‣ Capítulo cinco

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— Léo

Fevereiro de 2022

Léo ficou encantado com uma planta que viu no caminho para o trabalho naquela manhã. Assim que seus olhos verdes pousaram sobre ela, ele não hesitou em entrar na floricultura e implorou ao Sr. Lucas que a reservasse para ele. Apesar de não ter recebido nenhuma garantia de que a planta estaria disponível ao final do dia, Léo estava determinado a levá-la para casa.

Após o expediente, ele seguiu diretamente para a floricultura, ansioso para buscá-la. Ele precisava ter aquela planta no jardim de sua mãe, e certamente seria a preferida dela, se ainda estivesse presente.

E ele a conseguiu.

Depois da breve discussão com a mulher dos cabelos ondulados, Léo finalmente chegou em casa se equilibrando com o vaso da planta e sua maleta do trabalho. Felicidade era a palavra que melhor poderia descrevê-lo naquele momento.

— Quer ajuda aí?

— Que susto, garota! Não sabia que você estava aqui.

May riu atravessando a enorme sala, para ajudar o irmão a se livrar do peso nas mãos.

— Cheguei hoje à tarde e queria fazer uma surpresa pro papai.

— Bem, já te adianto que a surpresa vai ser sua se conseguir o encontrar em casa. Você fica até quando?

— Vou ficar até resolver alguns negócios por aqui, o que deve levar em torno de duas semanas. Confesso que gostaria de passar todo o inverno canadense aqui, mas o trabalho não permite — Deu de ombros.

— Vida de adulto é um saco. — Léo disse — Quer me ajudar a plantar essa coisa linda no jardim?

— Posso deixar o trabalho com você e apenas fazer companhia?

— É melhor mesmo, você faz muita bagunça.

May mostrou seu dedo do meio, rindo para o caçula.

Léo pegou as ferramentas de jardinagem, e se dirigiu até o lugar onde a planta ficaria. Cavou um buraco e a transferiu para a terra já preparada.

— Você tem uma história para essa também? Por exemplo, aquela ali — apontou para a planta com folhas rosadas — você roubou da vizinha quando ela contou para o papai da festa que você deu escondido. Aquela ali, você trouxe da fazenda do nosso avô, enquanto papai te xingava o caminho inteiro por sujar todo o carro. E essa, qual é a história?

— Hm... — Resmungou pensativo — Bom, eu tive que brigar por ela.

— Como assim, brigar?

— Eu a vi exposta na floricultura hoje de manhã e avisei ao Sr. Lucas que a compraria na volta. Mas quando voltei no final do dia, tinha uma mulher pronta para comprá-la — Léo revirou os olhos ao lembrar de Anna. — Discutimos sobre quem a levaria para casa, e, para encerrar a briga, eu disse que pagaria mais. O resto você já sabe — falou acariciando as folhas verdes. — A moça ficou muito brava. Até disse que queria que a planta morresse antes que eu chegasse em casa.

Com as sobrancelhas erguidas, May o questionou:

— Você não acha que agiu como um riquinho mimado por ter oferecido mais dinheiro? Digo, porque ela chegou primeiro, certo?

— Ah, não comece, May! Eu vi a planta primeiro.

— Mas você não pode afirmar isso. Além disso, ela não estava reservada para você. Estava?

Léo não respondeu nada, pois sua cabeça trabalhava fervorosamente, relembrando o que aconteceu mais cedo. E sim, May tinha um pouco de razão. Ele percebeu ter soado meio tolo.

Seu pensamento então se voltou para o motivo pelo qual a moça queria tanto a planta. Seria apenas por gostar dela ou haveria uma motivação mais profunda, assim como a dele?

— Ei! — May estalou os dedos — Você é estranho. — Completou depois de ter recuperado a atenção do irmão.

— O que foi?

— Você parecia uma estátua olhando um ponto fixo. Estava pensando em quê?

— Nessa moça.

— Hm, quer me contar mais enquanto preparamos o jantar?

— Não é nada demais. Na verdade, quero saber mais sobre sua vinda para cá.

Léo guardou as ferramentas e, junto à May, seguiu para a cozinha.


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