Virando o Jogo, por Maria

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Quando Matt chegou em casa, estávamos todos reunidos na sala de música e apesar dele estar com uma cara meio brava, ele se juntou a nós no piano e nos fez cantar.

Aliás, tudo o que nós fazíamos naquela casa envolvia cantar. Ouvíamos música, estudávamos música, cantávamos música, nós respirávamos música.

Não me sentia muito bem com toda aquela pressão, havia me desacostumado com aquele tipo de coisa. No dia seguinte, não teríamos compromissos com o programa e de manhã, depois de ser acordada pela buzina do inferno e passar pelo treinamento militar que Matt nos impunha, comecei a ensaiar minha música.

Aquela rotina se repetiu pelos dias que se seguiram até que um dia antes do primeiro programa ir ao ar, eu me apresentaria no segundo, fomos para o estúdio gravar vídeos. Eu não entendia o que tanto aquele povo filmava se quando o programa ia ao ar, das 20 horas de gravação que eles faziam, passava uns 2 minutos.

Assim que eu terminei de gravar um vídeo para a produção, tive a grata surpresa de encontrar Nick. Era hora do almoço e tínhamos o tempo livre. Fomos para um restaurante que ficava meia quadra de distância do estúdio.

Nick era tão bonito que chamava a atenção das mulheres no restaurante e eu me sentia como um ET. Nós não tínhamos nenhuma atitude que mostrava que éramos um casal, mas eu sentia os olhares das mulheres querendo me matar para poder agarrar o cara. Seria cômico se não fosse trágico.

– Posso fazer uma pergunta indiscreta? – Soltei.

– Se não se importar com a resposta que vier, tudo bem – Respondeu Nick e eu percebi que ele era sagaz.

– Você tem namorada?

– Não, sou solteiro. Interessada? – Ele perguntou sorrindo de forma maliciosa.

– No momento, não – E eu estava sendo sincera. Juro! – É que você chamou atenção de algumas moças aqui no restaurante e eu não quero ser o pivô de uma briga.

– Relaxa – Nick deu uma gargalhada – Ninguém vai puxar seu cabelo e fazer um escândalo por minha causa.

– Ufa, menos mal.

– Mas você, com certeza, tem namorado.

– Se eu disser que não, vai acreditar?

– Mentira, você é linda, deve ter fila de caras batendo na sua porta.

– Eles teriam que fazer fila num hospital, o que seria complicado.

– Como assim?

– Minha história é digna de um drama mexicano, não quero estragar nosso almoço com lamentações.

– Pode falar, eu quero saber mais sobre você.

– Eu sou de Albuquerque, mas minha mãe desenvolveu um tipo raro de câncer e nos mudamos para LA para que ela fizesse o tratamento. Vendemos nossa casa, carro, deixamos tudo o que tínhamos e viemos. O seguro de saúde da minha mãe cobre parte do tratamento, mas algumas coisas nós precisamos pagar. Uma das formas que encontramos de economizar nosso dinheiro, foi não alugando nada aqui em LA.

– Como assim? Vocês moram onde? – Perguntou Nick levantando apenas uma das sobrancelhas o que fazia seus olhos azuis ficarem ainda mais lindos.

– Minha mãe está no hospital e não sai de lá, e como ela tem direito a acompanhante, eu fico com ela. Então eu basicamente moro no hospital com ela.

– Deve ser horrível morar em um hospital quando não se está doente.

– No começo foi bem difícil, não ter minha cama confortável, não ter privacidade, reduzir toda uma vida de roupas, sapatos e objetos pessoais para caber em uma única mala média. Hoje eu já me acostumei.

Maria (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora