Time Matt, por Maria

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Terminei meu trabalho e estava louca para ir para "casa". Não posso chamar um hospital de casa, mas era o que eu tinha, e precisava muito ficar com minha mãe, transmitir forças para que melhorasse logo.

George sempre me buscava primeiro, pois a casa que eu trabalhava era a última do bairro. Então ele vinha fazendo a rota de saída e as outras funcionárias iam entrando uma a uma. Antes de descer na agência, George falou comigo.

– Fique Maria. Eu preciso deixar essa van na oficina para a manutenção e vou passar a uma quadra de distância do hospital onde sua mãe está.

– Sério? Nem acredito que vou chegar mais cedo. Eu nem sei como te agradecer.

– Não precisa, minha querida. Apenas me prometa que vai continuar cuidando de sua mãe com esse carinho todo.

– Não preciso prometer. Ela é a razão da minha vida.

Fomos embora e como havia previsto, cheguei quase 40 minutos antes do normal. Minha mãe estava mais animadinha naqueles dias e o assunto favorito dela? Matt Summers. Ela estava acompanhando ao programa de TV que ele fazia parte e metade do hospital já sabia que eu trabalhava na casa dele.

O episódio novo estava para começar e como eu sabia que a televisão entreteria minha mãe por algumas horas, fui tomar meu banho. Meu cabelo estava enorme e lavá-lo demorava bastante, secá-lo então? Nem se fala. Deixava para fazer isso quando estava no hospital, meu tempo de descanso na casa do senhor Summers era precioso demais para desperdiçá-lo com essas tarefas.

Saí do banho e avisei minha mãe que iria comer algo no refeitório do hospital. Passei pelas enfermeiras responsáveis pelo atendimento à minha mãe e desci. A pior coisa de trabalhar naquela mansão, era ter me acostumado com a comida saborosa de Philippe. Encarar comida de hospital depois daquilo era dureza.

Não aguentei comer muito, mesmo porque eu quase nunca sentia fome, comia porque não podia ficar fraca ou doente. Voltei para o quarto de minha mãe e me sentei ao lado dela.

– Seu patrão está armando alguma – Disse assim que sentei.

– Por quê?

– O programa já vai acabar e ele só tem 7 participantes no time – Explicou.

– E o que tem de errado nisso?

– Santa Virgem de Guadalupe! Você não prestou atenção quando eu te expliquei as regras do programa? Todos os artistas precisam de 8 no time. Oito! – Minha mãe ficou brava.

– Tá bom, desculpa – Eu me virei para a TV.

Bom Matt, você é o único que tem 7 membros no seu time, todos os outros times estão completos e todos os candidatos selecionados para audições aqui no palco já se apresentaram. Você gostaria de chamar algum deles para uma segunda chance?

Na verdade Bryan, eu já tenho meu oitavo participante. Acho que o vídeo que eu deixei com a produção está no ponto para rodar, então, eu quero lhes apresentar minha última candidata. Diretamente do quadro de funcionários da minha casa, para o Sing Off.

Antes mesmo que eu processasse as últimas palavras do meu patrão, entrou uma filmagem na tela. Era uma câmera posicionada bem acima da porta de entrada do closet da suíte master da casa de senhor Summers. Quando a porta se abriu e uma pessoa entrou trazendo algumas camisas sociais, uma tábua de passar e um ferro, meu coração parou.

A moça armou a tábua, ligou o ferro em uma tomada, conferiu algo no closet, tirou as camisas dos cabides em que estavam, colocou os fones de ouvido e mexeu no celular.

Ela começou a passar a primeira camisa quando sua voz ficou audível para todos os Estados Unidos e sabe-se lá mais quantos países do mundo. A música que ela cantava? Alive, da cantora Sia. 

Maria (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora