𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟮

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Aya definitivamente não aguentava mais o ensino médio.

Ver cálculos e mais fórmulas e cálculos de novo, fizeram sua cabeça propícia para tagarelar sobre história, simplesmente fritar. Ela não podia deixar de querer gritar a qualquer momento e rasgar qualquer atividade que tivesse em sua frente, e como se não bastasse sua ida à loucura, começou a detestar Megumi um pouco, porque ele era um fodido sádico.

Ele não estava brincando quando disse que não iria mais ceder aos caprichos dela. O garoto era um espécime de ditador adolescente, cheios de regras e padrões a serem estabelecidos.

O programa de auxiliares alunos fora criado no intuito de incentivar o estudo de uma maneira mais divertida, criando assim o método aonde alunos exemplares ajudavam aqueles com o desempenho baixo. Mas Aya estava começando a achar que ela estava no fundo do poço, tão fodida que só de se olhar no espelho conseguia presenciar o caco que ela estava e Megumi estava no topo da cadeia pronto para afundá-la ainda mais.

Três semanas nervosas passaram-se tão rapidamente que os dias mal foram computados em sua mente, passava uma grande parte de seu dia ao lado de seu amigo desgraçado e ranzinza, porém, estupidamente bonito e que se esforçava muito para vê-la avançar na escola. Às vezes parecia que Megumi ficava mais feliz com as conquistas de Aya do que ela mesma, ela ainda se achava burra, mesmo tendo evoluído e, para ser honesta, isso não era culpa do garoto, era algo dela e deveria ser mais agradecida.

Fushiguro passava horas curvado sobre os livros junto com Aya e, mesmo impaciente ou aparentemente cansado, ele explicava quantas vezes fossem necessárias para Aya entender, e quando a garota aprendia, ele soltava um suspiro tão grande de alívio que até Aya tornava-se mais leve.

A quantidade quase obscena de tempo que passavam juntos estava tornando boatos sobre os dois cada vez mais intensos, mas Aya estava caminhando ao entendimento e começando a não ligar para absolutamente nada do que dissessem, antes a garota fingia que não se importava, agora estava sendo uma verdade. Passaram nos corredores juntos e escutaram risadinhas ou burburinhos? Fechava a cara e se transformava em uma versão feminina de Megumi. Ouviu uma mentira sobre os dois? Fingia que não escutou, ignorava-os e pensava que ambos não eram tão importantes para as pessoas se lembrarem pra sempre.

Era mais fácil lidar com os olhares quando havia uma pessoa tão mal falada quanto ela ao seu lado.

Almoçavam todos juntos agora e todos, inclusive Mahina, aproximaram-se de Fushiguro e seus irmãos. Costumavam ir nas quartas-feiras e sextas-feiras até a sorveteria favorita deles, agora a favorita de Megumi graças a Aya, que fazia questão de sempre pedir por ele, porque aparentemente a garota já havia provado todos os sabores e sabia exatamente quais seriam aqueles que o garoto ranzinza iria gostar.

Era sexta-feira e o último dia da semana de provas, Aya fez tantas avaliações que jurou por Deus que se tivesse que escrever seu nome mais um vez, ela iria ser presa por gastar seu réu primário.

A semana fora uma correria, Megumi apenas a ligava de chamada de vídeo por duas horinhas no final da tarde para ajudá-la nos estudos, pois ele também precisava estudar para a prova, então consequentemente se viram menos naquela semana e Aya estava estranhamente incomodada com isso, estava tão acostumada com ele ao seu lado que quando não estava, fazia falta.

Os primeiros dias foram história da arte e história do Oriente, linguagens e geografia, e Aya tinha absoluta certeza que havia se saído bem, ela sempre fora boa em história, seu pai priorizou na infância um ótimo estudo de linguagens, e geografia, por mais que não gostasse tanto assim, gostava da professora então consequentemente prestava atenção nas aulas delas.

Mas nos últimos dias foram química, fisica, biologia e matemática e Aya cogitou, vezes demais para ser considerado saudável, se jogar da janela e desistir ali mesmo. Estava insegura, era a primeira vez desde que fizera o trato com o senhor Yaga que iria mostrar sua evolução, estava com medo de falhar, medo de escutar que não fez o suficiente.

𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒, megumi fushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora