S.O.S - Amizade também machuca.

Para Sempre Minha Garota

Ana Júlia estava muito feliz namorando seu amigo de infância, Gustavo era um bom garoto, ela se surpreendia com ele a cada dia que passava ao seu lado. A garota também estava apaixonada, jamais pensou se apaixonar tão rápido por outro garoto, quando seu romance com Isak fracassou, ela pensou que não iria conseguir sentir o que sentia por ele por mais ninguém, mas ela estava errada, Gustavo conseguiu o que queria, ela se apaixonou por ele e bem mais do que quando ficava com Isak.

Em uma noite de quarta feira, Ana Júlia estava em casa, e ao se aproximar com o prato de comida para alimentar sua mãe, a garota explodiu pela primeira vez, a mãe havia se recusado a comer, fazendo a menina se revoltar.

- Chega! Eu estou cansada disso! Estou cansada de sempre agir como se eu fosse a sua mãe! - ela gritou, tirando a coberta da mãe, jogando-a no chão, a mulher que estava deitada, se assustou com o grito da filha e se virou horrorizada.

- Por que você não consegue ser a minha mãe? Não vê que eu preciso de você? Eu sou adolescente mãe... eu ainda não sou uma adulta! Estou cansada de fazer tudo sozinha, eu deveria apenas me divertir e estudar, mas sabe o que eu tenho feito? Tenho feito coisas de aulta desde que você entrou nesse quadro depressivo! Eu pago as contas da casa, eu arrumo tudo, eu te alimento, eu lavo roupas, eu estudo, e não sobra nenhum tempo para eu me divertir direito! Eu nem costumo sair nos finais de semana, por sua causa, mãe! Eu tenho que lidar com o cansaço físico e mental de ter uma mãe doente em casa, e sabe o que é pior? Você nem tenta melhorar! Você simplesmente se entregou a essa cama e não sai nem para tomar banho direito! Eu choro quase todos os dias por sua causa... eu não aguento mais isso! O pouco que eu tenho me divertido é ao lado do meu namorado e da minha amiga, namorado que você nem sabe que eu tenho e amiga que você também não conhece!

Eu sei que você perdeu o seu marido que tanto amava, mas eu também perdi um pai! Ele era o meu pai, eu também o perdi, você deveria ter ficado comigo, me ajudado, poderíamos ter superado isso juntas! Mas você preferiu se fechar no casulo e não sair mais... na verdade, eu perdi um pai e perdi uma mãe... eu estou cansada disso, eu só queria poder ser uma adolescente normal, eu sinto saudades da mãe que eu tinha... eu sinto saudades todos os dias! - a menina despejou tudo, lágrimas escorriam por seu rosto, ela caiu de joelhos no chão, chorava alto, pela primeira vez ela havia confessado tudo o que sentia, tudo o que a machucava, coisas que ela reprimia por medo de que a mãe piorasse, ela não aguentou mais esconder.

Ana Júlia teve uma grande surpresa, enquanto a garota chorava no chão, com a cabeça apoiada nos joelhos, a mãe havia se levantado da cama, e envolveu a filha em um abraço longo e silencioso, a primeira vez que a mulher saía da cama por vontade própria.

- Desculpa, querida... eu sou uma péssima mãe, eu não sou forte o suficiente, esqueci que você ainda é uma criança... me perdoa, você tem razão, eu vou tentar voltar a ser a sua mãe, farei o possível e o impossível para voltar a ser a mãe que você conheceu, eu prometo que não vou mais te deixar sozinha... - a mulher falou com a voz chorosa, algumas lágrimas escorriam de seu rosto, mas ela estava segurando por sua filha.

Ana Júlia chorou ainda mais, mas dessa vez de emoção, ela estava tão feliz por sua mãe ter percebido que ela precisava dela. - Mãe... eu te amo muito, me desculpa também, eu não deveria ter dito todas essas coisas assim...

- Não, você não tem que se desculpar, você está certa em tudo... eu te deixei sozinha e nunca me esforcei para melhorar, você não consegue lidar com tudo sozinha, e nem deveria também, eu sou uma mãe horrível, eu que peço desculpas.

- Eu vou te ajudar a sair dessa escuridão, juntas podemos voltar a ser uma família, o que acha de procurar uma ajuda profissional?

- Claro meu anjo, acho que já passou da hora... eu também te amo muito Ana Júlia, você é uma garota tão boa... sinto tanto por tudo.