Maria (Completo)

O Primeiro Corte, por Maria

Às vezes eu tinha a impressão de que ia desmaiar, em outros momentos eu sentia vontade de vomitar. Depois da minha apresentação no programa, fui direto para o camarim, precisava relaxar. Era uma pena eles não servirem bebidas alcoólicas, ou eu teria ficado bem bêbada.

Por uma televisão colocada no camarim eu pude ver as apresentações dos outros participantes e todos eles foram tão melhores que eu e ficou bem óbvio que eu não passaria daquela rodada. No primeiro intervalo, Matt veio nos ver e falou um pouco comigo. Eu me sentia envergonhada, como animal acuado, mas meu instinto não era o de lutar e sim o de correr. Correr para o mais distante que minhas pernas conseguissem.

A última apresentação da noite foi a de um roqueiro chamado Nick e ele me trouxe lágrimas aos olhos. Ele cantou uma das músicas favoritas do meu irmão e qualquer menção ao John me partia o coração. Nunca me perdoei pelo o que aconteceu a ele e aquilo ficava martelando na minha cabeça quando algo ou alguém me fazia lembrar.

Fomos chamados ao palco, pois aquele seria o momento da verdade. Dois de cada time passaríamos pelo voto popular e dois seriam salvos pelo técnico. As luzes do palco me deixavam cega, o barulho da plateia me deixava surda, o vestido que eu usava era tão apertado que dificultava o meu caminhar, sem falar nos saltos que também não ajudavam. Admito que a produção me deixou muito mais bonita do que eu jamais seria, mas só eu sabia o quanto me custava tudo aquilo.

O apresentador do programa, Bryan Lynn era um espetáculo à parte. Além dele ser lindo, educado, charmoso, ter um corpo másculo, ele sabia como entreter a plateia e como tratar os participantes do programa de uma forma muito diferente. Ele não nos conhecia intimamente, mas nos tratava como se fôssemos velhos amigos e sua simpatia aliados ao seu lindo sorriso o tornavam excepcional.

Entramos ao vivo e Bryan começou a conversar com os jurados, e depois com a plateia. Eu não estava entendo muito bem o que estava acontecendo e o ponto que eu tinha no ouvido ficava fazendo um eco das palavras que embaralhou tudo.

– ... Matt, o que você tem a dizer para seus candidatos – Eu tirei o ponto do ouvido e entendi aquela parte da frase.

– Eu só desejo sorte. Todos fizeram um trabalho incrível, proporcionaram uma experiência musical digna de qualquer concerto para essa plateia maravilhosa e para o público de casa. Todos merecem passar, todos têm chances reais de passar para a próxima fase e principalmente, para aqueles que saírem, muitas portas estarão abertas graças a essa noite.

– Belas palavras Matt. Eu já tenho o resultado em mãos – Bryan tirou um envelope do bolso do paletó – E o primeiro nome... Do time Matt Summers... Que passa para a segunda rodada é... – Sua fala pausada e aquela tensão criada quase me fizeram morrer - DYLAN THOMPSON!

Foi uma gritaria sem tamanho naquele estúdio. E foi merecido demais, o Dylan arrasou na versão acústica do Eminem e era um fato que ele estaria salvo. A música de tensão voltou a tocar no estúdio e Bryan voltou a falar pausadamente até anunciar o segundo nome. Ao anunciar Diana, suas pernas falharam e ela quase caiu, mas foi amparada por Kevin que estava ao seu lado. Diana abraçou cada um de nós e se juntou à Dylan do outro lado do palco.

Agora era o momento da verdade, mesmo estando muito nervosa e um pouco envergonhada de estar ali no palco, eu me sentia em paz. Sabia que eu ia para casa e poderia voltar a me dedicar a cuidar da minha mãe e não achava que Matt me dispensaria do quadro de funcionários da mansão.

– ... Matt, quem você salva? – Eu senti Thomas segurando minha mão e ouvi Bryan perguntar.

– A primeira pessoa que eu salvo... – Matt fez uma pausa e meu coração parou – É a Maria.

– Maria Smith! Salva pelo seu técnico Matt Summers! – Anunciou Bryan e eu fiquei procurando a tal Maria, olhando para os lados.

– É você, Maria! – Thomas soltou minha mão e me abraçou – Parabéns!