida vai ser mais íngreme, porém fica mais fácil de nos escondermos. Use um dos seus youkais e leve o Gyu até o topo de uma das árvores. Atire em tudo que se mexer. — Hiei disse sério. Meu tio sempre foi muito bom no que ele fazia.

— Certo. — Gyu não via maldições, mas não era considerado uma restrição celestial. Os anciãos diziam que a genética da família dele foi se perdendo e ele simplesmente nasceu como um humano normal. O que a gente fazia por ele era disponibilizar ferramentas já imbuídas com energia amaldiçoada como óculos e as armas que ele usava.

— Gyu, eu serei eternamente grata a você. — Eu disse segurando o choro.

— Kira, não fale dessa maneira. Até parece que isso é uma despedida. Vamos sair bem e com o Ren.

— E me perdoe por tudo. Eu nunca quis magoar você. — Gyu me deu um abraço apertado. Mesmo que nós estivéssemos num mau momento e ele provavelmente estava magoado. Eu o abracei cada vez mais forte. — Eu amo você Gyu. Aconteça o que acontecer, cuida do Ren.

— Eu também amo você. Muito e você sabe. — Gyu estava segurando o choro como eu. A gente se amava sim. Mesmo que de formas diferentes e cuidávamos um do outro desde sempre.

Eu usei a minha técnica e uma arraia, que era de uma jovem feiticeira com quem eu havia feito pacto desde os 14 anos. Gyu subiu na arraia e a mesma o levou até o topo de uma das árvores mais altas que tinha ali. Do alto ele teria a visão de tudo. A arraia também seria sua guardiã em caso de ataques surpresa. Gyu era um excelente atirador, para nossa sorte.

Eu e Hiei subimos o morro íngreme com dificuldade. Não dava para poder ficar usando energia amaldiçoada demais, ou ficaríamos rapidamente sem energia. Quando nos aproximamos da casa fomos nos esgueirando pela floresta. Hiei se deitou atrás dos arbustos e acenou para que eu fizesse o mesmo.

— A casa está cercada, uns 20 a 30 homens. Precisamos nos separar.

— Ok. Mas, pode ser perigoso estarmos separados. — indaguei preocupada.

— Separados teremos mais chances. Não se preocupe com nada, a prioridade é o Ren. Se um de nós ficar para trás não volte para buscar, ok?

— A prioridade é o Ren. Mas, por favor, sobreviva. Jamais me perdoaria se algo acontecesse a você.

— Fique tranquila, anjo. Sou um general, lembra? — Hiei sorriu para mim. Um sorriso que não me convencia. Provavelmente ali seria nossa última conversa.

Eu vi Hiei se afastar enquanto se escondia. Eu fui para o outro lado. De longe vi um dos homens se aproximar de Hiei, fiquei em pânico e pensei em correr, gritar. Tudo parecia acontecer tão rápido.

— Hi... — A cabeça do homem foi perfurada antes mesmo que eu conseguisse abrir a boca direito. Gyu havia nos protegido de longe.

Respirei aliviada e continuei meu caminho. A invasão deveria ser silenciosa. Se chamasse mais atenção, tudo poderia ir por água abaixo. Lentamente fui abatendo os primeiros guerreiros do meu pai. Ele havia se isolado em algum canto da casa e tudo que eu via era apenas os seus capangas, ou seja lá que nome ele deu para eles. Os cômodos estavam vazios com exceção de seus subordinados que apareciam em pontos estratégicos. Como não dava para simplesmente chegar e bater na porta, nós fomos ao entardecer e cada vez mais escurecia. As luzes da mansão estavam praticamente todas apagadas. A intenção dele realmente era dificultar ao máximo.

Dragão FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora