Octávia

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Dias atuais...

— Como você não consegue ver pelas câmeras, você é a prefeita dessa cidade?
Meu pai está cada vez mais puto, o cigarro que está na boca, quase caindo durante as falas.
  Estamos no gabinete da minha tia Rika, ela é prefeita a alguns anos, dando uma pausa no seu período de gestação e voltando alguns anos depois. Ela é incrível.
  — Estou dizendo que apagaram as filmagens, tem um corte no vídeo.
   Meu pai bufa alto, odiando as palavras de Rika.
— Quem teria coragem de fazer uma merda dessas nessa cidade? Uma pegadinha assim?
— Isso não foi uma brincadeira Damon, foi um aviso.
   Os dois se olham sérios, assim que saímos de casa hoje logo cedo, nos muros uma quadra a frente da nossa casa, estava escrito em verde escuro com grafite.
     
         "Vocês não controlam nada"

Sim, eu me assustei muito quando vi a parede, mas sei que meus pais fizeram diversos inimigos ao decorrer dos anos, até eu tinha alguns. Ninguém mexeria conosco. Principalmente comigo, levando em consideração meus irmãos e o pai que eu tinha.
— Eu vou dobrar as vigilâncias, e fazer algumas pesquisas, vou descobrir algo. Não temos muito que fazer, temos que esperar, não deve ser nada Damon.
   Acho que Rika falou mais para ela mesma do que para meu pai.

  Depois do susto que tivemos no início da semana, minha única preocupação é que não tive notícias nenhuma do Madden, nem sinal dele em lugar algum.
Kai apareceu para falar com meu pai, junto com Will, e estava com a cara machucada de quem levou uma surra, tentei escutar quando meu pai o questionou, mas ele só disse "treinamento". Kai as vezes é um pé no saco.
  Estou indo para o estúdio da minha mãe, ela me pediu para ajudar com uma turma de meninas de 6 anos, ela faz alguns trabalhos ensinando balé para que as crianças tenham algum contato com arte, meu pai fez seu estúdio a alguns anos, ele projetou e fez para que ela nunca deixasse de dançar. Sei que eles passam por aqui algumas vezes sozinhos, e ela dança para ele por horas... queria que alguém me admirasse assim.
   Entro pelas portas duplas, e passo pelo corredor para o vestiário, estava vazio, provavelmente elas já começaram as aulas.
Entro na sala principal, ela tem dois lustres grandes, a sala é cinza escuro, mas tem borboletas brancas e destacadas no teto. É um dos meus lugares favoritos.
  Me aproximo da minha mãe, e ela sorri assim que toco no seu braço.
— Oi Tavi que bom que você veio. Elas estavam perguntando de você.
Minha mãe da uma risadinha.
Ela sabe que não gosto das aulas clássicas, é um tédio.
— Bem que tal começarmos eim? Assim logo acaba.
Minha mãe da outra risada, e me toca no rosto.

  Fazemos uma hora de aula, revezando entre barra e coreografia. Ajudo algumas alunas mais avançadas a usarem a sapatilha de ponta. E quando a última cabeça saltitando sai pela sala. Solto um suspiro de cansaço.
— Elas dão trabalho, mas vale a pena.
Minha mãe se senta no laminado ao meu lado, tirando as sapatilhas.
— Elas são terríveis mãe.
Digo séria.
Minha mãe da uma risada e com a voz mais calma do mundo, solta a coisa que menos esperava.
— Porque você não inicia uma turma para dar aulas de dança contemporânea e hip-hop Tavi?
Eu fico sem reação, ela nunca me propôs algo assim, eles estavam esperando eu ir para faculdade, igual meus irmãos, isso gerou mais brigas que eu gostaria de lembrar em casa. Só não era para mim.
  Como não respondo, ela segue com seu ponto.
  — Você poderia escolher uma classe de adolescentes. Tenho vários horários disponíveis, e você poderia me auxiliar aqui.
— Mãe... mas eu não tenho cursos, e nem sua experiência, não sei todas as técnicas..
— Você sempre dançou com a alma Octávia, sempre achei que ia ser uma pirata, ou marinheira. Mas quando você começou a se interessar por dança, ficava na porta espiando eu dançar em casa. A dança nos escolhe, assim como nosso grupo. Você vai conseguir, eae vai tentar?
Fico emocionada na hora, isso é tudo que sempre quis fazer, dançar, e dançar algo que eu gosto.
— Que tal todas as terças e quintas?
Abro um sorriso que sei que pode iluminar essa sala.
— Esta perfeito, vou anunciar.

A blood sinOnde histórias criam vida. Descubra agora