A 5 anos...
— Qual é Madden, nós temos que ir, vai toda galera da minha escola, não vou ter 16 anos pra sempre.
Estou sentada na janela do quarto dele, esperando ele concordar e fingindo que não sei que se eu for, ele vai me seguir. Qual é eu não sou boba. Meu pai não me criou para um não.
— Sou muito velho para isso, e não é algo que eu queira fazer tavi. E Della vai vir até aqui.
Meu coração aperta.
Della é sua garota atual, elas se jogam na frente dele, não que ele ligue muito. Madden tem a personalidade de um monge.
Mas também não as recusa.
Olho para ele, está sentado na cama com o caderno de desenho no colo. As roupas sociais me fazer levantar os lábios involuntariamente.
Ele já está com 21, mas nunca me tratou como uma criança, sempre fomos próximos, ele não é tão aberto com ninguém, igual é comigo. Mas quando completei 16 anos, as coisas começaram a mudar, principalmente para mim, os rapazes me chamavam para sair, ir ao cinema, nas festas quando eu dançava, e alguém se aproximava, eu.. eu só não conseguia querer essa atenção deles, mas Madden tinha tudo de mim.
Eu o achava nos seus esconderijos segredos, e fugia para deitar com ele em dias de festa dos nossos pais, estudávamos na Sala Carfax, aonde procuramos pela pista a alguns anos atrás, compartilhávamos tudo, Madden era diferente... mas isso é o melhor dele. Pena que ele não pensa o mesmo.
— Então eu vou mesmo assim, te mando uma mensagem de como foi, vê se não fica só no quarto. E manda um beijo pra Della.
Pulo no chão, e vou até ele. Beijo sua bochecha do jeito que ele mais odeia, e ele solta um grunido.
— Tavi, só se cuida tá?
Pulo de volta da cama, e sigo para porta.
— Eu sei me cuidar Madden, não sei se notou mas... já sou bem grandinha.
E pisquei para ele.
Ele que lide com isso. Passando pelo quarto da sua irmã, dou dos socos na porta e grito.
— Bora garota, vamos tocar o terror.
É assim que as palavras saem da minha boca, vejo Kai, pai deles, subindo as escadas com a boca aberta. Aí droga.
— Que história é essa de tocar o terror Octávia? Achei que era uma festa da escola.
Seu rosto vai ficando sério, e puta merda, queria que meu pai me salvasse nesse momento.
— Claro que é, estava brincando. Sabe como é ne, repetimos tudo que os adultos falam.
Mentira, vamos pro porão, o que tenho certeza que Kai não acharia seguro. Mas que se dane, meu pai liberou.
— Madden vai com você, então fiquem perto dele.
— ele não vai, vai receber visitas
Tento deixar o ciúme de lado, que merda está rolando comigo. Não devia me afetar.
Kai franze o cenho, sei que não esperava que Madden não me seguisse.
Bem vindo ao clube tio. Eu também não.Pedimos para o motorista parar longe da entrada, ajeitamos as roupas, o lugar está lotado, a porta fica na lateral de um túnel, e o local é totalmente escuro. E sinto o sangue pulsar em mim.
Eu amo essa sensação de descobertas
Jett está de salto, então fico do seu lado para que ela não quebre o pescoço com esse troço, está de vestido justo, e uma jaqueta por cima, ela é linda.
Mas, nossos estilos são bem diferentes, olho para meu top justo, minha calça preta larga que se enfia no meio dos meus Tenis, deixei meu cabelo solto, mas uso duas argolas e correntes para deixar o look preto mais feminino, me sinto confortável. Aliás, meu objetivo é dançar.
Entramos no túnel, e seguimos o ritmo pulsante que fazem as paredes tremerem, o hip hop estralando os tímpanos.
Hora do show tavi
Passamos por dois rapazes na porta, eles olham de jett para mim.
— Qual a idade de vocês?
Me aproximo dele, e ele prende a respiração. O que me faz abrir um sorriso enorme.
— o suficiente.
É tudo que preciso dizer para ele abrir espaço para passarmos, vou direto para pista. Jett me puxa de leve pela mão.
— Minhas colegas estão ali,vou te esperar na mesa delas.
Aceno com a cabeça em concordância, e me aproximo o máximo do centro da pista.
A música muda e "trance" começa a tocar alto, eu fecho os olhos e danço.
Minha mãe é uma dançarina profissional, da aulas até hoje, mas não dançamos os mesmo ritmos, mas ela me ensinou como me soltar, e é isso que faço. É isso que mais quero fazer. Não quero glamour, ou uma profissão chic. Quero poder fechar os olhos e rebolar os quadris, de uma maneira que me fazem respirar.
Danço por horas, ou minutos,não sei, só me perco totalmente.
Assim que vai terminando mais uma música, abro os olhos para avistar a mesa das meninas, aonde elas se meteram?
Alguém se aproxima do meu ouvido por traz e sussurra, em uma voz rouca.
— Já pensou em subir lá em cima? Tenho certeza que todos os homens desse lugar iriam parar para te ver. Inclusive eu.
Me viro me afastando discretamente, para avaliar o garoto. Que na verdade, de garoto não tem nada, é um homem formado, corpulento, alto, cabelo comprido, as calças largas e o Tenis me fazem sorrir. Temos o mesmo estilo cara.
— Se eu quiser um show, eu sei o que fazer. Mas Obrigada.
Passo por ele desviando para não encostar nele, mas ele é mais rápido e bloqueia minha passagem, juntando o rosto bem próximo do meu.
— Você está na minha área, que tal o show ser em particular, só para mim?
Algo em sua voz me incomoda, ele é bem bonito, mas não gosto de ser encurralada.
— sua área?
Dou uma risada sarcástica. E complemento lentamente.
— Meus pais e tios mandam nessa cidade meu bem. E sobre o show particular... tem outras coisas que sei fazer. Tipo.. matar.
Ele me estuda cautelosamente, é isso aí baby, eu sei lutar. Me deixa em paz porra.
Dou um sorriso, e passo tento contornar ele mais uma vez, assim que consigo, sinto suas mãos no meu pulso, forte o bastante para eu ir de encontro no seu peito.
— Acha que tenho medo dos seus papais? Essa cidade precisa de novos ares sua pirralha estúpida. Mesmo que admire todo esse corpo..
Ele vai me puxando mais ainda, e sinto cheiro de perfume barato, e a bile sobe no mesmo momento. Quando ele pensa em colocar a mão nos meus seios aparecendo no top justo, algo puxa ele pra longe.
Madden segura ele com uma mão, amassando toda sua camisa, o olhar no rosto dele está fixo no do babaca, o maxilar está marcado, mostrando que está por um fio de se perder, merda.
— Nunca mais encosta a porra da mão nela. A não ser que não queira mais ter uma, entendeu.
Os olhos dele vão saltar, de tão frios, ele não vai debater com Madden, machista do caralho.
Toco o braço de Madden para o acalmar.
— Vamos, não vale a pena. Vamos dar o fora daqui.
Ele vai relaxando aos poucos, colocando o babaca no chão, o solta.
Quando olha para mim, o cara não importa mais.
— Achei que não viesse, que bom que veio. E sua amiga?
Sério? Você quer saber isso? Burra.
— Meu pai pediu para vim ver como vocês estavam.
E lá está, como posso ser tão ingênua em, é óbvio que ele não veio me ver, não da forma que eu queria.
— entendi, desculpe estragar sua noite.
Tento deixar as palavras normais, mas saem da minha boca como se fossem amargas.
Me viro e continuo indo em direção a saída do porão, eu preciso realmente sair, jett deve estar com as amigas, eu vou dar o fora daqui.
Saindo do túnel, decido ir andando em direção ao cemitério, sempre tem alguns amigos por lá, talvez consiga fazer algo pra noite valer a pena.
Assim que me afasto o suficiente das pessoas em volta da entrada, pego a lateral para passar pelas árvores, meu pai e eu brincamos muito pela parte da floresta, e do cemitério, era como se ele não quisesse que tivéssemos medo de nada.
Escuto um amassar de folhas no chão atrás de mim, foi baixo o suficiente para saber que tem alguém tentando não ser ouvido.
Banks me ensinou que a audição pode ser sua maior é pior aliada. Os barulhos sempre nos entregam.
Sigo em frente, tentando parecer indiferente. Passando de uma árvore a outra, faço pequenas curvas, pela frente da árvore, por traz.
Sigo assim até escutar novamente.. para ali mesmo.
Me viro, e não tem nada.
Olho para os lados, para ver se o som não veio das laterais, poderia estar ao meu redor.
Dou um passo para traz para ver se algo aparece, solto um grito, quando esbarro no peito de alguém.
A mão cobre minha boca, para evitar que eu grite novamente, a outra me segura firme pela cintura para eu não me mexer.
Sinto o ar deixar meus pulmões, tento morder a mão que está na minha boca, e puxar ela para longe, mas a mão que estava na cintura me segura, com uma rapidez tão grande enlaçando as duas juntas para traz. Mais que merda.
Quando estou quase em pânico, sinto se aproximar do meu pescoço, soprando de leve por toda minha garganta, queixo, é perto o bastante para ouvir cada ruído. E planta um beijo bem ali, abaixo da orelha.
Eu fecho os olhos com força, minhas pernas tremem de leve. Estou totalmente sem reação, não consigo me mexer, mas estou excitada como nunca estive antes.
A trilha de beijos, continua, e eu já soltei e relaxo no peito atrás de mim, é alto e duro.
Quando inclino o a cabeça para o lado para dar mais acesso aos beijos. Eles param.
É aí que sinto o maldito cheiro dele. Hortelã.
Não pode ser.
— Vai deixar qualquer cara tocar em você agora?
A voz é fria, um banho de água gelada sobre os beijos quentes de segundos atrás.
Isso não pode estar acontecendo, será ?
— Eu não deixei merda nenhuma, homens acham que podem só pegar o que querem. Eu devia ter quebrado a cara dele. E a sua.
Minha resposta descontraída não muda, ele ainda está me segurando. E é como se todo resto sumisse.
— Não vou seguir por esse caminho tavi. Nunca
Isso me tira do transe.
Me viro, puxando os braços e ele me deixa sair. Saio pisando duro, ele que se foda.
eu não sou a porra de uma criança. Porque ele tem que se aproximar e afastar tão de pressa, ele nunca foi de brincar comigo.
Pego meu celular no bolso e digito enquanto me afasto.
— Que merda você se meteu tão rápido tavi?
Tenho que rir, meu pai me atende com a voz de quem já sabe que vai ter que vir me buscar.
— Só vem me buscar tá legal? Estou próximo ao cemitério.
Acho que meu tom de voz mostra que realmente não estou bem.
— 5 minutos.
E desliga.
Guardo o celular no bolso e olho para traz para ver se Madden ainda está lá.
Ele está diferente.
E está, parado me olhando fixamente, as mãos na calça social, a postura firme.
Me sinto sua próxima presa. E não gosto disso, nasci para caçar tanto quanto ele, talvez ele só precise me ver de outra forma. E eu... posso me moldar como ninguém.
Levanto a mão e dou um aceno lento, antes de levantar o canto da boca em um sorriso diabólico.
Chegou a hora de fazer jus ao meu nome.
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A blood sin
FanfictionPara você que lê romances insalubres, e acredita que amor e perdição caminham de mão dadas.