1 • Início do fim

194 19 4
                                    


A consciência ia dominando o corpo vazio jogado ao monturo úmido e fétido. O ecoar de marteladas em ferro juntava-se ao sonido de uma goteira irritante, infelizmente ainda estava viva, infelizmente teria que suportar mais um dia consigo e sua mente que clamava pela morte eminente. Arrasou-se pelo chão de pedra até o veio na parede de onde a goteira brotava, pousou a mão tentando recolher uma quantidade significante mais só foi o suficiente para molhar a boca. Reclinou o corpo para trás deixando as costas encostarem nas paredes frias e úmidas, os pés ficaram próximos a uma poça de água parada que já estava ali antes do que ela. O líquido insalubre molhava seus pés, a pele da jovem antes viçosa e macia agora se encontrava escamosa, cheia de feridas e ela talvez se perguntasse que cor era antes de ganhar aquele acinzentado grosseiro. O silêncio de seus pensamentos foi cortado por barulho de trincos se abrindo, o pânico já não a dominava, levantou o olhar apático e começou a cantarolar uma canção que a fazia lembrar de sua infância. O pouco feixe de luz incomodou seus olhos, os apertou evitando o contato direto, os passos na escuridão ficaram mais alto e ela sabia que não estava mais sozinha no seu mausoléu.

- Levante-se imunda! - A voz grave bradou.

Nenhuma palavra saiu da boca de Hermione. Não se lembrava qual foi a última vez que pronunciou algo, não tinha motivos para falar, o máximo que balbuciava eram melodias melancólicas de canções antigas.

- Isso é uma ordem! - O homem se aproximou de forma bruta tentando alcançar seu pescoço.

Hermione levantou o olhar vazio, era quase como se aquela cena fosse entediante para a mesma.

- Vadia imunda! - Urrou esbofeteando o lado direito do rosto de Hermione.

- Greyback! O lorde disse para manter a garota viva! - Um outro homem gritou entrando na masmorra.

Hermione se esforçou para cuspir o sangue em sua boca, o esforço inválido só teve efeito para espalhar o sangue e a saliva em seu rosto.

- Eu já disse a você... Me obedeça e seja submissa a mim... - O lobisomem sussurrou passando a mão absurdamente grande pelas coxas desnudas de Hermione.

A garota não expressava emoção, parecia um cadáver.

- Nós não temos muito tempo! Faça o que quiser pois temos que partir ainda hoje! - O outro homem sem paciência disse saindo da masmorra.

- Agora somos só eu e você... - Greyback disse sorrindo perverso.

Uma parte do inferno de Hermione Granger iniciará ali, no início era relutante! Gritava, chorava e clamava para que quem quer que fosse parasse de invadir seu corpo e toca-la de forma nojenta. Ela soube com o tempo que aquilo só atiçava os instintos sórdidos e a sede de caçada daqueles demônios. Agora agia como um cadáver, seu corpo frio e sem vida os deixavam frustrados, sua quietude e indiferença não havia graça. Aos poucos os muitos sumiram mais sempre havia um ou outro infeliz que insistia em toca-la como se fosse um prêmio para as trevas. Fenrir Greyback era um desses, um dos mais perversos, tinha sede, já que não podia morde-la e transforma-la em um de seus cães ele se aproveitava como um bicho e a dizia ser horrenda, gostava de declarar que aquilo era apenas para ver sua humilhação e ruína. Quando terminava saía cuspindo e se limpando batendo as vestes e deixando para trás o cadáver que um dia pertencerá a valente Hermione Granger.

O corpo, o fragmento do que um dia foi alguém permanecerá jogado no chão de pedra. Quem quer que encontrasse declamaria morte imediata, o olhar fixo, vazio, prendia-se a uma teia de aranha presa ao teto. Sussurrava uma melodia, essa era nova, lembrava de uma época em que os campos quentes de girassóis, ilustração de uma paisagem linda de uma de suas férias em família. Família essa que já não existia mais, todos, todos se foram.

O silêncio se fez presente novamente. fechou os olhos e desejou que um sono tão profundo a atingisse e nunca mais voltasse aquela realidade.

Algum tempo então se passou. Não se sabe ao certo já que não tinha mais controle do espaço-tempo, houve outro barulho e as trancas novamente foram abertas. Dessa vez uma velha corcunda que mal se aguentava nas próprias pernas surgiu carregando uma caneca de ferro, aproximou com desconfiança e deixou o objeto ao lado do corpo.

- Pobre menina... Maldita guerra, maldita seja... - A velha choramingou

Hermione se mexeu. A velha arregalou os olhos e saiu mais depressa do que podia aguentar levando em consideração sua anatomia. Esticou o braço esquelético e pegou a caneca, olhou o conteúdo verde dentro e sem pensar virou tudo em sua boca. Aquela deveria ser sua primeira refeição em uma semana. Sentiu o conteúdo cair como pedra em seu estômago frágil e disfuncional, o conteúdo quis voltar, porém a garota se obrigou a engolir e mantê-lo ali por mais tempo. De repente estampidos foram ouvidos, aquilo doeu em seus tímpanos como se estivesse perdendo toda audição. Um, dois, cinco estrondos parecendo trovões ecoaram, as paredes tremeram.

Mais impactos foram sentidos. O chão também tremerá, a garota se arrastou para o meio da masmorra. Alguns gritos foram ouvidos, femininos em sua maioria. Cada vez mais a estrutura tremia, o soar das trancas destravando a alertou. A grande porta de ferro veio ao chão, a luz invadiu o local; Dor.

Hermione levou alguns minutos até entender que não havia mais nada a separando do lado externo, se arrastou até a entrada e viu alguns correndo, escutou vozes alarmadas.

- Temos cinco minutos até tudo ir ao chão! - Um homem dizia urgente.

- Resta alguém? - Uma mulher perguntou.

- Não senhora, não vimos mais ninguém... vivo... - Respondeu com a voz cortante

- Vamos, eles não vão demorar! Não podemos ser rastreados novamente! - Os dois saíram correndo para longe das masmorras.

- Por... Favor... a..qui... - O sussurro saiu da boca de Hermione como uma brisa. - Não... Não vão... eu... Ainda... - A garota tentava levantar sem sucesso.

Outros passos soaram, antes apressados foram parando lentamente.

- Quem está aí! - O grito estrondou.

- Aqui... - Hermione conseguiu lançar seu corpo para fora da masmorra.

Tudo escureceu. Talvez aquele havia sido o fim, esse era o objetivo de Deus para si?

"Aguente firme"
"Falta pouco!"

"Resista, resista!"

O corpo era arrastado para fora daquela mansão. O olhar desfocado sofria com a recepção de luz e cores, estava apoiada no ombro de alguém, não conseguia identificar. Mais já ouvirá aquela voz, deixou a cabeça repousar próximo ao pescoço daquele ser que a carregava e a escuridão engoliu seus pensamentos.

•••

N/A: A quanto tempo não é mesmo? Obrigada por estar aqui! Por favor favorite este capítulo e comente para que eu entenda que está gostando da história, nos vemos em breve! 🖤

Human • Dramione Onde histórias criam vida. Descubra agora