Show Time, por Matt

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Vi Nick descer as escadas e caminhar até o pátio interno da casa.

– Nick?

– Acabou, Matt. Você ganhou. A Maria não quer nada comigo.

– Do que você está falando?

– Ela me deu um fora! Ok? Pode ir lá pegar seu prêmio.

Antes que eu me desse conta, minha mão direita já tinha acertado o rosto de Nick.

– Retire o que você disse! Ela não é um objeto! Um prêmio.

Nick se ajoelhou e começou a chorar. Eu fiquei sem reação ao ver aquele homem, daquele tamanho, chorando copiosamente. Eu não sei porque, mas me abaixei para consolá-lo e Nick apoiou a cabeça no meu ombro.

– Por que dói tanto?

– Desculpa.

– Não é aqui – Nick apontou para o rosto machucado e depois para o peito – É aqui.

– Põe pra fora que melhora.

Eu fiquei um tempo com Nick no pátio e depois fomos para dentro da casa. Ele foi para seu quarto e eu para o meu. No dia seguinte Maria ia visitar a mãe no hospital e depois ia para o estúdio do programa ensaiar com Cassie e Ashley. No café da manhã Nick parecia ter sido atropelado por um caminhão.

Ele tinha a cara mais dura que eu já soquei na vida. Meus dedos estavam doloridos e ele tinha um pequeno vermelho na maçã do rosto. Eu nunca tinha reparado em suas feições antes, mas agora olhando com calma eu não tenho certeza porque qualquer mulher o rejeitaria. Todos esses anos ganhando pouco trabalhando como mecânico e cantando em bares por alguns trocados quando ele poderia estar estampando capas de revistas de moda ou desfilando nas maiores passarelas do mundo.

Ele não era apenas um cara bonito, ele era lindo e tudo nele combinava. O tom de pele, a barba, os cabelos compridos, os olhos azuis, o sorriso. Eu não quero me gabar, eu sei que eu sou bonito, mas sinceramente não sei se tão bonito quanto ele. Sem contar o fato de que ele canta como um deus do rock. Tem graves potentes, uma voz forte e marcante e vai de um D4 para um G5 como se fosse a coisa mais natural para um homem.

– Como você está, Nick?

– Anestesiado.

– O que acha se trocarmos sua música de amanhã?

– Trocar?

– Eu venho do teatro musical, nós usamos música para contar uma história, expressar um sentimento. E a música é uma coisa muito poderosa. Ela pode te afundar em tristeza quanto pode aliviar um coração partido.

– E o que eu cantaria?

– Você deve conhecer uma música ou duas pra expressar o que você está sentindo.

Dei dois tapas em seu ombro e disse que se precisasse de mim eu estaria na sala de música. Liguei para Barbie e pedi ajuda com a questão fisiológica de Maria e falei para não poupar gastos. Dispensei a van da produção do programa e meu motorista buscou Maria pessoalmente e a levou para o lugar que Barbie indicou. Eram quase 9 da noite quando Maria chegou em casa.

Ela agradeceu pelos cuidados e disse que estava se sentindo bem melhor, mas muito cansada e foi dormir. Peguei uma garrafa de vodca no bar da sala de jogos e fui para meu quarto. Eu já estava quase dormindo quando escuto batidas na porta. Deveria estar acontecendo um incêndio, meus empregados tem ordens claras de nunca me incomodar.

Abri a porta e era Nick. Ele estava só com uma calça de moletom e eu não sabia se ficava assustado ou admirava sua forma física. Ele pegou minha mão direita e colocou algo nela, depois se virou e foi embora. Olhei minha mão e tinha um pequeno ipod. Procurei um fone de ouvido numa gaveta e coloquei o aparelho para tocar. Eu posso ter perdido Dylan, mas Nick estava mostrando seu valor como artista.

Maria (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora