Onde America Singer e Maxon Schreave são oferecidos em casamento um para o outro sem nunca terem se conhecido.
A fim de promover uma distração eficaz para a população que manifestava por mudanças significativas na monarquia de Illéa, o rei Clarkson...
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O jantar da família Singer permanecia silencioso naquela sexta-feira. O inverno estava chegando em Illéa e com ele, era inevitável impedir que o sentimento de insegurança se propagasse entre as cidades mais carentes do país. Aquela sensação contaminava todos que tinham um coração com sentimentos batendo dentro do peito, ainda que não sofressem condições de grande precariedade, o que era o caso dos Singer.
Illéa, um país formado por castas que eram divididas entre Um, Dois, Três, Quatro, Cinco, Seis, Sete e Oito, contava com um monarca impiedoso, que negligenciava os problemas que a grande população sofria. Era exaustivo viver em um país tão difícil como aquele e foi provavelmente por esse motivo que Shalom Singer decidiu ser um Cinco politicamente ativo. Depois que foi eleito como Chefe Provincial de Carolina, onde morava com sua família, agarrou todas as oportunidades de melhores condições de vida, moradia, educação e saúde para os menos favorecidos, mais precisamente os membros das castas Seis, Sete e principalmente a Oito. O seu novo projeto era a dissolução dessas castas que propagavam a desigualdade entre os cidadãos de Illéa. Shalom Singer possuía grandes ideias, o mais difícil era ter o apoio necessário entre os outros chefes para que elas fossem levadas ao rei e concretizadas.
— America, querida, o que está achando do ensopado?
America, que era a filha do meio de Shalom, levantou a cabeça assustada com o início da conversa repentina na mesa de jantar. Seus olhos azuis se estreitaram em suspeita, mas ainda assim ela abriu um sorriso sincero.
— Está muito bom. — Ela deu de ombros. — Deve ter sido porque eu mesma fiz.
America abafou uma risada ao observar que o pai falhara em tentar começar uma conversa amistosa. Ela entendia o que ele estava fazendo, acalmar os ânimos e fingir alegria ao discutir amenidades era sempre o que eles faziam quando as coisas não estavam indo muito bem, o que infelizmente se tornou comum naquela casa. Apesar do seu trabalho como Chefe Provincial, o dinheiro que entrava ainda não era suficiente para uma vida tão confortável e as apresentações de música que ela fazia com a mãe e a irmã mais nova, May, também não andavam muito lucrativas. Gerad, o caçula, ainda muito novo para o trabalho, passava o dia em uma escola integral e seus dois irmãos mais velhos, Kenna e Kota, já haviam saído de casa. Eles enfrentavam dificuldades, mas permaneciam unidos e isso era a única coisa que importava.
— Eu preciso contar sobre algo que foi discutido no meu trabalho hoje. — O pai voltou a falar, dessa vez o seu semblante era sério.
America se remexeu na cadeira, sempre ficava ansiosa quando seu pai falava sobre o trabalho. Ela esperava por alguma mudança desde que entendeu que a vida não era justa para todos, o que fazia muito tempo.
— Diga logo, Shalom. — Magda, a mãe de America, sacudiu as mãos inquieta. — O que foi discutido?
— Algumas manifestações estão acontecendo nas províncias do norte do país.
