𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 3: A ruína.

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50 anos se passaram, já havíamos completado nossos 70 anos, mas por conta de sermos elfas, não se notava diferença em nossa aparência, ao decorrer de todos esses anos, as invasões foram aumentando periodicamente, e nós continuamos a defender a vila, chegou um momento em que as invasões aumentaram tanto que nós nem ficávamos mais na vila, os humanos da vila partiam a cada dia, o tempo é realmente cruel com os humanos, os novos grupos de humanos daquela vila, filhos e netos dos antigos, começaram a construir boatos sobre nós, pois nunca haviam nos visto, quando passamos pela vila novamente presenciamos estátuas nossas no centro da vila, visitamos no meio da noite, então não havia ninguém acordado a essa hora, as estátuas haviam ficado estranhamente fiéis a nossa aparência, pensamos que algum habitante da vila que havia passado tempo conosco havia nos descrito para os escultores, no pé das estátuas haviam nossos nomes escritos e embaixo deles estava escrito: "uma homenagem as deusas élficas protetoras da clareira", sermos chamadas de deusas foi algo estranho mas até que era compreensível já que nós não passávamos de lendas para os descendentes dos antigos habitantes da vila, nós continuamos sem nos mostrar para todos pois as invasões continuaram todos os dias e nós continuamos protegendo a vila todos os dias.

Até que um dia nós saímos da vila para restaurar nossos arcos que já estavam apresentando falhas por conta do tempo de uso, enquanto estávamos na cidade fazendo compras e restaurando os arcos, ouvimos alguns habitantes dizendo que um grupo de lenhadores e caçadores estavam a caminho da floresta, provavelmente para derrubar as árvores, os habitantes daquela cidade pareciam indiferentes quanto a isso, quando ficamos sabendo disso fomos em disparada para a floresta impedir a invasão, mas ao chegarmos lá, era tarde demais, a floresta se encontrava em chamas e os gritos ecoavam de dentro para fora da floresta, adentramos a floresta rapidamente, e quando chegamos lá não haviam apenas lenhadores e caçadores, haviam magos e assassinos, foi uma cena horrível, os assassinos matavam os habitantes a sangue frio, os magos queimavam a floresta e sugavam a magia da clareira, como um impulso de ódio, partimos pra cima deles e começamos a lutar, matando um por um daqueles assassinos e magos, até que só sobrou um único mago que nos encarou como se estivesse disposto a nos matar ali mesmo, nós nos preparamos puxamos nossas flechas e quando íamos dar o golpe de misericórdia naquele maldito mago, uma criatura cai do céu bem na nossa frente tomando todas as flechas, mas parecia que não havia tido nenhum efeito, aquele monstro era forte o suficiente para aguentar nossas flechas mágicas mais poderosas, lutamos incessantemente contra o monstro mas nada parecia fazer efeito nele, enquanto isso aquele mago drenava poder da clareira e a cada gota de magia que ele drenava o monstro ficava mais forte e mais rápido, muitas horas se passaram de luta até que o mago disse que havia se cansado de nós, e disse que ia acabar conosco no próximo ataque, o mago encostou no monstro e ele começou a crescer cada vez mais, ficando até mesmo maior que as árvores da floresta que ainda restavam, nós lutamos com o nosso sangue e alma mas nada parecia ter efeito sobre ele, foi aí que tudo começou a dar errado.

Aqua parou de se mover e começou a canalizar uma magia extremamente forte, que até mesmo nós sentíamos que era perigoso, quando ela ia disparar aquela magia o monstro virou para ela e disparou um raio de luz de sua boca que acertou Aqua em cheio, quando nós presenciamos aquela cena da nossa irmã mais nova caindo no chão com um buraco em seu peito e com os olhos brancos e uma expressão de terror em seu rosto, todas nós tivemos um gatilho e sabíamos que tínhamos que matar aquele monstro ali mesmo, Aira, tomada pelo ódio pela morte da nossa irmã Aqua, olhou para Akemi e eu como se dissesse para tomarmos cuidado, o peito de Aira começou a brilhar em branco, bem como seus olhos, o monstro e o mago encima dele pareciam se sentir ameaçados pela presença de Aira, ela parecia um anjo naquele momento, mas quando nós menos esperávamos, como uma ação de desespero e prevenção, o monstro disparou outro raio de luz de sua boca pegando diretamente no olho direito de Aira, fazendo com que ela caísse no chão ajoelhada em nossa frente e chorando, usando suas últimas energias para pedir desculpas por não fazer o papel de irmã mais velha de proteger as mais novas, eu e Akemi ficamos completamente abaladas por termos perdido nossas duas irmãs, mas nós não podíamos desistir, fomos para cima do monstro e identificamos algo que parecia frágil nele, em seu peito havia um tipo de núcleo de magia que parecia dar vida àquele monstro, com apenas um olhar nós já sabíamos o que fazer, disparamos duas flechas mágicas diretamente no núcleo do monstro, fazendo com que ele perdesse toda sua magia e desaparecesse em cinzas, o mago, furioso por termos derrotado o monstro, desembainhou uma katana e fez um corte em sua própria mão, após isso perguntou o nome de Akemi, o maior erro dela foi ter respondido esta pergunta.

Ele escreveu com seu próprio sangue o nome de Akemi na espada e quando ele terminou de escrever, ela ficou completamente paralisada, sem conseguir realizar nenhum movimento, o mago que mais parecia um assassino, foi correndo em direção à ela em uma velocidade tão alta que eu nem mesmo consegui acompanha-lo, e em um piscar de olhos, aquela espada estava brilhando em vermelho com o sangue de Akemi e ela estava sem seus dois braços e com um corte profundo em seu peito, o olhar em seu rosto era de desespero, ela olhou para mim como se ordenasse que eu corresse para longe dali, mas eu não podia, por mais que minha alma estivesse tomada pelo medo e pela tristeza, meu corpo se movia sozinho em direção ao assassino de minhas irmãs, e com lágrimas nos olhos, todo o meu poder se concentrou em apenas um ataque, eu estava fazendo tudo inconscientemente, vinhas cresceram do chão e prenderam o homem ao solo, meu peito e meus olhos começaram a brilhar em verde, como os de Aira, o homem começou a ser sufocado pelas vinhas venenosas e a última visão dele foi uma chuva de flechas mágicas vindo em sua direção, seus olhos diziam que ele não queria morrer, mas meu corpo não pensou nem por um milésimo de segundo em poupar aquele maldito assassino, depois que eu recobrei a consciência do meu corpo e vi o homem morto no chão com seu corpo perfurado por inúmeras flechas e um olhar de medo genuíno em seu rosto, senti que havia cumprido meu dever, mas ao me virar para trás eu vi o corpo de minhas irmãs todas mortas sob aquela poça de sangue, eu caminhei em direção a elas, e abracei os corpos já sem vida de todas, chorando como uma criança sem rumo neste mundo, e o que mais me doía era ver que minha irmã Akemi havia deixado este mundo com um sorriso em seu rosto, neste momento eu lembrei do que o ancião e nossa mãe haviam dito, tentei expressar um sorriso, mas eu era incapaz, minha alma e meu coração apertavam por saber que eu nunca mais poderia ver minhas irmãs novamente, sem energia nenhuma restante em meu corpo, eu desmaiei, naquele dia, nós quatro morremos, mas foi o coração delas que parou de bater.

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