Caminhos

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Ele tinha dado tudo de si, passara todo o resto de noite e o próximo dia todo correndo o máximo que conseguia, ele não percebeu quando as lágrimas pararam de cair, mas mesmo que os olhos não expressassem, a cada passo na direção oposto do mago, Luciano sentia uma pontada no coração. Quando começou a anoitecer ele finalmente sentiu o corpo clamar por descanso, era como se aquela energia infindável finalmente tivesse se esgotado. Aos poucos a corrida se tornou uma caminhada e o caçador sentiu um frio na nuca.

- O que foi Azi?

- {Você precisa descansar}

- Logo a gente vai chegar naquele rio, quando subir na balsa eu descanso.

- {Ta anoitecendo Luciano!}

- Mais um motivo pra não parar.

O rato não respondeu, ele apenas deu uma mordida forte no pescoço do caçador.

- CARALHO AZI!

Mas tinha dado certo, Luciano tinha finalmente parado de andar.

- {Sobe naquela árvore e dorme um pouco!}

- Só um pouco ok? Tu me acorda daqui uma hora?

- {Acordo...}

O caçador sentiu os músculos fadigarem conforme subia na árvore indicada pelo amigo e se apoiava de forma que não fosse cair após adormecer. Luciano passou algum tempo encarando o horizonte antes de falar novamente, a voz tinha começando a ser tomada pelo sono.

- A casa dele fica indo naquela direção...

- {Que?}

- A casa do Martín... É por ali...

Azriel não sabia o que responder, ele sentiu toda a tristeza que envolvia a voz do amigo. Parecia que fazia uma eternidade que eles tinham saído da casa do mago, o roedor sentiu o próprio coração apertar com as lembranças.

- Você acha que ele vai tentara vir atrás de mim?

- {O que a madame acha?}

- Idiota... Espero que o Francis e o Drazen não deixem ele fazer isso... – A voz ficava cada vez mais baixa e sonolenta.

A rataza apenas se aninhou ao pescoço do caçador, ele riu dentro da própria mente "como se alguém fosse impedir Martín de fazer o que quisesse". Azi podia imaginar que o mago estava dando tudo de si para encontrar Luciano o quanto antes, ele só torcia para que Martín chegasse antes de algo pior acontecer.

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Azriel não acordou Luciano depois de uma hora, o rato fez uma oração silenciosa para que o caçador se perdesse em seus próprios sonhos e demorasse bastante para acordar. Mas a agitação do roedor conforme a madrugada se estendia foi o suficiente para despertar o moreno.

Em seus sonhos o caçador sentiu um calor familiar. Ele estava deitado e abraçava com força o corpo que estava colado ao seu, ele passou a mão delicadamente sobre a cabeça cheia de fios dourados, acariciando com amor e ternura.

Aquela sensação boa começou a se afastar, o calor foi esfriando e Luciano acordou, ele estava apoiado em uma árvore no meio do nada, seu coração parecia despedaçado e lágrimas se acumularam nos olhos. O caçador sabia que tinha se passado muito mais de uma hora, porém, estava com medo de falar alguma coisa e começar a chorar. Então ele apenas levantou e seguiu seu caminho, sem dizer absolutamente nada.

Azriel se sentiu levemente culpado quando viu que o amigo nem tentou brigar com ele ao acordar, o rato conseguia sentir toda a dor e angustia que preenchiam o coração de Luciano, então, conforme o caçador começava a se mover, ele foi até o peito do amigo e abraçou o mais forte que conseguia, o rato chorou baixinho conforme eles se moviam.

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