‣ Capítulo quatro

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— Anna

Fevereiro de 2022

— Tem certeza de que está bem? — Melissa disse colocando a cabeça para fora do carro.

— Tenho, Mel. Vou conversar com ela sobre isso e tudo vai ficar bem.

Se despediram mais uma vez e Anna esperou até perder o carro de vista. Respirou fundo e entrou em casa decidida em ter uma conversa complicada com sua criança.

Foi andando com calma até o quarto da pequena e lá a encontrou brincando com seus Legos coloridos, os preferidos dela.

— Posso brincar com você?

— Pode. Eu estou construindo uma casa amarela. Você pode construir uma da cor que quiser.

— Tudo bem — Anna sorriu

— Menos amarela — Completou Vic

Em poucos minutos, Anna introduziu o assunto, passando a mensagem que queria deixar com a filha.

— Sabe, minha querida, existem coisas na vida que não podem ser compradas com dinheiro — começou Anna, escolhendo cuidadosamente suas palavras. — Um pai não é um presente material, como um brinquedo novo. Ele é alguém especial, uma presença amorosa e significativa em nossa vida. Ele está lá para nos ensinar, nos proteger e nos apoiar em todos os momentos.

Vic a olhava atenta:

— Entendo que você gostaria de ter um pai assim como muitas outras crianças têm — continuou Anna, segurando a mão da filha. — Mas é importante entender que, às vezes, as coisas simplesmente não acontecem da maneira que desejamos, e isso pode ser difícil de aceitar. Quero que saiba que eu estou aqui por você, sempre. E que mesmo que não tenha um pai aqui, temos muito amor e carinho.

A pequena assentiu, parecendo entender cada palavra, então sua mãe acariciou suavemente seu rosto e depositou um beijo em sua testa.

• • •

Na manhã seguinte, uma planta completamente desconhecida capturou a atenção de Anna enquanto ela passava em frente à floricultura. Ela gentilmente afastou suas ondas de cabelo que caíam sobre o rosto e permitiu-se o privilégio de parar e apreciar sua beleza. Sem dúvida, voltaria mais tarde para levá-la para casa.

Por um momento, a ondulada considerou entrar na loja e reservar a planta, mas o som irritante de seu relógio a lembrou de que não havia tempo para isso.

Anna cruzou os dedos, esperando que a planta estivesse no mesmo lugar quando voltasse ao final do dia. Imaginou ela e Vic cuidando da planta juntas, enquanto ouviam suas músicas infantis favoritas, como costumavam fazer quase todos os dias.

O alívio tomou conta quando viu a bela planta exatamente onde estava pela manhã. Ela soltou uma longa expiração de alívio, expressando sua gratidão silenciosa. Nesse momento, um senhor simpático se aproximou ao seu lado e disse:

— Essa está linda, não é?

— A mais linda de todas.

— E aí, Sr. Lucas?! — Um engravatado de olhos verdes o cumprimentou se aproximando.

— Léo! Que bom te ver novamente.

— Igualmente. Vim buscar essa belezinha aqui — Apontou para a planta.

— Com licença — Anna interrompeu a conversa deixando claro sua intenção — Eu cheguei primeiro e vou levá-la.

— Eu vou levá-la. Eu a reservei hoje cedo.

— Hã... Léo, lembra que eu te disse que não reservo plantas? — Sr. Lucas disse educado — A moça chegou primeiro.

— O senhor não teria outra disponível? Assim, eu poderia levar essa e ele poderia ficar com a outra.

Anna viu o homem espremendo os olhos verdes de raiva. Ela estava se divertindo em vê-lo nesse estado.

— Sr. Lucas, me diga quanto custa e eu pagarei mais — Léo sorriu vencedor.

Anna abriu a boca em um "O" sem nem perceber. Sentiu seu divertimento transformar-se em raiva diante da atitude mesquinha e fútil dele.

Sr. Lucas olhava para um e para o outro, sem saber se entregava a planta para a garota pelo preço normal, ou se faria um valor maior para Léo — uns trocados a mais cairiam bem hoje.

— E então, Sr. Lucas, o que vai preferir? — Anna cruzou os braços.

O rosto do senhor passou da tonalidade pálida para vermelha. Ele abriu o melhor sorriso de desculpas para Anna, que entendeu o recado.

— Espero que sua planta morra antes mesmo de você chegar em casa — Disse furiosa e seguiu seu caminho.

• • •

‣ Nota da autora: 

kkkkkkkk rindo, mas com um ódiozinho do Léo. Que encontro foi esse, hein? 

A Anna é quase sempre tranquila se relacionando com as pessoas, mas, gente... não pisem no calo dela, que ela pode mostrar seu lado bocuda. Para a má sorte do Léo, esse foi o primeiro traço que ele pôde conhecer da nossa ondulada kkkkk.

(Mas bem feito tbm, ninguém mandou ser um estúpido!)

Ah, e como o combinado, amanhã é domingo, então vou postar mais dois capítulos.

Curtam e comentem! Beijosss.


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